segunda-feira, 29 de junho de 2009

Xapi em forma


O Xapi sofreu um acidente muito grande, à cerca de um mês e meio, que lhe provocou uma fractura na pata esquerda dianteira. À época fiquei bastante preocupado, pois a visão dos estragos foi muito forte. Encontrei aqui em Sélibaby um veterinário, o Dr. Wague, que tratou muito bem do caso. Passado este tempo podemos ver que o Xapi está bom, diria até demasiado bom, pois está enorme e gordo. É o maior cão que já vi na Mauritânia. Para quem não conhece esta raça digo o seguinte, o Cão Pastor Mauritano, é um animal dócil, manso, amigo das pessoas e embora possa participar em grandes deslocações, não esquecer que está habituado ao nomadismo, não desdenha passar todo o dia a descansar. Claro que aqui as temperaturas são muito elevadas. Gosta do seu banho. Aqui o Xapi, gosta mesmo bastante da parte do descansar e do banho. Fica toda a gente muito admirada quando o vê a tomar banho. De tão calmo que está. Quando o quero levar a passear é só abrir a porta do carro e imediatamente salta lá para dentro. Adora um passeio de carro com a cabeça à janela.













domingo, 28 de junho de 2009

Aconteceu o inevitável!

Aconteceu o inevitável! De facto toda a gente já estranhava. Algo não ia bem. Não era uma situação normal. Pergutam vocês - afinal o que se passou? - Aquilo que todos esperavam. Numa casa onde só habitavam machos, já há cerca de dois anos, o que faltava? Claro. Uma fêmea! Pois bem, aqui estou eu a apresentala. Estas são as primeiras fotos da Tavinha! Como podem ver este ar púdico e meio envergonhado não engana. É mesmo uma fêmea. Podem vê-la sonolenta, a coçar-se, a fazer aquele ar curioso...
E pronto aqui está a Tavinha, apresentada à sociedade. Agora já não há qualquer razão para a casa apresentar aquele ar desarrumado, vulgar onde habitam apenas machos.













sexta-feira, 26 de junho de 2009

Montar um Camelo















Nestas fotos podemos ver como eu finalmente montei um camelo e estou aqui para contar como foi. Diga-se que o camelo (é como eles lhe chamam aqui, na realidade são dromedários) é muito mais alto que um cavalo, mas como ao contrário dos cavalos eles baixam-se para nós subirmos e descermos, o único problema é se tivermos vertigens. Para já foi a experiência. Para a próxima será um raide de um dia inteiro, e aí já não sei como ficará o fisico, pois isto necessita de práctica. Mas isso são outros quinhentos. Para já fica a amostra de como o bicho sobe depois de subirmos. Parece que nunca mais pára de subir...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tempestade

O dia rapidamente em noite se transformou
O azul ficou branco, logo depois cinzento
O cinzento escureceu rapidamente e negro ficou
O vento sibilou advertindo todos com um lamento

A escuridão só pelos relâmpagos era interrompida
Cada vez mais próximos e com mais intensidade
O ribombar dos trovões começou a partida
Duvidas desfeitas. Faltava apenas saber a quantidade

Ei-la que chega, primeiro como uma tormenta
Logo depois como quem vem para ficar
É a vida quem ganha, a secura já se não aguenta
Se a todos molha, ninguém se parece importar

Continua forte. Cada vez mais intensa
A terra seca e gretada rapidamente se transforma
Que isto aqui não é como se pensa
Rios alterosos rapidamente ganham forma

Torrentes galgam a margem
A água antes de dar vida
A todos dá a mensagem
Aqui a vida é sofrida

Ouvem-se risos cristalinos
Toda a gente está contente
Hoje não há desatinos
É a vida que se renova como uma semente

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Boa Viagem

24 de Junho de 2009, quarta-feira. Ontem, mais uma vez foi dia de despedida. As despedidas são sempre emotivas quando de amigos se trata. Por acréscimo, se essa despedida for um até sempre ou até nunca mais, se o mais provável for que não voltaremos a cruzar os nossos caminhos, fica um aperto na garganta. Claro que a vida continua. Para os dois lados. Cada um de nós tem uma vida a construir. Até ao fim. Mas estes breves momentos, em que interagimos com pessoas especiais, são eles mesmos, momentos inesquecíveis. Sei bem que tudo na vida é contínuo. A vida é uma roda que não pára. Resta-nos saborear os bons momentos, aproveitar as boas companhias e continuar a rodar. Até sempre Kim! Boa viagem

terça-feira, 23 de junho de 2009

Amigos

O dia da partida aí está
Dois anos terminados
Trabalhos executados
A vida continua lá

