sexta-feira, 28 de junho de 2013

Amanhã


O dia é amanhã!
Alguém diz que a esperança é vã…
O equador vou cruzar
Daqui vou zarpar
As estações vou inverter
O sol vai-me derreter!
Eu também quero ir
Não preciso fugir
Dias cheios de cor
Antecipo o sabor
De um ensopado de enguia
Amanhã é o dia!

domingo, 23 de junho de 2013

Ainda...

Tudo o que quero é ser livre. Tudo o que queremos é ser livres. O que os estados, por intermédio dos seus governantes, as igrejas por intermédio dos seus representantes e as empresas de marketing por intermédio de todos os estratagemas a que podem deitar a mão, querem é controlar-me, controlar-nos. Como é que sei isto, sabemos, e deixo que o controlo aumente a cada dia, sem nada fazer. A publicidade entrou de vez na política. Os estudos de mercado, permitem um conhecimento alargado da consciência colectiva. Sempre que baixamos a guarda lá vem mais uma “à 1984”. Desta feita o americano Snowden explicou o que o governo do seu país está a fazer. Que inclusive pirateia empresas de telefones chinesas. Escuta tudo o que se passa na net. Os americanos concordam, em nome da segurança. Acho que irão concordar sempre até chegar à sua vez…
“Se queres vender armas, cria inimigos”
Já há alguns anos que africanizo. Transformo as histórias, tantas vezes ouvidas, em ocorrências minhas. Começo a entender o que tantos, brancos e pretos, passaram por estas terras. Histórias tantas vezes brutais, tantas vezes belas. África à semelhança do seu clima, pode ser impiedosa, sendo igualmente maravilhosa. Este chão vermelho impregna-se em todos os poros de quem por cá caminha. Independentemente das opiniões e “feridas” de cada um, se algo salta à vista é que estes povos que por cá andam, mereciam melhor sorte, não no chão ou no clima, que aí não podemos fazer muito, mas no término de conflitos, tantas vezes estranhos, tantas vezes exógenos, e no verdadeiro aproveitamento da maior riqueza que qualquer terra pode ter, o seu povo! Aproveitamento não no sentido de exploração, mas no de oportunidade, equidade. Se tantos consideram que houve regressão na europa neste último lustro, o que haverá a dizer da regressão experimentada por estas terras nas últimas 4 décadas…


Como se diz por cá, quando alguma tarefa urgente está por concluir: “ainda”

domingo, 16 de junho de 2013

Tempos Difíceis


Nas alturas difíceis forjam-se solidariedades. (Re)aprende-se a colaborar. É nas dificuldades que se ganha o espírito de sacrifício. Que se aprende a sofrer. Para se formar um salto há que pôr os pés no chão e formar o impulso. Os verdadeiros amigos são aqueles que comeram connosco o pão que o diabo amassou.

Tanto haveria mais a dizer acerca de tempos passados em que os sobreviventes empreenderam a sua demanda por um sentido de vida, que poupasse os seus descendentes às dificuldades que foram obrigados a passar. Quando os tempos melhoram recordam-se com nostalgia e muitas vezes com um sorriso nos lábios, os tempos difíceis passados. Contam-se aos filhos ou netos histórias do tempo em que uma sardinha dava refeição para dois, quando eles dizem não gostar de peixe. Sempre com a esperança que eles não tenham que passar pelo mesmo.

Pois bem, esses tempos estão de volta, infelizmente. Há que aproveitá-los para fazer uma “reforma” sobre as nossas vidas. Temos que reaprender a exigir que aquilo que compramos, com tanto sacrifício, valha o que nos pedem. Temos que exigir aos eleitos que cumpram um mandato de acordo com as propostas que nos apresentaram. Que impedir que uma vez eleitos, esqueçam a democracia por quatro anos, esqueçam que só lá estão porque nos apresentaram um programa, o qual validámos. Temos que aprender a cobrar.

Temos que exigir a revisão da constituição (ou uma nova) onde fique bem claro, que quem governa tem um mandato que começa e acaba nas suas propostas eleitorais, nem mais nem menos. Até podem baixar vencimentos, despedir e cortar nas reformas, desde que isso esteja explícito no seu programa eleitoral. Temos que voltar a acreditar, antes que seja tarde e isto impluda e para além das desgraças todas que se abateram sobre nós, alguma espécie de totalitarismo volte a deixar a sua sombra negra sobre estas terras sofridas.

