domingo, 27 de abril de 2014

Etosha

Na próxima semana vou visitar e conhecer um parque de vida selvagem na Namíbia. Após mais três anos em África, finalmente vou ter, espero, a oportunidade de conhecer algo que até hoje só vi pela televisão. Coloco aqui a tradução que fiz de um prospecto do Parque Nacional de Etosha. Veremos se as expectativas são preenchidas, ultrapassadas ou apenas uma ilusão... Mas lá que promete, isso é inegável.

Antes de o Parque ser um Parque

O nome surge naturalmente, invocando imagens de caçadores-recolectores que estavam entre os primeiros residentes do Etosha National Park. O nome Hai||om é devido aos problemas experimentados pelos Hai||om com mosquitos e malária. Para afastar os mosquitos eles construíam andaimes de madeira com uma plataforma chamada ‘#heeb’ numa árvore e por baixo queimavam plantas que afastavam os mosquitos. Isto explica porque os Hai||om também são chamados ‘povo das árvores’ ou ‘moradores nas árvores.

Os homens caçavam usando uma combinação de sorte, perseguição paciente e o poder de uma seta envenenada para matar. As mulheres recolhiam comida a partir das plantas. Enquanto apenas três em cada dez caçadores Hai||om eram verdadeiramente especializados, a mulher nunca regressava a casa sem algo para comer – mesmo que isso representasse andar mais de 20 km em território de leões carregando uma criança às costas!


Hoje o Projecto Xoms |Omis, uma iniciativa que trabalha com os Hai||om para preservar a sua história cultural, económica e ambiental em Etosha, tem como objectivo proteger os laços dos Hai||om’s ao passado e à terra.



Namutoni

A construção do primeiro forte em Namutoni foi terminada em 1903. Era utilizado como posto de controlo num esforço para conter o alastrar da peste bovina que dizimava o sul e leste da África.

Em 1904, 500 soldados Owambo do Rei Nehale lya Mpin - gana de Ondonga, comandado pelo Capitão Shivute, atacou Namutoni. As tropas alemãs que nãp foram mortas durante os combates, fugiram a coberto da noite e o forte foi completamente queimado. Em 1905 o forte foi reconstruído e em 1906 o Primeiro Tenente Adolf Fischer tomou o comando. Fischer tornou-se o primeiro Guarda-de-Caça de Namutoni, e a depressão vizinha exibe o seu nome.

Em 1996, o primeiro Presidente da Namíbia, Dr Sam Nujoma, descerrou uma placa à entrada dos antigos estábulos de cavalos logo a norte de Namutoni. Honrando os 68 soldados Owambo que perderam as suas vidas na batalha de 1904, os 40 guerreiors que desapareceram e os 20 que regressaram a casa feridos.


incrível diminuição das fronteiras de Etosha


Em 1907 quando o Parque nacional de Etosha foi proclamado, estendia-se por aproximadamente 90 000 km2, na direcção noroeste até ao Rio Cunene e à costa. Isto transformou-o na maior reserva de caça do mundo. Mas em 1958 a área diminuiu para cerca de 55 000 km2. Em 1963, as fronteiras foram novamente redefinidas, reduzindo Etosha à sua área actual 22 935 km2, cerca de um quarto da área inicial.

Regresso ao futuro

As boas notícias são, mesmo abrangendo apenas uma fracção da sua área inicial, o Parque Nacional de Etosha é um ecossistema vital, suportando uma enorme variedade de plantas e animais. Outra boa notívia é que o Governo Namibiano, em estreira colaboração com o Conselho Regional do Kunene, as autoridades tradicionais, áreas comunais de conservação e outros proprietários locais, está neste momento a trabalhar para estabelecer o Parque do Povo do Kunene. O objectivo e interligar o Parque Nacional de Etosha e o Parque da Costa dos Esqueletos proclamando as três actuais áreas de concessão (Hobatare, Etendeka e Palmwag) e as zonas de conservação vizinhas. O Parque do Povo do Kunene visa não apenas restaurar rotas migratórias para a vida selvagem, mas também assegurar que muitas mais pessoas beneficiem das estratégias progressivas de conservação da Namíbia.


