quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O clic do interruptor

Criadores de lagos, incansáveis lançadores de concreto, hora após hora, dias sem fim.

Modeladores de horizontes, humanizam duros rochedos.

Paredões sustêm quilómetros de água.

Quantos cálculos, tantas discussões…

A vontade do bicho homem tudo verga, molda, constrói.

Quando o homem quer, faz acontecer.

Se uma vontade é coletiva, nada se lhe pode opor.

Mas quando a divisão impera, a indecisão lidera, o comodismo reina, o fracasso é inevitável.

A prosperidade traz a ilusão,

os amanhãs que cantam.

A vontade amolece.

Vai-se a tesão.

Nada acontece.

As mãos nada plantam.

O espírito enfraquece.

Tudo foi em vão.

Nada apetece.

Estamos naquelas alturas da existência, em que das duas uma, ou se esboroa o maior império, ou acontece uma reviravolta épica. A diferença entre a escuridão e a luz, é o clic do interruptor…

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Último Segredo

Quando alguém abandona a sua zona de conforto e afronta, qual David, o gigante Golias, que responde por Cristianismo. Quando um autor de sucesso “esquece” o politicamente correto. Quando uma figura pública diz o que pensa, independentemente das ondas de choque que tal provoque. É caso para tirar o chapéu.

Eu tiro o meu chapéu ao José Rodrigues dos Santos.

Com o seu recente romance expõe a fragilidade da “construção” em que toda a Europa baseou a sua civilização do derradeiro par de milénios.

Independentemente da narrativa ser uma mera “imaginação diabólica” ou algo mais sério, expõe cruamente fragilidades, falsificações, contradições, impossibilidades. Não se esconde atrás de nada, é duro como apenas a razão permite.

Uma instituição que abrange mil milhões de crentes, para se expor deste modo, para permitir tais certezas, tem que basear as suas fundações em pés-de-barro. Não é possível contra-argumentar perante tais acusações, apenas com a (má) fé.

Não sei se para o bem se para o mal, creio que este continente está definitivamente a perder protagonismo, a nível populacional já representa apenas cerca de 10% das almas. A economia está de rastos, de mão estendida a pedir aos chineses ajuda, para evitar o inevitável. A religião que comandou durante séculos (quase) tudo aqui e além, esboroa-se qual castelo de cartas. O sistema económico que vingou após tantas guerras, entrou em autofagia. O sistema político que nos derradeiros vinte anos surgiu como o baluarte dos justos, dá sinais de esgotamento inexorável.

A vida é feita de ciclos. Tudo o que sobe tem forçosamente que descer. Infelizmente no momento em que, pela primeira vez na história, tantos tiveram acesso a tanto, estamos no cimo de uma cascata, sem hipóteses de voltar a trás, donde só podemos, não descer suavemente, senão cair abrutamente!

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...