Algo está a mudar. Hoje voltou a discutir-se política. Queremos saber onde se corta e porquê. Onde se gasta e porquê. O debate vai evoluindo. A exigência vai aumentando. Os “boys” vão perceber que estão encurralados. Que o futuro não passará por eles. Têm que se fazer à vidinha. E isso mais cedo que tarde.

A mãe Terra tende sempre para um equilíbrio, por vezes violentamente. Afastámo-nos muito da natureza, e pensávamos que a espécie humana tinha todos os direitos sobre tudo o resto, aos poucos começamos a compreender que afinal não é bem assim. As alterações climáticas estão aí para comprovar que vivemos integrados num sistema, sem o qual não sobreviveremos. Somos parte do todo. A economia parecia uma criação do homem com regras próprias, a comprovar a nossa ascendência celestial, nada como um choque com a realidade para perceber que as leis que regem a economia são as mesmas que regem a natureza. A reação será violenta.

Não tenho dúvidas que sairemos mais fortes no final. O que não sei é quando. Nem quantos…

domingo, 9 de junho de 2013

Voo


Havia magia no ar. Sentia-se a cada inspiração. O céu vermelho. A brisa constante que estacou subitamente. Os chilreios inaudíveis. Sentia-se parte de um quadro, só não identificava qual… Reconhecia cada detalhe. Mais um esforço de memória e nada. Sentia que estava a ser testado. O silêncio que o acompanhava normalmente nas mais estranhas situações não faltava, dando-lhe uma sensação de segurança. Inspirou fundo. Fechou os olhos. Começou a reconstruir cada detalhe. Como chegara ali. Que estranha sensação de bem-estar lhe chegava desde o chão, o calor subia ruborizando as faces. Caminhara tanto para ali chegar. Ultrapassara tantos obstáculos. Desligou os sentidos, numa tentativa para isolar-se da envolvência. E foi então que compreendeu. Sorriu. Voltou a abrir os olhos. Pássaros de todas as cores e tamanhos irromperam num esvoaçar ébrio, em todas as direções sem nexo algum. Chilreios, grasnados, pios. Estava no ponto mais alto do céu. Escolheu a presa. Inspirou fundo, fechou as asas e iniciou voo picado, rápido atingiu os 300 km/h, não havia fuga possível. Quando o pobre pombo foi atingido, nem se tinha apercebido ainda da presença do mais rápido voador natural do planeta. O “Falco peregrinus”, falcão peregrino tranquilamente voava em direcção ao ninho, onde era aguardado efusivamente pelos filhotes…

domingo, 2 de junho de 2013

(Des) sonhar


(Des) sonhar. É a sina de tantos por estes dias…

Segundo um provérbio tibetano, se um problema não tem resolução, então não é um problema, é um facto. Se um problema tem resolução, então não é um problema, basta resolver.

Numa época, dita, sem líderes carismáticos, cinzenta, sem desígnios, “de fim de festa”. Os políticos passaram a ser “pragmáticos”, sem programa. A “realpolitik” passou a dominar. Os interesses pessoais estão completamente por cima dos comuns. Um tempo sem ideologias. Descrença, desemprego, desvario, destruição, desespero, des…

É chegado o tempo de resolver. Passar de uma vez por todas a reparar nos pormenores. Ler as letras pequeninas. Ouvir o que dizem os políticos. E cobrar! A democracia é o exercício do poder por representantes do povo, que para tal se habilitaram, mas também é a prestação de contas. E aí reside o nosso problema. Levamos pouco a sério as eleições. Melhor dizendo, não cobramos as promessas não cumpridas após o cumprimento dos mandatos. Deixamos aquilo que devia ser a mais nobre das ocupações, a causa pública, ser desvalorizada até ao nível da sarjeta. Não cuidamos do que é nosso. Permitimos que qualquer um se arrogue o direito de governar. Não exigimos um caderno de encargos, claro, conciso e preciso. Não cobramos.

Dito isto, verifico que ao longo da história só por breves momentos tivemos elites merecedoras de tributo. No mais apenas oportunistas e personagens menores. Dos actuais apenas constato que se tivessem consciência do lugar abjeto que a história lhes reservou desde já, teriam vergonha do papel a que se estão a prestar.

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...