sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ataque durante a noite

27 de Fevereiro de 2009, sexta-feira. Quando pensamos que temos tudo sob controlo acontece o inesperado. Esta noite foi tudo menos espectável. Por volta das 5h30m acordei a ouvir o Xapi a ladrar muito e forte. Levantei-me para ver o que se passava, cheguei à cozinha abri a janela e espreitei para fora. A imagem é difícil de esquecer. Um cão enorme abocanhava completamente o Papis. Enquanto o Xapi lhe ladrava. Saí a correr gritei e o cão largou o Papis. Corri-o à pedrada. Fugiu e o Xapi sempre a ladrar atrás dele. Desapareceram os dois. Chamei o Xapi que voltou para junto de mim. Fui ver o Papis. Estava em muito má condição. Fiquei alguns minutos lá fora. Quando notei, o cão estava a menos de cinco metros de mim. Voltei às pedradas. Fugiu. A noite tinha sido muito má para mim. Diarreia. Vómitos. Má disposição. Entrei para fazer um chá. Voltou o Xapi a ladrar. Voltei à janela. O cão estava de regresso e mais uma vez o Papis estava dentro de uma bocarra enorme. Voltei a sair. Largou o macaco e corri-o novamente à pedrada. Desta vez pessoal acordou. Vieram ver o que se passava. Tomaram conta do Papis. Curativo. Pensei que não se safava. Vamos ver. Passou um dia difícil. Quanto ao Xapi, foi uma surpresa. Um cachorro que só quer brincar. Adora colo. E que se passa com umas festas. Defendeu o amigo. Enfrentando um cão enorme. O Messias diz que o Xapi agora é o Cão da Base. Esta noite o Papis vai dormir cá dentro, pelo sim pelo não. E eu melhorei com o chá.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O Baobab caiu


Estas fotos documentam o grande baobab de Jedida, que motivou a alteração do traçado da estrada. Com a sua queda fica uma curva, agora sem sentido.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A Curva do Baobab

18 de Fevereiro de 2009, quinta-feira. Hoje foi um dia triste para mim. Consegui, à cerca de um ano o desvio da estrada na zona de Jedida, para salvar um enorme Baobab, com cerca de 10 metros de perímetro e uns 25 metros de altura. Pareceu-me lógico que se todos os terrenos são do estado, porque não desviar a estrada para salvar uma árvore tão imponente. Por mais modestos que sejamos todos temos a secreta esperança de ver reconhecidas as nossas acções pela sociedade. Eu não fujo à regra. Também tinha essa esperança. Vejo agora que posso esperar sentado. Quando passei em Jedida de manhã, tudo bem. No regresso nem queria acreditar. Como é possível uma árvore daquelas cair assim. Sem avisar. Sem chuva, sem vento. Sem um ai. Poderá ser encarado como um acto de traição? Como uma acção do destino? Estaria escrito que o velho Baobab estava condenado? Será a África nativa a dizer aos Toubab que não a voltam a colonizar? Será apenas uma coincidência? Não sei. Quero pensar que terá sido apenas a forma de um velho general morrer dignamente. Caiu de pé. Quando chegou a sua hora. Sem testemunhas. Sem razão aparente. Fica a homenagem de uma curva, agora, sem razão. Quando ali passar serei o único a saber, que aquela é a Curva do Baobab.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Mentalidade de Toubab

