segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

País adiado

O processo de desertificação que lentamente foi tomando conta do país a partir dos anos sessenta do século passado, está a atingir velocidade e proporções que poucos anteciparam. Se é verdade que durante anos as zonas atingidas foram os concelhos rurais do interior e isso não pareceu afectar os fazedores de opinião profissionais, hoje são os grandes centros urbanos do litoral e o país inteiro, que começam a compreender que o futuro talvez não passe de uma miragem.
Dos quinze milhões de portadores de BI português cinco estão espalhados pelo mundo, em busca de oportunidades, que a terra mãe lhes nega. Ao ritmo actual irão restar os velhos e os de meia-idade. Muitas terras já não têm escolas, hospitais, tribunais. Os jovens, e os não tão jovens, estão a sair do rectângulo a um ritmo só visto nos anos sessenta. Então foi o interior que foi despojado do futuro, hoje é todo o país.
Chegamos então ao paradoxo de vermos um suposto governo liberal a aumentar os impostos para níveis nórdicos, a fornecer serviços ao nível africano, a vender empresas públicas a governos estrangeiros. Os discursos são desmentidos pelos próprios autores, a cada dia. Os factos ultrapassam a capacidade oratória, fraca diga-se, dos arautos pseudoliberais.
Como estancar a hemorragia? Como inverter politicas suicidas, autodestrutivas?

Ou começamos a extrair petróleo, ou de uma vez por todas apostamos na principal riqueza do país, as pessoas. Ou começamos a valorizar menos o ter e mais o s(ab)er ou continuamos a injectar dinheiro para cima dos problemas, faltando apenas saber a data do incumprimento. 

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...