domingo, 14 de novembro de 2010

Aniversário

Uma década.

Completada.

Uma vida, só iniciada.

Duma flor, só uma pétala.



Dez anos, tanta coisa para contar.

Tantas voltas a vida deu.

Para mim és só meu.

Uma vida a despontar.



Estou longe, muito longe…

Quem dera aí estar,

Poder te abraçar



Estou longe, muito longe…

Em África, nesta imensidão

Mas sei que estás, junto ao meu coração!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

S. Martinho

Tão longe que está, o S. Martinho pois claro. De frio nem novas nem mandadas. Por aqui ainda no período pré-stress, que antecede o início “a sério” de cada obra. O assunto primevo que nos une continua a ser gastronómico. Como encaixar um grupo de brasileiros e portugueses numa cozinha francesa, feita por um “chef” maliano? Os mais velhos nestas artes de trota-mundos vão aportando a água ao moinho. Aqui o Carlão tomou em mãos a árdua tarefa de mostrar aos franceses que em matéria bucal, se gostos não se discutem, pelo menos modificam-se e educam-se. Temos então uma cozinha em lenta adaptação ao famoso churrasco brasileiro. Onde até ao momento a tarefa tropeçou foi na aquisição do famoso feijão, algo distante destas paragens. A minha horta terá de esperar pela conclusão do estaleiro, pois por enquanto não há “condição”.


Os mosquitos continuam sem dar tréguas, a esta hora tenho mais furos que rede de pesca. O jardim do hotel é varrido todos os dias, pois as enormes árvores que compõem todo o complexo largam mais folhas que impostos os portugueses irão entregar ao “Grande Timoneiro” no próximo ano… A verdura e a relva são regadas todos os dias. É bonito ver como um pouco de ordem continua a fazer diferença neste mundo, conseguindo tornar aprazível um local que parece ter caído de outro planeta, tal a diferença para tudo o que nos rodeia…

Quem vem aqui caçar, tem garantida a possibilidade, assim queira, de caçar todos os dias, de manhã à noite de Novembro a Abril. Tem pisteiros, para achar e levantar a caça. E tem um cozinheiro empenhado em transformar o resultado desse esforço em iguarias de fazer crescer a água na boca.

Os Nossos anfitriões, o Joel e a Elizabeth, fazem tudo para que nos sintamos em casa. Até hoje o Mali tem sido simpático connosco.

domingo, 7 de novembro de 2010

Churrasco

Fizemos hoje o nosso primeiro churrasco maliano. Decidimos que era hora de começar a criar espírito de grupo, nada melhor que um belo churrasco. Comprámos o carvão. Depois para alguns menos experientes o simples acto de comprar uma pouco de carne num “talho” daqui é algo inolvidável. O pessoal só diz que a ASAE está longe. De facto não está nos hábitos portugueses comprar carne num balcão à beira da estrada de terra batida, com cobertura de moscas e pó. Só vos digo que estava divinal. Esta semana começámos os trabalhos de preparação do estaleiro. Os contentores devem começar a chegar no próximo domingo. Já temos 20 km de projecto aprovado. A água não deve ser um problema, o que atendendo à nossa localização não deixa de ser muito positivo.


A deslocação a Nampala foi proveitosa porquanto estive com os topógrafos que estão a fazer o levantamento da obra, conheci a estrada até perto da metade. Apercebi-me melhor do que nos espera. A viagem até foi engraçada, pois os militares que me acompanharam caçaram um grande lagarto, um varano, para o almoço, safei-me porque o Idir, responsável do projecto me ofereceu manjar, caçaram o dito com um pau. Iam mais felizes que crianças com rebuçados.

A temperatura baixou um pouco de noite, já é possível dormir sem ar condicionado. Com um pouco de sorte os mosquitos também irão dar uma volta, pois começa a ser difícil viver com tanta comichão.

Comprei um telemóvel que é uma cópia genuína de um Nokia topo de gama, que isso de cópias clandestinas não é comigo… Este tem site na internet e tudo. Explica lá bem o que é uma cópia genuína, para quem tenha dúvidas.