Muito calor partilhado
Alguma cerveja também
Um abraço suado
Como só os amigos sabem

Selibaby aqui fica
Com a chuva a chegar
A terra fica mais bonita
Fica verde de cegar

Cada um à casa torna
Novos desafios vos esperam
Aqui nesta casa morna
As memórias prosperam

Memórias de bons momentos
Outras de lamentos
Os corações sentidos
O latejar no peito dos amigos

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Verão

Quando o calor aperta
E a sede desperta
Quando deixamos a porta aberta
Quando conversamos ao serão
E cheiramos aquele melão
É porque é verão

Verão é sol
É calor e praia
Pára o futebol
É tempo de minissaia

Dias longos como o tempo
Tempo que estica com um lamento
Lamento que nesta época, até o vento
Tudo queime sem argumento

É no verão de encantos tamanhos
As férias chamando por nós
Vai todo o mundo a banhos
Que mais se nota quando estamos sós.

domingo, 21 de junho de 2009

Verão

21 de Junho de 2009, domingo. É verdade. Começa hoje o verão. Quer isso dizer que o sol atingiu o trópico de câncer e vai começar a descer em direcção ao equador. Quer isso dizer que vai voltar a passar aqui por cima. Quer isso dizer que voltaremos a perder a sombra. É curioso porque só quem passou pelos trópicos sentiu o que é não ter sombra. Agora a sombra ao meio dia indica o sul. Até finais de Julho. A lua aqui também nos brinda com uma posição zenital, quando fica cheiinha. Para além disso quando está no quarto crescente apresenta uma posição deitada, ficando tal como aparece na bandeira mauritana. Estas chuvas estão a ser muito irregulares, existem zonas onde já choveu três ou quatro vezes e estão todas verdinhas, tipo campo de golfe, outras ainda não apresentam qualquer sinal de vida… O mais importante de tudo é que já só faltam três semanas para voltar a casa…

sábado, 20 de junho de 2009

Mistério

Quem és tu?
Que queres de mim?
Algo procuras?
Será que vislumbro um sim?

Achaste por fim?
Tens medo do que descubras?
Encontraste e não é alecrim
Ou é o rei que vai nu?

Mistério
Desconheces o desconhecido
Mais a sério
O que poderia ter sido?

Não sabes o que fazer
Agora que descobriste
Alguém tem que te dizer
Aquilo que viste

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Triangulo

Razão!
Qual razão?
Qual será a Razão?
Qual será a causa da razão?
Qual será a causa?
Qual causa?
Causa!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Flor

Pode lá haver algo mais belo que o amor?
Existirá algo que produza mais dor?
Que poderá cheirar melhor que uma flor?
Será essa a razão do teu vigor?

Quando o teu rosto observo
E teu olhar encontro
De imediato sou teu servo
E teu é meu ombro

De canhões medo não tenho
A morte não me amofina
Assusta-me que não gostes do meu desenho
Nem do meu ar traquina

Por mais aromas que criem
Com toda a tecnologia
Impossível será que assinem
Um melhor do que já havia

Vejo-te como uma flor
Cada dia mais forte
Imagino se essa sorte
Provirá do amor

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Verde

Que estrondo. Lá foram os pratos
Começou a Guerra?
Ou é só a Terra
A reclamar dos maus tratos

Noite iluminada como se fora dia
Que é isto? Não pode ser vento
Sopra por tanto tempo
Há muito que tal não ouvia

Chuva!? Com esta intensidade?
Mais parece que deslocaram o mar
Pobre cidade
Saberás nadar?