Rietfontein

Enquanto a abundante vida selvagem aprecia o alívio refrescante da charca de Rietfontein, há uma placa a poucas centenas de metros de distância que comemora os pioneiros de Dorsland, estes resistentes pioneiros que sairam da África do Sul em 1874 enfrentaram doenças, morte e outras calamidades imagináveis , chegaram a Rietfontein em 1879. Aqui descansaram, recuperando forças através da água doce providenciada pela fonte artesiana, e da abundante caça, antes de partir de novo, desta vez para Angola. Eventualmente muitos destes duros pioneiros regressaram aos campos dentro e à volta do que é hoje o Parque nacional de Etosha.

Sabia que…

…há muitos significados diferentes para o nome Etosha? Nas línguas locais o nome significa ‘ir para uma depressão’ ou ‘Onde a depressão está. O nome tem várias interpretações em Português: o local da Água Seca, o Grande Lugar Branco, ou Lugar do Vazio; Lago das Lágrimas de uma Mãe (isto explica a dor ilimitada de uma mãe Hai||om quando o seu filho morre); ‘Correr de modo titubeante através (ilustrando a fadiga que os primeiros caçadores sentiam quando tentavam atravessar a depressão); e o Hai||om ‘chum-chum’ do ruído feito pelos pés das pessoas ao andar através da depressão.

…Embora Etosha seja mais conhecida hoje como um espectacular refúgio para muitos animais, é também parte de um mundo que fornece evidência importante para a existência e evolução de animais ancestrais? As rochas nas colinas em redor de Halali revelaram vida fóssil com 650 milhões de anos!

…Em 1955 Etosha abriu as suas portas aos turistas pela primeira vez? Embora Etosha tenha existido como área protegida por mais de cem anos, só foi proclamado parque nacional em 1967.

www.met.gov.na

domingo, 6 de abril de 2014

Domingo

Após um dia de pesadas plúmbeas nuvens, impermeáveis ao sol, que mesmo nessas condições conseguiu aquecer os ares, não tanto como usualmente, mas o suficiente para as almas desejarem refrescar. A tranquilidade oferecida pelas notas do “Cherry on my cake” continuou a maré iniciada cedo pela manhã. Vi uma fantástica história narrada por um anjo que quase teve vontade de ser humano por uma vez… e que começou assim: “Um simples facto. Você vai morrer. Apesar de todos os esforços ninguém vive para sempre. Lamento ser tão desmancha-prazeres. O meu conselho é: Quando chegar o momento, não entre em pânico. Ao que parece, não ajuda nada. Julgo que devia apresentar-me adequadamente. Mas por outro lado, acabará sempre por me conhecer. Não antes da sua hora, claro. Tenho por hábito evitar os vivos.”
Mais um período, mais um ciclo, mais uma viagem que se aproxima prometendo resolver um défice de abraços. É nestes dias de quase viagem que as saudades apertam, que o coração fica pequenino, que as lágrimas assomam no canto do olho. É quando as memórias desabam qual cascata de águas tumultuosas despenhando-se na direcção de mares vagamente pressentidos.
Tempo de balanço. De balança. Prós e contras. Deve e haver. E as palavras do anjo a ecoar “Apesar de todos os esforços ninguém vive para sempre.”
No meio da amálgama em que tudo se transforma uma certeza emerge, “Vale a pena? Claro que sim. Quando estamos seguros do caminho que trilhamos, por mais obstáculos que surjam, por mais dúvidas que nos atinjam, continuamos a caminhar, sabendo que após uma das muitas curvas virá a recompensa “uma vista para o vale de leite e mel”…

Pode-se viajar tanto e sentir-se sempre em casa? Cada vez acho mais que sim. A minha casa é todo o mundo e todo o mundo é a minha casa. E há o regresso. A maravilha que é regressar a casa, só sabe o sabor que tem, quem tem o destino marcado por partidas e chegadas. Aos apertos no coração das partidas seguem-se cascatas de emoções nos regressos…

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...