O que tem de bom ir para um país novo é ficar a conhecer algo sobre o que se passa aí, que nunca nos tinha passado pela cabeça. Por exemplo, os franceses colonizaram quase todo o sahara. Ao contrário do que os portugueses fizeram no Brasil dividiram esta região em múltiplos países. Os tuaregues ficaram divididos em seis países, sendo minoritários em todos eles. Isso originou pelas regras democráticas (?) uma subordinação a outros povos. Como são um povo livre (leia-se nómada) isso gera desconfiança nos gregários. Ou seja passaram de habitantes livres e senhores de um território imenso, quase semelhante à Europa, a desalojados sem casa e cuja causa esbarra nos petróleos desejados por tantos. E por tal desejo, as mais antigas democracias “esquecem-se” da história. Como estes eventos são ainda historicamente recentes a poeira ainda não teve tempo de assentar e as fronteiras são linhas traçadas a esquadro num gabinete europeu. Prevejo que ainda vamos ouvir falar de qualquer guerra por um punhado de areia, que nós europeus civilizados não compreenderemos.

Por falar em guerras, está em desenvolvimento um aumento grande da área de regadio onde estamos. Para arroz. Os pastores que vem do norte em busca de água e pastos para os seus rebanhos imensos não irão achar muita piada. Os pescadores que vivem na região do delta também não irão ver os seus rendimentos aumentar. Mas o aumento incessante da população obriga a reclamar cada vez mais meios para produzir alimentos. Aqui em zonas onde o equilíbrio é precário dá para se aperceber melhor do risco que (todos) corremos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

S. Martinho

Agora que Outubro já lá vai e entrámos definitivamente no mês do S. Martinho, por aqui abriu a caça no primeiro do mês. Novembro deveria ser um mês “algo” fresco, digo deveria, porque não está nada a ser, a temperatura só baixa ligeiramente dos trintas noite dentro. Não estou propriamente a queixar-me da temperatura, principalmente agora que por aí as coisas arrefeceram bastante, o problema, são os insectos. O meu corpo está que parece do Benfica, de tão vermelho. As picadas destes pequenos monstrinhos sucedem-se, dia após dia. Picam-me por cima da roupa, na rua, no quarto, quando vou à casa de banho… Então a minha esperança é que por alturas do S. Martinho, já que vinho provar não vou, pelo menos que o ar aqui mude um pouco e leve estes terroristas até à próxima estação das chuvas.


Hoje definimos a nova localização do nosso estaleiro, amanhã vou marcar os limites e se tudo correr normalmente, irei até Nampala, encontrar-me com os topógrafos que estão a fazer o levantamento do terreno para a execução do projecto. Nampala marca uma fronteira na insegurança. Já fica na considerada zona vermelha, foi alvo de um ataque dos rebeldes à dois anos, é também uma localidade praticamente na fronteira com a Mauritânia. Marca também o fim da região de Ségou, a partir daqui seguem-se terras de Tombuctu. A equipa de projectistas e topógrafos é argelina.

A cozinha continua digna de um hotel em qualquer parte do mundo. O que me faz sorrir. Se alguém me dissesse que eu vinha para uma zona remota do Mali e que a cozinha que nos fornece a paparoca era “Haute-cuisine française” eu responderia que tudo é possível, mas muito pouco provável. Ainda bem que as probabilidades existem. Meu rico 0.1%! De referir que em duas semanas de estadia e com três pratos por refeição, ainda não houve repetições.

Ontem conheci três israelitas. Dois romenos. Três norte-americanos. E outros cuja origem me não foi revelada. Até parece que estou numa região cosmopolita!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Outonidades

A primeira semana no Hotel em Kogoni já passou.


Não sei se o que se vai seguir representa um conjunto de disparates ou se ainda consigo construir linhas de pensamento. Vamos ver.

Num espaço impossível de stressar alguém, de tão calmo, verde luxuriante de árvores frondosas, onde, apurámos esta semana, o antigo presidente do Mali, Moussa Traoré, passava as suas férias, ele que também era um apaixonado pela caça, ouvimos reclamações da comida, nestes 7 dias nunca comemos nada repetido e cada refeição é constituída por entrada, prato e sobremesa.

