domingo, 10 de março de 2024

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz

"Tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido

e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado."

E tem os que partem demasiado cedo,
O pouco que viveram foi sem medo
Partiram, sem partir 
Saíram, sem sair

Os que ficaram, partiram
Os que partiram, ficaram

Deixaste o teu coração, 
Levaste o meu coração, 

Mil beijos. 

quarta-feira, 9 de março de 2022

Menina Mulher

 


Menina mulher, mais uma vez faltas à chamada,

Mais uma vez vais deixar que aniversarie, só eu, só nós,

Vou, vamos, envelhecendo em cadência continuada

Um ano de cada vez, já por nove vezes a sós

As cores, hoje em dia, são negro e vermelho,

Negro da guerra e vermelho do sangue

Ao invés de branco e verde,

Branco da luz e verde da esperança

 

Foi ontem, foi há tanto tempo…

Menina mulher, não chegaste a ver

Tantas lágrimas, qual torrente tempestuosa

Que rolaram a partir de olhos tristes

De olhos marejados de passados

Alegres, sinceros e risonhos

Fazes-me, nos, falta

Inês, Inês…

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Trinta de Janeiro

 

Análise política

 

Já que tantos viraram experts em tudo e mais alguma coisa, hoje vou eu analisar o surpreendente dia de ontem.

 

As sondagens não falharam. Não senhor. O que aconteceu foi uma massiva resposta ao que as sondagens indicavam, o risco de uma vitória do PSD, junto com uma subida incrível do Chega.

O PSD é hoje por hoje um anacronismo, uma excrescência do 25 de Abril, é o único partido social democrata de direita em todo o mundo. Igual ao PS, só que os seus militantes não querem ver o óbvio. O que muda entre o PS e o PSD são as pessoas que estão de um lado e do outro, nada mais. O dia 30 de Janeiro de 2022, representa o primeiro dia da última fase da vida do PSD.

O CDS morreu. Abandonado por todos. Foi eutanasiado, abortado, por militantes anti-eutanásia e anti-aborto. Paz à sua alma.

O PAN não sobreviveu à saída de André Silva, único com um discurso minimamente coerente dentro da cacofonia PANista. Como transformar algumas boas ideias, num conjunto de p***a nenhuma ao tentar formar um programa político global. O PAN sofre do oposto do BE, nenhuma ideia fora da trilogia Animais – Natureza – Proibir, contra Ideias fracturantes – Reivindicações – Proibido proibir (excepto o Chega).

Os Verdes perderam as folhas, e deslizaram tão suavemente pela encosta abaixo que ninguém reparou…

O PCP foi vítima do COVID, os votos que perdeu pertenciam aos octogenários que partiram vítimas do vírus pandémico, os 5 que não se encontram neste grupo estão em casa em isolamento…

O BE chegou a 2022 sem perceber a diferença entre ser um partido de protesto e um partido com ambição ao poder, a dialéctica trotskista foi trucidada pelo Costa. Um partido de protesto tem um limite de 4 ou 5 deputados, que juntos podem fazer muito barulho PONTO. Um partido de poder tem que ter alguém que perceba que para ter 1 milhão de votos não pode ser por defender ideais datados nos anos 60 / 70, hoje, contrariamente ao inicio dos anos 2000 nenhum jovem se revê no BE.

O Livre, viu-se livre da Joacine e tem direito a uma segunda oportunidade. O Rui Tavares tem o palco por quatro anos, para apresentar uma ideia ambiental enquadrada na União Europeia. Vamos ver o que consegue fazer.

A IL representa hoje o receptáculo do voto urbano e jovem, a esquerda caviar chique deu lugar aos liberais. Tem as maiores perspectivas de crescimento, porque verdadeiramente defendem uma alternativa à sociedade moribunda portuguesa. Vai substituir o PSD em 2 ou 3 eleições!

