quinta-feira, 19 de junho de 2014

Quem sou eu?

Quem sou eu? 

Nestes quatro anos africanos, se algo percebi sobre a pessoa que sou, compreendi que sou realmente português. Revejo-me no passado luso, independentemente, de episódios hoje politicamente incorrectos, das barbaridades cometidas. Sei que há episódios bastante tristes na história dos portugueses. Mas todos têm telhados de vidro. Além do que a história não é um conto de fadas, mas sim um registo factual de factos passados. Só conhecendo a história poderemos compreender o presente. Assim quem sou eu? Provenho de uma pequena comunidade agrícola. Limitada nos seus horizontes, porque auto-suficiente durante séculos. Educação baseada em princípios, tais como honra, trabalho, família, respeito. Gente modesta mas impoluta. Gentes de costas direitas. De princípios. Apanhei uma geração de mudança, com a industrialização da região. Cresci rodeado de livros. De música. Apanhei uma revolução antes de completar a primeira década. Assisti à primeira novela brasileira em Portugal, a Gabriela, Cravo e Canela, que nos mostrou outros modos de falar o português. E o gosto pelos livros do grande Jorge Amado. Embora já não tenha sido criado “à luz do candeeiro a petróleo” pude vivenciar o modo de vida dos meus avós, um, camponês que me passou o amor à terra, outro, sapateiro que sempre foi amigo de quem mais precisava, mesmo que a minha avó tivesse que andar atrás dos caloteiros para alimentar os filhos. Vi como se recebem “reis” em casas humildes, exactamente como os pedintes. Sempre houve um prato quente para quem dele precisou. A solidariedade nunca foi para mostrar nas colunas sociais, inexistentes de qualquer modo, mas sim algo intrínseco, como o ar que respiramos. Quem sou eu? Alguém para quem a honra não é uma palavra vã. Orgulhoso. Alguém que dá a camisa, independentemente de vir a precisar dela mais tarde. O único na família nesta actividade. Um idealista. Um amante das artes, das viagens. Alguém que adora a geografia, a sociologia, a história. Sou incapaz de ir a um lugar sem saber o que representa.

Como estou?

Retomei os sonhos. O gosto pelo pôr-do-sol. A geografia. A história. A filosofia. Sei que continuo incompleto. Talvez para todo o tempo que me resta. Estou grato. Mesmo se tantos me desapontaram, nestes quase, seis longos meses. Pois compreendi que mais importante que ter muitos amigos, é ter pelo menos um que conte, que faça a diferença, que se importe, que chore connosco, que nos passe energia. Estou incrédulo. A verdade continua a doer. Uma dor latente. Invisível. Presente. Estou mais sensível, mais frágil, mais forte, mais preparado, mais endurecido, mais próximo da verdade. Estou vivo e isso faz toda a diferença.

De que forma estou funcionando?

Uns dias a pilhas. Noutros em busca do Santo Graal. Nuns dias com vontade de chorar, noutros de ajudar. Ainda não sei por onde vou. Há muitos caminhos. Por um lado ainda bem, nunca gostei de unanimidades. Melhor uns dias, pior noutros. A rir e a chorar. Talvez mais extremo, agora não me basta o mais ou menos, o assim-assim. Estou mais exigente, mais ciente. Em busca. Com muitos sonhos, como uma criança solta no mundo, que se apercebe da sua pequenez, como um grão de areia numa praia. Não é nada. Mas a praia sem ela não é a mesma.

domingo, 15 de junho de 2014

Seis de Outubro de 1963

Aos seis de Outubro de 1963 foi inaugurada a barragem de Cambambe. Por Américo Tomás,  presidente da República. 

domingo, 8 de junho de 2014

Love caught me

Love caught me
Gave me no chance to run
Life brought me
To the arms of my hun
Wind send me
Wise notes of fun
Music gave me
Shades of the sun

Your voice melted frozen heart
As a rainbow over a golden sand ocean
Or the scent of a million flowers
Enlightening biggest towers
Like snow white’s potion

Was to Da Vinci’s art

terça-feira, 3 de junho de 2014

Reflexões

De volta ao cacimbo. O céu volta aos tons de cinza. As manhãs refrescam. As temperaturas sufocantes partiram para paragens distantes. A vida suaviza. A roda da vida gira sem cessar. Tão depressa estamos no alto da mais alta montanha, como estamos no fundo do vale mais profundo. Com o sufoco dos dias a afastar-se voltam os momentos de reflexão, agora possível, depois do início de ano inesperado, desesperado, transtornado e revoltado desde que nos conhecemos como gente.
Todos reclamamos contra a injustiça da vida. Ninguém está satisfeito com o que tem. Enquanto o mundo gira e avança, sucedem-se episódios dramáticos para quem os vive, rapidamente esquecidos por quem os rodeia. É assim que somos. É assim que é possível viver. A cada um as suas dores. Não podemos, nem queremos, acumular sofrenças alheias, que com certeza iremos necessitar sofrimentos próprios, mais cedo que mais tarde, na altura devida.
A cada inverno sucede sempre a primavera. A vida exige o recomeço, o ciclo, a morte. Quando tudo parece desesperar, surge a luz ao fundo do túnel. Quando a vida parece um conto de fadas, levamos um murro no estômago que nos tira o fôlego e nos faz tombar. Talvez a vida não seja injusta, talvez seja apenas vida. À falta de expectativas sobre o além, talvez devamos aproveitar esta vida do melhor jeito possível, com verdade, com tranquilidade, absorvendo cada instante como único e irrepetível.

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...