Chegou finalmente a hora da
partida. O dia amanheceu chuvoso. E veio a dúvida, vamos ou não. Claro que
fomos. E ainda bem. A distância em termos angolanos não é grande, apenas 230
km. Três horas de viajem. As estradas carregam as marcas da estação das chuvas.
Tem buraco que engole carro. O terreno segue em suaves ondulados. Capim de três
metros, verde brilhante. Quase engole a estrada. Pedimos direcção à BET
(Brigada Especial de Trânsito) que solicitamente nos indicou caminho. Os
embondeiros começaram a rarear. Luanda lá estava imensa. Cidade sem fim.
Descemos para Cacuaco, depois a Barra do Bengo. Acabaram as árvores. Depois só
palmeiras e erva seca e rasteira. Como tudo muda em tão poucos quilómetros.
Finalmente a Barra do Dande. A animação ia alta. Entrámos na povoação. Não
podia ser assim tão mau e ter umas seis ou sete esplanadas, grandes. Algo se
passava ali. Fomos fazer reconhecimento. Atravessámos a ponte, prá outra
margem. Praia linda palmeiras até 10 metros da água. Baía linda. Ondas de 30
cm. Água quentinha. O dia prometia. Voltámos. Muito peixe a secar, como na Nazaré.
Fomos ao morro da administração. Horizonte sem fim. O Atlântico sempre lá. Mas
o que primeiramente ali nos levara, fora a promessa do peixe mais fresco que já
viramos. Baixámos à povoação. Abancámos na esplanada que mais nos encheu os
olhos, que embora não comam, sempre comandam alguma coisa. Começámos com umas gambas,
assim tipo camarão tigre sem listas, grelhadas. Atacámos a garoupa, que festim
para as papilas gustativas, que tão maltratadas têm sido. Olhámos para umas
lagostas lindas de morrer. Passámos a uns linguados, que para caber na travessa
tiveram de ser cortados ao meio. Terminámos com uns chocos divinais.
Acompanhamentos à altura, mandioca, banana, feijão de dendém e farinha. A
Sagres e a Cuca fizeram as honras às cervejas e o Casal Garcia matou a sede a
quem o quis beber. Como é hábito nestas terras, um scotch com muito gelo ajudou
a simultaneamente baixar e subir a temperatura. O restaurante encheu mais de
uma vez. Os clientes quase todos portugueses. O preço, uma agradável surpresa.
A anfitriã simpatiquíssima. O quizomba animou os espíritos. O dia afinal
terminou radioso. Há caminhos que têm de ser percorridos. A Barra do Dande
(ainda) não é um luxo, mas a frescura do peixe que se lá come é!
Estes escritos representam acima de tudo estados de espirito. Dia a dia de um português em Portugal
terça-feira, 16 de abril de 2013
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