O Chega cresceu porque conseguiu trazer os reaccionários, racistas, beatos, fascistas, pides, maldizentes-de-café, desencantados, retornados, fakenewsistas, portugueses-de-bem, que estavam desencantados da vida e abstencionistas, de volta à democracia (e esta heim!). teve uma votação transversal a todo o país, interior, litoral, norte, sul, urbano e rural, mostrando que os ressabiados estão uniformemente espalhados por todo o rectângulo. O Ventura Beato é só um fantoche que os DDT escolheram para desbravar terreno, como ele é muito vaidoso, acredita estar numa missão divina! (Deus também é racista!) Tenho uma má notícia, o Chega é como o BE, serve para chatear e fazer muito barulho, mas pouco mais…

O PS, teve o que ninguém acreditava que acontecesse. É um partido desgastado. Está farto do país e o país está farto do PS. O resultado dos quatro anos deste governo pode implicar uma guinada à direita e o fim do PS por muitos e longos anos, assim continue com a arrogância ensaiada nos últimos anos. Conseguiu uma maioria absoluta, que ninguém consegue na Europa, pode governar sozinho e assim ficar responsabilizado por tudo o que aí vem ou pode receber esta oportunidade para ensaiar uma governação séria e honesta e demonstrar que o PS não serve só para levar o país à ruína, antecâmara de nova chamada ao FMI…

Catrapumba!



domingo, 9 de janeiro de 2022

Demografia

 

É hoje consensual que Portugal enfrenta uma crise demográfica, por muitos denominada de Inverno demográfico. Tem Portugal uma das populações mais idosas do planeta. A pirâmide etária portuguesa está já invertida, com mais idosos que jovens. Para os partidários do crescimento económico estamos perante uma espécie de suicídio colectivo, com uma traição das novas gerações à história de um dos mais antigos países da Europa. Os economistas liberais, consideram que a segurança social só pode funcionar com uma pirâmide etária real, ou seja, cada grupo etário deveria ser sucedido de um com uma base maior. Os humanistas que consideram que o homem subjugou a natureza, entendem que mais uma vez o homem conseguirá arranjar uma solução para aumentar a produção de alimentos de forma a proporcionar alimentação digna para quantos vierem. Os cristãos consideram que é uma obrigação bíblica o “crescei e multiplicai-vos”…

O interior (hoje já é interior quase todo o território, à excepção das áreas metropolitanas, Braga, Aveiro, Algarve litoral e pouco mais) está ao abandono. As terras restam incultas. Grassam pinhais e eucaliptais um pouco por todo o lado, mais as matas densas de acácias resultantes dos fogos que se vão sucedendo nos verões cada vez maiores e mais quentes.

Convém recordar aos saudosistas que o período áureo de Portugal (século XVI) foi cumprido com uma população de cerca de 1 milhão de pessoas…

Os estudiosos da demografia, apontam que a população residente irá diminuir (o processo já começou, veja-se o resultado dos censos de 2021), para entre 9 e 7 milhões, consoante os cenários, até 2050 (daqui a 28 anos). Todos os políticos se dizem bastante preocupados com a situação…

No entanto a população humana ultrapassou o primeiro milhar de milhões no século XIX, hoje somos já 8 mil milhões, em escassos 150 anos multiplicámos por 8.

É sabido que a diáspora madeirense é mais numerosa que a residente no arquipélago, tal como a açoriana e a cabo-verdiana e tantas outras de pequenas ilhas ao redor do planeta. Assim podemos dizer que pequenas ilhas não suportam crescimento indefinido da população humana a longo prazo.

A população europeia cresceu bastante no século XIX com os avanços dos cuidados de saúde, que resultaram em menos mortes de crianças e suas mães, isso levou a ondas massivas de emigração europeia uma vez que a disponibilidade de alimentos não acompanhou o crescimento populacional. Os europeus fixaram-se um pouco por todo o globo, com especial enfoque no Novo Mundo, América do Norte e do Sul.

Em 1900 existiam 1,6 mil milhões de seres humanos, na China seriam cerca de 300 milhões e na Índia 200 milhões. No Brasil 17 milhões, em Portugal habitavam 5,7 milhões, na Etiópia 4 milhões e em Angola 2,4 milhões.

Em 2021 somos 7,8 mil milhões, na China são cerca de 1,41 mil milhões e na Índia 1,38 mil milhões. No Brasil 213 milhões, em Portugal habitam 10,1 milhões, na Etiópia 115 milhões e em Angola 33 milhões.

O crescimento populacional no planeta foi tão grande desde a revolução industrial que hoje vivem em simultâneo cerca de 15% de todas as pessoas que já existiram. 1 em cada 8 homens está vivo hoje.

