sábado, 21 de março de 2020

Tempos de Incerteza



Num belo dia de sol, é à janela, que invejosamente, vejo as árvores a balançar e os pássaros a namorar festejando o começo da primavera, normalmente estaria na rua ensolarada, hoje apenas posso observar, como se fosse um documentário da natureza na Tv.
Num belo dia de sol, vou tomando consciência de estar a vivenciar um momento histórico, pandemias documentadas podem ser contadas pelos dedos, sabemos que existem, que provocaram quedas de impérios, que alteraram modos de vida permanentemente.
Num belo dia de sol, a prometer o final do inverno, vendo o desenvolvimento que a pandemia leva nos países mais atingidos, sinto um arrepio ao perceber que estão apenas 1 ou 2 semanas à nossa frente…
Num belo dia de sol, que violentamente, qual murro no estômago, interiormente visualizo alguns filmes / séries apocalípticos que prenunciam um futuro disruptivo, morto vivo, tipo “Mad Max”.
Num belo dia de sol, leio que, do pouco que já se sabe acerca deste vírus, afinal não é sensível ao calor, que alguns infectados curados, voltaram a ficar infectados, que aparentemente a famosa imunidade de grupo, atingida após exposição ao vírus de cerca de 70% da população, não será atingida pois só dura 6 meses.
Num belo dia de sol, sou confrontado com a manchete, haverá nova pandemia antes do final do ano!
Num belo dia de sol, começo a pensar que se estivesse a chover, com vento e frio, até sentiria medo, insegurança, talvez até pesadelos, mas não, está um belo dia de sol e estou à janela, fechada, evidentemente, para o vírus não entrar e num belo dia de sol de início de primavera, o que se pode ter senão esperança, senão que o pesadelo termine, que seja possível aproveitar o sol antes que iniciem os fogos…

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...