sábado, 31 de março de 2012

Mali

Nos primeiros dias de 2011 saí do Mali. Por um lado a proposta de trabalho vinda de Portugal, representava uma oportunidade única de valorização profissional. Até então nunca tinha trabalhado numa barragem. O desafio soou aliciante, irresistível até. Por outro lado o Mali impressionou-me bastante. Proporcionou-me o contacto com vastas e ricas civilizações, gentes e cidades tão ricas, que nunca as conseguirei apagar da memória. Estudei um pouco da história oeste-africana, soube de riquezas passadas fabulosas. Conheci gentes unidas por laços, que agora sei o frágeis que eram, de amizade e companheirismo que me tocaram.

No entanto, havia algo no ar. Era, para mim, palpável que a história maliana não estava escrita, mas em curso. Aleguei junto dos companheiros de situação que um véu me tolhia os estares. Informei os responsáveis em Lisboa que não era correto enviar gente para tais bandas sem, previamente lhes prestar juízos sobre o que os esperava.

Quando apenas um ano passado, os acontecimentos ultrapassaram os meus piores receios. A guerra civil está aí para durar. Como todas não terá vencedores, apenas perdedores. A juntar a isso, um golpe de estado.

O povo que tão mal passava, pior passará nos tempos mais próximos. Tenho o coração partido. Tenho amigos dos dois lados do conflito. No entanto nada posso fazer. Sei que um país pobre com mais de cinquenta povos diferentes, com história de conflitos passados, necessita de grandes líderes, que ponham o coletivo à frente do interesse pessoal.

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...