O homem e os animais domésticos representam cerca de 96% de todos os animais que vivem em terra, os animais selvagens são 4%...

A economia, como tudo no planeta terra teve comportamentos cíclicos até há 200 anos e existiu equilíbrio entre os humanos e suas actividades e o planeta. Desde o início da exploração dos combustíveis fosseis a economia tem tido um crescimento quase constante, acompanhado por um crescimento populacional ainda mais crescente, o que tem levado a que o PIB per capita não tenha tido um crescimento tão significativo. À medida que os povos do hemisfério sul se vão integrando na economia de mercado e tendo acesso aos bens de consumo que estiveram reservados a uma minoria, os níveis de poluição têm crescido a um ritmo sem paralelo. Podemos dizer que o crescimento da economia é proporcional ao consumo de combustíveis fósseis, pudemos verificar isso com a paragem global efectuada no início de 2020 com os confinamentos provocados na sequência do alastrar da pandemia de COVID, os efeitos visuais, de níveis de poluição verificados nas cidades, de qualidades das águas, foram tão espectaculares que surpreenderam tudo e todos, por não ser repetível uma situação como a vivida há dois anos.

A situação de stress provocada por tão intensa actividade por todo o planeta está a provocar uma resposta da natureza, que já estamos a experimentar, verões maiores e mais quentes, degelo dos glaciares, aquecimento dos oceanos, maiores tempestades, mais secas, chuvas intensas em períodos curtos. Estamos a extrair água dos aquíferos a velocidades bastante superiores às da recarga dos mesmos.

Hoje temos ao nosso dispor um conjunto de ferramentas que nos permitem olhar o passado e compreender melhor alguns factos ocorridos em épocas remotas. Assim podemos verificar que a queda do Império Romano está ligada a uma erupção vulcânica ocorrida na Islândia, que emitiu tantas cinzas para a atmosfera escurecendo o céu e provocando o “ano sem verão”, com a consequente diminuição de alimentos disponíveis, maior pressão nas fronteiras por parte de povos desesperados por fome. O rio Reno congelou em grandes extensões, permitindo a passagem em praticamente todo o seu curso aos chamados “bárbaros”, evitando as legiões que controlavam os pontos chave da travessia da fronteira.

O Império Assírio caiu logo após ter atingido o apogeu devido a um período de seca de 60 anos, que atingiu o seu território.

Na Inglaterra deixou de ser possível a cultura da vinha depois do século XV, até há bem pouco tempo, voltou nos últimos anos a ser viável.

A revolução francesa surgiu no século XVIII na sequência de alterações climáticas que conduziram a penúria alimentar uma grande parte da população.

Em 2011 na sequência de más colheitas na China, o governo chinês adquiriu no mercado mundial os cereais em falta, o que provocou um grande aumento do preço do trigo e escassez. Em muitos países o aumento do preço do pão levou a revoltas, ficaram conhecidas por “Primavera árabe” com a queda do regime na Tunísia, na Líbia, no Egipto. A guerra civil na Síria foi consequência da seca de vários anos verificada no território.

Portugal tem uma auto-suficiência de 18% no abastecimento de cereais, tendo por isso uma dependência enorme de fornecimento exterior.

A pegada ecológica portuguesa está estimada em 1,5 – significando que o que consumimos num ano necessita de 1 ano e meio a repor, assim o nosso défice não é só financeiro, é também ecológico. Grande parte da população mundial tem um nível de acesso a bens, inferior ao nosso, à medida que mais pessoas em todo o mundo vão tendo acesso a electricidade, carros, alimentação, a pegada ecológica vai aumentando.

É hoje consenso que a população humana, dado o seu número, está em equilíbrio instável com o meio ambiente, qualquer anomalia climática pode representar a “gota que faz transbordar o copo” com consequências imprevisíveis a prazo.

Assim se é arriscado para o futuro da espécie humana a existência de uma população tão numerosa, como podemos afirmar que é negativo para Portugal que se verifique uma redução da população? Podemos antes verificar a existência de uma oportunidade de recuperar uma parte significativa do território e operar uma renaturalização do mesmo.

Quanto à segurança social, deverá ser iniciada uma transformação do seu financiamento, aumentando a fracção das actividades económicas com menos necessidade de mão de obra e as actividades especulativas.