Em três dias apenas
Da areia estéril surgiu vida
O verde está em todas as cenas
Pincelando de esperança uma paisagem colorida

Ei-las que chegam
De todas as cores e tamanhos
Aves lindas que não vergam
Voando sobre os rebanhos

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Água

15 de Junho de 2009, segunda-feira. Passa pouco da meia-noite. À hora que escrevo estas linhas começou a chover, este facto só por si nada tem de especial, aparte estarmos no sahel, quase deserto. O que torna especial este momento é a capacidade que a natureza tem de construir destruindo!? Antes da chuva tivemos mais de uma hora de tempestade de areia, com uma quantidade de pó no ar, inimaginável. Para não falar da trovoada que já dura há mais de duas horas, primeiro ao longe, sem ruído, mas com uma cadência semelhante ao disparar de flashes quando alguma estrela de cinema se apresta a entrar pela passadeira vermelha numa noite de Óscares. Agora já bastante audível, para que, mesmo aqueles que não mostraram o respeito de ir ver o que se passa, ficarem a saber que a mãe natureza está aí, a fazer das suas. É de facto um espectáculo inolvidável. O ribombar dos trovões ecoa bastante próximo já. É o começo de uma transformação incrível que esta terra vai ter. As ervas vão brotar do chão nu e estéril. Em poucos dias tudo ficará verde. As pequenas colinas, guidimakha, em soninke, que dão o nome a esta região, ficarão com um aspecto maravilhoso. Os animais que sobreviveram à seca, voltarão a ter que comer. As crianças voltarão a nadar e a rir. Esquecerão por três meses, quão árida é esta zona. Por três meses não precisarão de fazer quilómetros para buscar água, pois têla-ão à mão todos os dias. Voltaremos a ver as roupas coloridas estendidas nas árvores para secar após a lavagem, que agora pode finalmente ser feita. É certo que a partir de amanhã teremos a companhia de milhões de insectos, contrapondo o quase vazio da estação seca. Cada dia serão diferentes. Aqui há muitas variedades de efemérides, insectos que estão no seu estágio adulto um simples dia. É verdade. Então num dia teremos milhões de bichinhos pretos, pequeninos e redondos, no seguinte uns maiores, oblongos e castanhos. A seguir serão uns perigosos que deixam uma marca que não se esquece, como uma queimadura. É certo que sair à noite passa a ser complicado, excepto quem não se importar em ter MUITA companhia. É também agora que o mosquito da malária recomeça a fazer das suas. Goste-se ou não é nesta altura que se gera vida para o resto do ano. Claro que vamos ficar isolados durante uns dias. Que iremos ficar atascados nalgum sitio. A lama substitui o pó. Mas os camponeses irão semear os campos. O gado vai engordar. Voltarão a chegar bandos de pardais e toda a sorte de aves. É agora que teremos a oportunidade de fazer aquela foto, tão ansiada. É a água. É a vida!

domingo, 14 de junho de 2009

O Amor

O Amor é olhares e veres
O Amor é escutares e ouvires
O Amor é estremeceres quando ouves um poema
O Amor é chorares quando vês uma flor
O Amor é teres alguém a teu lado hoje
O Amor é saberes que há alguém à tua espera
O Amor é o teu coração tão grande
O Amor é tudo e é tudo!

sábado, 13 de junho de 2009

She's the One

There she goes
In her way
I can’t look away
Whatever it takes
Since first time get caught
On her endless sashay
There’s nothing alike
That’s what I can say
She’s the One
I can’t help it
She’d notice my eagle eyes
I can’t help it
Now or never
Must be fastest
She’s the One
I can’t lose her
There she goes
She’s the One
Now or never
She’s the One
On her endless sashay

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O vento

O vento carrega notícias de longe
Tão longe como o tempo
O tempo vadia languidamente era após era
A era dos feitos heróicos já finalizou
Heróis improváveis, podemos ser todos
Todos temos a nossa voz
Vozes ao alto, seremos escutados
Quem escuta ouve
Quando se ouve chegam muitas surpresas
Precisamos de surpresas como de pão
O melhor pão vem de hábeis mãos
São as mãos que fazem o Homem
O Homem urdiu os moinhos
Moinhos são movidos pelo vento
O vento carrega notícias de longe…

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Perguntei ao vento

Perguntei ao vento:
Onde é que a chuva está?
O vento ficou inquieto por um momento,
Queres saber já?
Perguntei ao vento:
Onde é que a chuva está?
Deixei-a acolá!
Apontou com um lamento.
Perguntei ao vento:
Onde é que a chuva está?
Qual é a tua pá?
Pareces um tormento!
Vou-ta mandar já!
Tanta como nunca viste!
Tudo tem o seu tempo, ouve lá
Mas que chato me saíste.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Saudades e eleições