Vemos pessoas a stressar por não terem muita coisa para fazer. Será possível que tenhamos os sentidos tão embotados que não se possa apreciar os campos de arroz, em todas as fases de desenvolvimento, com extensões até onde a vista alcança. Que não se escutem os mais de vinte tipos de grasnidos vindos de todo o lado a qualquer hora, especialmente de noite fechada, efectuados por aves de todas as cores e tamanhos. Que os nossos olhos se não encantem com lagartos de matizes esverdeadas, azuis, amarelos, vermelhos, simples ou cruzados, em busca incessante de insectos. Que nos passe despercebida a obra de engenharia levada a cabo há largas décadas pelos franceses, que possibilitou aquando da descolonização, que esta região produzisse arroz suficiente para alimentar o Mali e os países limítrofes, embora hoje não chegue para as necessidades internas deste grande país.

Há muitas coisas que não enxergamos porque olhamos sem ver.

Porque ouvimos sem escutar.

Porque tocamos sem sentir.

Estamos tão formatados às nossas cidades que saímos delas apenas para lamentar a nossa falta de sorte.

Sorte danada.

Sentidos embotados.

Aqui o ar tem textura. A água rebenta de tanto peixe. O mais pobre fica feliz porque lhe respondemos ao cumprimento. O Silêncio tropeça em chilreios. O equilíbrio de tão ténue entre o meio e o homem tem tanto de épico como de bíblico. O que tudo dá tudo tira. Aqui não há meio-termo, ou se ama desesperadamente como se o amanhã nunca chegue ou se desespera furiosamente porque não há fumo, carros, barulho, confusão.

Não se pode ficar indiferente num local assim, é uma questão de tudo ou nada.

Por questões de segurança temos escolta militar. Uns preferem destacar a insegurança de tal lugar. Que tanta segurança só pode ser por desgraça iminente. Prefiro pensar que não me pode desgraça alguma atingir quando gente tão qualificada está sempre a postos para se arriscar por mim. Que se ficar atascado na areia, uns vinte tipos na força da idade estão lá para que eu possa seguir. Que é impossível perder-me nestes matos com tantos guias, que policias menos ortodoxos me tentem extorquir algo, quando altas patentes me acompanham.

Nestes tempos difíceis, em Portugal como em todo o mundo ocidental, prefiro ver o copo meio cheio e apreciar cada golo que a vida me proporciona.

Os africanos são muito fatalistas, aceitam o que a vida lhes proporciona. Os europeus são muito contestatários, reclamam por tudo e por nada, muitas vezes sem razão.

Creio que uns têm que aprender com os outros e vice-versa.

Pela minha parte vou tentando compreender. A cada resposta seguem-se dez perguntas. Ainda tenho muito que perguntar.

A jornada ainda vai no começo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Hotel Mali Evasion - Kogoni