Com a digitalização, a necessidade de mão de obra vai diminuir, por isso ter menos jovens pode ser uma mais valia.

Também deveríamos iniciar uma melhoria significativa das retribuições pagas aos jovens, para promover o estancar desta sangria que nos leva todos os anos a perder o melhor recurso deste país, os nossos filhos terem que emigrar continuamente.

terça-feira, 9 de março de 2021

Foi ontem

 

Foi ontem, foi há tanto tempo…

Pela oitava vez vou aniversariar sem ti

Dói como no primeiro ano, tanto, tanto

Tento ver a vida colorida, como me ensinaste

Sinesteta te afirmaste

Desabo num pranto

Procurei-te e não te vi

Desabo num lamento.

 

Foi ontem, foi há tanto tempo…

Continuamos a caminhar, por ti

O amor continua tanto

Uma lágrima substituída por um sorriso, como me ensinaste

A vida é bela de ser vivida, afirmaste

Dias felizes, dias de pranto

Tanto caminho já vi

Sem um queixume sem um lamento




terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Ambivalente

 

Ambivalente,

É como me sinto,

Omnipotente e impotente,

Branco e tinto,

Por um lado, contente,

Por outro afogando as lágrimas em absinto.

Ao caminhar,

Menos resta para chegar,

Mais ficou para trás, se calhar,

Ao caminhar,

Mais caminho percorrido,

Mais mundo vivido,

Mais transporto, se calhar,

Ao caminhar,

Mais triste ou contente,

Neste viajar,

Acho-me ambivalente…

sábado, 21 de março de 2020

Tempos de Incerteza



Num belo dia de sol, é à janela, que invejosamente, vejo as árvores a balançar e os pássaros a namorar festejando o começo da primavera, normalmente estaria na rua ensolarada, hoje apenas posso observar, como se fosse um documentário da natureza na Tv.
Num belo dia de sol, vou tomando consciência de estar a vivenciar um momento histórico, pandemias documentadas podem ser contadas pelos dedos, sabemos que existem, que provocaram quedas de impérios, que alteraram modos de vida permanentemente.
Num belo dia de sol, a prometer o final do inverno, vendo o desenvolvimento que a pandemia leva nos países mais atingidos, sinto um arrepio ao perceber que estão apenas 1 ou 2 semanas à nossa frente…
Num belo dia de sol, que violentamente, qual murro no estômago, interiormente visualizo alguns filmes / séries apocalípticos que prenunciam um futuro disruptivo, morto vivo, tipo “Mad Max”.
Num belo dia de sol, leio que, do pouco que já se sabe acerca deste vírus, afinal não é sensível ao calor, que alguns infectados curados, voltaram a ficar infectados, que aparentemente a famosa imunidade de grupo, atingida após exposição ao vírus de cerca de 70% da população, não será atingida pois só dura 6 meses.
Num belo dia de sol, sou confrontado com a manchete, haverá nova pandemia antes do final do ano!
Num belo dia de sol, começo a pensar que se estivesse a chover, com vento e frio, até sentiria medo, insegurança, talvez até pesadelos, mas não, está um belo dia de sol e estou à janela, fechada, evidentemente, para o vírus não entrar e num belo dia de sol de início de primavera, o que se pode ter senão esperança, senão que o pesadelo termine, que seja possível aproveitar o sol antes que iniciem os fogos…

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Não sou vegano (ainda)