17 de Fevereiro de 2009, terça-feira. Há coisas que não mudam facilmente. Continuamos sem antena parabólica. Já tenho a televisão. Já dá para olhar para ela e imaginar como será quando funcionar. Os trabalhos da estrada chegaram a Gouraye. Já é do rio Senegal que tiramos água para as obras. As deslocações são agora muito grandes. O Xapi está a ficar muito grande. Adora ir para a horta fazer rali. Ontem caçou uma rola. Já o vi várias vezes com rãs na boca. Há que fazer pela vida. O Pedro Baptista esteve aqui vários dias, foi connosco a Bakel, na sexta-feira, foi um espectáculo. Parecia um daqueles dias, como inicialmente, boa companhia, muita Flag, muita energia. Comemos chibujine (prato local, com arroz, peixe e muito picante, come-se de um recipiente grande e único, à mão) e umas sandes de ovo. O Hassan fartou-se de dizer que a americana (esposa) do Pedro devia ir mais vezes a Dakar, para ver se ele vinha mais vezes a Selibaby. Ficou a promessa de voltar mais amiúde. A nossa bananeira grande, que todos diziam ser “macha” tem um cacho de bananas de tipo “XL”. Aqui tudo dá. Finalmente sete meses depois da nossa proposta, de fazer dalots “in situ” começou-se finalmente o betão do primeiro. Mais vale tarde que nunca. Na minha mentalidade de Toubab, há uma coisa que não irá entrar nunca, a falta de capacidade de antecipar situações e prever o que fazer para não se tenha que parar por falta de equipamento ou materiais, ou mesmo água… Estou a ouvir Jason Mraz, está-me a saber bem, condiz com o meu estado de espírito actual. Parece-me finalmente que as coisas em casa estão a ganhar caminho e a razão de ter vindo sobrepõe-se a tudo o que perdi. Mesmo em situações que à partida parecem não acrescentar nada, é sempre possível ganhar algo único. Nunca mais serei o mesmo, que saiu de Portugal à 18 meses. É verdade. Já passaram 18 meses. O tempo aqui passa diferente. Não digo mais rápido ou mais lento. Apenas diferente. Se por um lado parece que foi ontem, por outro foi à uma vida. As condições extremas predispõem-nos para atitudes mais intensas, por um lado surgem amigos improváveis por outro, aparecem uns indivíduos que nunca conseguirão ser Homens com agá grande.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Nesta altura ainda tinha cabelo


Mandou-me a Alice, esta foto. Quando estava a estudar Agronomia e estava em casa dela. Foi à uma vida. "Brigadinha"

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Ao que isto chegou

Os dois amigos, partilham a cama.


Bricam todo o dia.


"É pá isso é meu"








Técnico de antenas parabólicas.
Vejam a nitidez da nossa imagem. É melhor que HDTV. Pode-se dizer que é a verdadeira TV a 3D. Talvez por estarmos em África, os canais que se vêm melhor são os da natureza...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Vida em Sélibaby II

2 de Fevereiro de 2009, segunda-feira. Desde à uma semana a esta parte o calor voltou, forte, a dizer que é ele o rei por estas paragens. Por isso ver as notícias dos temporais que assolam a Europa em geral e Portugal em particular, parece muito distante, como se de outro mundo se tratasse. Aqui por casa as atracções são o Xapi e o Papiss, dois heróis improváveis, que cada dia se dão melhor. Um cão e um macaco. Chegam a ter uma audiência superior a alguns espectáculos. Fazem gala de não nos defraudar. Na hora de dormir, fazem-no juntos e se o Papiss, se afasta, ao fim de algum tempo o Xapi vai ao seu encontro e aconchega-se. Só visto. A minha horta está bem e recomenda-se. Faço saladas com dez ingredientes, unicamente provenientes daqui. A antena parabólica ainda não funciona. A televisão que pedi ao Michel para comprar em Nouakchott, ainda não chegou. Vamos ver esta semana. No entanto a instalação dos cabos está terminada.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Xapi em grande

Parece mentira mas o Xapi tem apenas um mês. Para quem acha que ele tem mais olhos que barriga, só digo isto, ele limpou o osso, comeu a chicha toda.

Xapi = Ideiafix

O Xapi, faz-me lembrar o Ideiafix, o cão do Asterix. Quando os gauleses fazem uma festa, inevitavelmente, o Ideiafix acaba a comer um osso maior que ele. Vejam e digam o que acham.














Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...