Após quatro dias de boa vida em Bamako, chegou a aguardada deslocação para o local onde iremos passar dois anos. A viagem correu bem, os cerca de 400 km foram percorridos em seis horas. Podemos dividir a viagem em várias fases, os primeiros 30 km foram para sair de Bamako, a cidade é enorme. Desta vez deu para ver o movimento caótico do trânsito principalmente constituído por motorizadas chinesas, aqui ninguém dá a vez a ninguém e nos cruzamentos pode ser necessário algum sangue frio. Depois a paisagem mudou para um terreno ondulado com algumas colinas, afastámo-nos do Rio Níger. Pagámos a primeira portagem, não se trata de nenhuma auto-estrada nem SCUT, apenas uma estrada igual a tantas por aqui, com a diferença que tem portagem. Logo após entrámos numa zona de floresta protegida. Aqui durante umas dezenas de quilómetros vemos árvores até onde a vista alcança, muitas de grande porte. Depois entramos na região de Ségou. É uma região de pouca actividade agrícola. Ségou tem uma variante com duas vias em cada sentido com uma extensão de quatro ou cinco quilómetros, não entrámos na cidade. Uns dez quilómetros depois cruzámos de novo o Níger, desta vez para norte, numa ponte açude que representa o inicio do Canal do Sahel. Este com uma extensão de perto de 200 km, permite a cultura de milhares de hectares de arroz. A nossa estrada começa bem no final destes campos imensos. Até lá só vemos água e arroz. Como o clima aqui é quente todo o ano podemos ver arroz em todas as fases de crescimento, desde a sementeira à colheita. Em Niono, principal povoação do Canal, termina o asfalto e esperam-nos uns simpáticos militares, que nos irão acompanhar por todo o lado, Não por ter havido problemas por aqui, mas para que não os haja. As povoações seguem-se umas às outras, de terra batida e junto ao canal. Por aqui ou se cultiva arroz ou se parte em busca de sorte diferente. Uma outra companhia recupera estes quilómetros de estrada, da estrada de Tombuctu. Pensei algumas vezes, por que carga de água haveria um hotel por aqui. Que hotel seria? Num misto de curiosidade e apreensão chegámos. As primeiras impressões são francamente positivas. Um espaço arborizado. Piscina envolta por um relvado. Flores. Um bar. A fome era muita pois não comíamos desde o pequeno-almoço. Umas entradas frias. Caprichadas. Um bife tenro e suculento. Uma cerveja Castel gelada no bar. As sombras imensas refrescando um pouco a canícula. Grasnidos desconhecidos, vindos de pássaros estranhos. Um hotel procurado por caçadores. No que resta de uma propriedade colonial. Quando as casas se faziam para durar. Muitos patos mudos, as mães cuidando de suas ninhadas. Gente calma. Um ambiente de final de verão. Sitio perfeito para quem queira carregar as baterias para mais um ano de vida desgastante na grande cidade. Estamos a uma vintena de quilómetros do começo da nossa obra, onde termina o Canal do Sahel, em Goma Coura. Estamos no reino de sua majestade o arroz. Todos os canais que abastecem de água estes campos estão prenhes de peixe. Para os miúdos é uma festa. Banhoca todo dia e peixe fresco à distância de um pouco de fio e um anzol. Esta será a nossa casa até termos a nossa base terminada. Resta-nos esperar pela chegada dos equipamentos. E começar a trabalhar. Enquanto isso à boa maneira africana esperamos pelo destino…

domingo, 17 de outubro de 2010

Chegada a Bamako

O primeiro impacto à saída do avião continua brutal. Relança os sentidos numa busca interminável. Lembra aos esquecidos o que perderam durante a ausência.


O aeroporto é pequeno, longe das dimensões brutais do Charles de Gaule.

A cidade é enorme. Avenidas de vintena de quilómetros, com duas vias em cada sentido. Sinais a relembrar a festa do cinquentenário há um mês.

Cruzámos o Níger pela primeira vez. As avenidas despidas de carros. Estranho. As capitais africanas habitualmente estão prenhas de trânsito.

É sábado. São 21 horas. Chegámos ao hotel. Parece bem. Para o jantar “ Capitaine à Provençal”, e Flag. Nem parece que passaram 10 meses. Os aromas permanecem na memória.

A hivernage está quase terminada.

Nova etapa que começa.

Domingo. O ar tórrido apenas permite um passeio pelas redondezas. Ministérios. Embaixadas. Hortas. Muitas hortas. Uma Castel e outra. Almoço de “Carpe braisée”. Não há mais Flag nem Castel. Vai a “33”. Têm reforçar o stock.

Apenas quatro de nós. Apareceram os outros quatro que já cá estavam. Todos brasileiros. Hoje chegam mais seis. Isto começa a compor-se.

Daqui ao local onde iremos trabalhar é mais ou menos como atravessar Portugal de norte a sul.

Como vai ser?

É isso que vamos saber!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Piroga no Níger