Não sou vegano (ainda)
Há quem queira mudar o mundo, muito bem,
Há quem queira revolucionar o mundo, muito bem,
Eu, com os meus (poucos) cabelos a esbranquiçar
Contento-me em me mudar a mim próprio, por vezes nas nossas incontidas ânsias, esquecemo-nos desse pequeno pormaior…
Apenas deixei de consumir alimentos de origem animal, nestes dois anos perdi muita coisa,
Perdi quase vinte quilitos,
Deixei de ser hipertenso, quando me foi diagnosticada a hipertensão, veio a dica “é normal, é da idade, não caminha para novo, habitue-se”,
Pois bem, com a ausência de alimentos de origem animal, foi-se a hipertensão.
Perdi o hábito de caminhar para a farmácia,
Perdi as dores de cabeça,
As alergias,
Perdi a falta de ar ao subir pelas encostas,
Para que não conste que me deixei de tudo, aviso desde já, que a cerveja e o vinho são frutos fermentados!
Para que seja possível viver neste planeta, devemos reduzir a nossa pegada ecológica, antes mais cedo que mais tarde.
A produção de energia eléctrica é responsável por cerca de ¼, dos gases com efeito de estufa (GEE),
A indústria por cerca de ¼,
Os transportes por cerca de ¼,
A agricultura por cerca de ¼, destes mais de metade tem origem na produção de carne.
A produção de energia eléctrica está cada vez mais renovável,
A indústria está mais limpa,
Os transportes estão a virar eléctricos,
E a agricultura? E a produção animal?
Em Portugal o consumo de carne multiplicou por 5 desde a entrada na EU, em 30 anos, no entanto a população não aumentou.
E cada vez há mais hipertensos, mais alergias, mais doenças oncológicas…
Eu acho que há relação, abandonámos os saberes ancestrais…

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Viagem

O bom do caminho é haver voltaPara ida sem vinda basta o tempo.
Mia Couto

Viajar é como um caminho, se nos leva rumo ao desconhecido também nos traz de volta a casa. Esta etapa africana, em Cambambe, durou cinco anos, foi mais longa que inicialmente previsto. Mas mesmo as etapas longas têm um final.
É bastante saboroso o regresso às origens, à família, à casa, aos nossos cheiros…
As ausências têm um preço, se por um lado nos fazem mais ricos, por tudo o que absorvemos lá nas lonjuras, por outro cobram memórias não partilhadas…

2018 será sem sombra de dúvidas um ano novo por estas bandas, reaprender a partilhar espaços…

sábado, 30 de setembro de 2017

Dever Cumprido

Dever cumprido. Como é possível descrever em duas palavras dez por cento de uma vida? Qual o significado agora que mais uma etapa entra na recta final? Será que irá corresponder a um adeus definitivo a este chão vermelho? Uma terra à procura de um destino. Certa que intensos dias virão, que boa parte do futuro planetário dependerá das escolhas aqui efectuadas. Não é fácil encarar os tempos de incerteza, não por receios, ou dúvidas, talvez porque o baú das memórias começa a acumular estórias, cheiros, cores, momentos, gentes.
Desfrutar. Carpe diem. Como já ouvi dizer, “um dia será o último da nossa vida”, a vantagem é que todos os outros não o serão. Deste modo os sentidos despertos e ávidos, absorvem o máximo que aí está à nossa espera.
Rio. Todos iguais, todos diferentes. Tanta história. Tanta vida. Transporte. Água. Energia. Este foi Coanza, Cuanza, Kwanza. Grafismos. Regras. Cada vez será mais energia eléctrica, Laúca já tem a segunda unidade, já são 668 MW, em 2018 serão 2067 MW a somar aos 520 MW de Capanda e aos 976 MW de Cambambe, Caculo Cabaça será realidade a breve prazo e mesmo Zenzo começa a mexer.

Desafio. Li que em 2100 em África viverão 4300 de 11000 milhões de habitantes do planeta. Esse valor triplicará a população actual de 1300 milhões. Um crescimento populacional em média de 3%. Se a economia crescer a uma taxa de 3%, durante todo o século, o que será um grande desafio, tal não corresponderá a uma melhoria das condições da população. Significará que será um século desperdiçado? Ou um grande desafio que não pode ser adiado?

domingo, 9 de julho de 2017

Sons

Os sons da música embalam a alma numa sucessão crescente de estados, culminando no Olimpo dos deuses sonoro-coloridos, numa arritmia tresloucada de pele eriçada e unhas encaracoladas.
As palavras da música são universais aproximando gentes de todo o planeta, numa simbiose acústico-movimento com ou sem ritmo a bater o pé ou as mãos em aplausos mais ou menos espontâneos.
Algumas peças fazem-nos entrar em modo drone sobrevoando paisagens musicais fantásticas, outras em modo submarino submergindo corais multitribais.
Umas repetitivas até à exaustão, outras melodiosas, umas fáceis, outras nem à décima entram no ouvido, umas puxam ao sentimento outras aditivas.

Umas trazem-nos entes queridos ausentes, outras embalam-nos nos braços de Morfeu, umas fazem-nos sorrir, outras desabar.

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...