8 de Junho de 2009, segunda-feira. Estou a cinco semanas de regressar a casa. É ainda muito tempo, mas simultaneamente prenuncia o regresso mais uma vez ansiado. Quando as saudades começam a apertar fica um nozinho na garganta que custa a engolir. Este fim-de-semana os meus putos deram-me uma grande alegria. Num concurso de instrumentistas, ambos se qualificaram para a segunda fase. A Inês em clarinete e o Xavier em violino. As notas de ambos estão bem e recomendam-se. Aí por Portugal pelos vistos o tempo é que nunca mais aquece, porque de resto é um ano de notícias que não param, embora a maioria por razões menos boas. Aqui ao contrário nunca mais arrefece. As novidades sendo menos são no mínimo curiosas, senão vejamos: Em Agosto de 2008, houve aqui um golpe de estado, com deposição do Presidente. O general golpista, que não foi reconhecido por muitos países, resolveu plebiscitar a sua posição como chefe de estado. Em Abril marcou eleições no prazo mínimo que a lei permite, 45 dias. Para poder concorrer teve que abdicar do cargo de Presidente e do de CEMGFA. Tudo muito bem. Colocou pessoas de confiança nestes cargos, curiosamente dois Pulares – etnia minoritária no país – e começou uma campanha devidamente preparada. A maioria da oposição nunca aceitou concorrer por considerar que o dito não poderia concorrer por inferir uma norma da UA a que curiosamente a Mauritânia havia ratificado em Abril de 2008 pelo presidente deposto, que dizia que quem fizer um golpe de estado não se poderá apresentar nas eleições seguintes. Também devido ao pouco tempo dado para se organizarem. Houve pressões de todo o lado. O homem não se comoveu. Três dias antes das eleições uma comissão que incluía elementos afectos ao presidente mais elementos da oposição, reunida em Dakar, acordou em adiar as eleições para 18 de Julho. Mais para este se poder candidatar havia que anular o golpe de estado. Como é que isso se podia fazer? Voltando a colocar no poder o Presidente deposto quase um ano antes, com a condição que o único acto do seu mandato seria pedir a demissão! Assim se fez. Moral da história: O tio do candidato golpista – que afinal já não é – candidatou-se também. Dir-me-ão, qual é o problema? O problema é que o tio foi quem fez o anterior golpe de estado em 2005. É também militar. Partilha os mesmos apoios. Pertence à mesma família, de facto e politica. Para além do mais é tio, né? Os oposicionistas também se vão candidatar. De repente o plebiscito já o não é. Aqui muitas pessoas apoiam quem pensam ir ganhar, desta forma poderão sentar-se à mesa da partilha. Onde é que eu já vi isto? Mas de qualquer modo aqui isto é mais verdade. A equação está muito complicada. Já não se fazem prognósticos. Em relação à meteorologia, podemos dizer que nunca mais chove. Começou cedo, a 13 de Maio, mas só repetiu a 15 do mesmo mês e daí para cá, nadinha de nada. Já vi vacas a comer os restos mortais de um burro! Comem cascas de árvores! Comem os seus próprios excrementos! A água é uma miragem. Para a obra está bem, os trabalhos avançam finalmente com um rumo próprio de quem quer acaba-la. Para a população local contudo perspectivam-se dias cada vez mais difíceis, se isso é possível. Por mais estranho que possa parecer a minha horta continua a fornecer frescos. Alface, rúcola, rabanetes, cebolas, beterrabas, beringelas, quiabos, chicória, salsa, hortelã, menta, alhos-franceses, tomates…

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Boudama, Garfa, Salem e Sol

Aterro quase concluido em Boudama, hoje já está terminado.
















Garfa, Duas vistas da ponte já com todas a vigas colocadas.



A ponte sobre o Oued Salem foi a primeira a terminar. Já se pode passar por cima.



Hoje o sol nesta região era branco, devido à quantidade de poeira no ar. Podemos então dizer que hoje foi dia de Sol Toubab!



Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...