A estrada de Tombuctu

O destino volta a bater à porta. Embora o nosso planeta, por vezes pareça pequeno demais, para as crueldades a que o submetemos, por enquanto ainda é vasto o suficiente, para o número daqueles que poderão ter uma visão global, ser bastante restrito. Estive em casa o tempo de uma gestação. Volto a aventurar-me na imensidão africana. Com tanta África possível, volto para o sahel. Mudo no entanto de país, da Mauritânia para o Mali. Mudo-me da beira Rio Senegal, para a beira Rio Níger. Dois rios que nascem nas mesmas montanhas, seguem por momentos na mesma direcção e subitamente continuam por caminhos opostos. Apostados em manter a vida em locais, hoje inóspitos, onde apenas a sua existência permite estancar o avanço das areias do grande deserto do Sahara.
O Rio Níger é o terceiro maior de África, tem mais de 4100 km. Foram os Portugueses João de Santarém e Pedro Escobar que em 1471 descobriram a sua foz, na actual Nigéria. Durante quatro séculos a localização da sua nascente foi um completo mistério. Bastantes exploradores perderam a vida a tentar localizá-la.
No séc. XIX finalmente o curso deste importante rio foi testemunhado, da nascente nas montanhas Fouta Djallon, na fronteira da Guiné-Conacry com a Serra Leoa até à foz na Nigéria, passando pelo Mali, o Níger e o Benim.
Uma das zonas mais ricas em vida deste enorme rio é o Delta Interior do Níger, zona com uma extensão semelhante a Portugal, que todos os anos é inundada pelo Níger durante a época das chuvas, de Junho a Setembro. Esta zona poderia ser como o delta do Okavango no Botswana, após deixar Angola, precipita-se nas areias do Calaári e desaparece. Aqui no Mali, no entanto, o Níger aporta uma quantidade imensa de água, que lhe permite espraiar-se por centenas de quilómetros e seguir viagem até ao golfo da Guiné, distante cerca de 3000 km...
É então aqui, às portas do Sahara, cerca de Tombuctu, a capital do deserto, que vamos facilitar o acesso a uma cidade, outrora capital de impérios riquíssimos, conhecida hoje pelos seus festivais de música, que atraem forasteiros de todo o mundo.
Tombuctu apenas perdeu a sua importância, quando os portugueses passaram a dominar o atlântico e a realizar o comércio entre o sul e o norte através das rotas marítimas, tornando as rotas do deserto obsoletas. Nestes quatro séculos contudo manteve-se como porta de entrada para o grande oceano de areia que é o Sahara.
O Mali sendo um país sem mar, produz anualmente mais de 150000 toneladas de peixe, fruto da prodigalidade das águas quentes do Níger.
Neste enorme país, rico em tradições e habitado por povos variados, falam-se quase tantas línguas como em toda a Europa. Pratica-se a agricultura desde à 9000 anos, numa região outrora verde e que as alterações climáticas ocorridas à 6000 transformaram no grande deserto.
É então aqui, neste mar de água às portas de deserto, que iremos mudar a vida de muita gente e que muita gente irá mudar a nossa...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Três Anos

18 de Agosto de 2007
Sábado. 6:00 am – Tocou o despertador. Acordei para um dia completamente inesperado apenas duas semanas antes. O dia da minha viagem para a Mauritânia. Foi o dia em que mais me custou levantar e despachar em muitos anos. A Guida fez-me dar um beijo ao Xavier, coitado estava de tal modo a dormir que não deu qualquer sinal, quando o agarrei para o beijar. A Inês, como sempre aparenta maior autocontrolo e deseja-me boa viagem.
18 de Agosto de 2010
Quarta-feira. À três anos atrás iniciava deste modo a minha campanha por terras mauritanas. Depois de ter regressado à casa mãe no inicio deste ano, sem grandes expectativas, é certo, tentamos não ser engolidos por esse vórtice de desânimo e desespero que assola este canto. Contrariamente ao sentimento geral, experimento algum optimismo moderado. Creio que estão para chegar boas oportunidades, embora a situação não chegue ao anunciado, noutros tempos, oásis.
É tempo de recordar, mas também tempo de agradecer. Agradecer aos companheiros de caminhada com quem tive o privilégio de partilhar algumas experiências. Algum pedaço de caminho.
É tempo de preparar os próximos passos. Os próximos caminhos.
E amanhã é outro dia…

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Há pessoas que são eternas

Ontem completou-se a primeira órbita deste planeta desde que recebi uma noticia qual murro no estômago, cruel, violenta. Um amigo partiu. Tantas coisas aconteceram. Tantas continuam iguais. Lá onde o Rodrigo anda, estará certamente rodeado de crianças a quem distribuirá sorrisos e rebuçados.

💚💔

Carta aos mortos Amigos, nada mudou em essência. Os salários mal dão para os gastos, as guerras não terminaram e há vírus novos e terríveis,...