domingo, 30 de novembro de 2014

Carpe Diem

A questão do copo meio cheio ou meio vazio. Uns passam a vida a queixar-se como se todas as infelicidades do mundo lhes tocassem exclusivamente. Outros maravilham-se com cada dia, com o nascer do Sol, com a felicidade de por alguns momentos terem partilhado o caminho com alguém maravilhoso.
A vida é uma aprendizagem contínua, ainda bem que assim é, nada mais pavoroso que estar cá sem nada para aprender, para apreciar, para degustar, para escutar.
Tive o prazer de partilhar o caminho durante 18 anos com uma pessoa maravilhosa, que apenas desejava ser feliz, viver cada momento como se fosse o último, “Carpe diem”, que sabia o caminho que desejava percorrer.
A Inês era contagiosa, ninguém podia ficar indiferente às suas loucuras, tantas vezes ingénuas, às suas coloridas visões, à sua música, à sua boca torta tantas vezes referida, ao seu sorriso genuíno. Nunca vou esquecer a primeira vez que ouvi um solo seu, num concerto do Phydellius na Igreja dos Salesianos no Estoril, nem o estremeção que tal me provocou.
Esta madrugada completam-se 11 meses da sua prematura partida, é cedo para recordar um ano, mas como evitar um mar de lágrimas perante o aproximar desse marco que será a Terra estar a 30 dias apenas de completar uma órbita completa sem a Inês.
A vida é um caminho, maior ou menor, mas sempre com altos e baixos, pode sempre ser melhor, pode sempre ser pior. Embora por vezes só me apeteça rasgar o peito para extrair o coração dorido, outras sou capaz de sorrisos genuínos. A felicidade não é um estado permanente, é constituída por momentos, que há que saborear até ao fim, como quando chupamos os dedos após a degustação de algo extremamente saboroso.

Mesmo que esteja tudo predestinado independentemente da nossa vontade, quero continuar a pensar que a minha vontade conta, que a minha actuação é importante, que as minhas escolhas são na realidade feitas por mim. Sejam elas boas ou más. Sou o responsável pelos caminhos, bons ou maus, que tenho trilhado ao longo da minha vida. Quero continuar a desempenhar esse papel. E sei que a Inês me vai sempre acompanhar nesse trajecto.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Amarelo

Amarelo.
Ontem era amarelo que me sentia. Por dentro e por fora. Líquido, sólido, material e imaterial. Hoje não. Só por dentro. Só liquido, e não, não me refiro a cerveja.

As cores são curiosas, pois apresentam não o que são mas o que rejeitam. Assim se passa também com muitas pessoas. Não apresentam soluções, pensamentos, utopias, desenvolvimentos, mas apenas traições, recalcamentos, entropias, ressentimentos…

Mas ontem sentia-me amarelo. Integralmente amarelo. Tão amarelo como o Sporting esteve em Guimarães…
Há dias assim, mal coloridos, tal como os pães, por vezes saem mal cozidos. Há dias assim.
Ontem estava tão amarelo, que mesmo tentando, não consegui escrever, que… me sentia amarelo.

Hoje é completamente diferente. É outro dia. Como só estou amarelo por dentro, já consigo escrever como me sentia, ontem. 

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...