domingo, 9 de julho de 2017

Sons

Os sons da música embalam a alma numa sucessão crescente de estados, culminando no Olimpo dos deuses sonoro-coloridos, numa arritmia tresloucada de pele eriçada e unhas encaracoladas.
As palavras da música são universais aproximando gentes de todo o planeta, numa simbiose acústico-movimento com ou sem ritmo a bater o pé ou as mãos em aplausos mais ou menos espontâneos.
Algumas peças fazem-nos entrar em modo drone sobrevoando paisagens musicais fantásticas, outras em modo submarino submergindo corais multitribais.
Umas repetitivas até à exaustão, outras melodiosas, umas fáceis, outras nem à décima entram no ouvido, umas puxam ao sentimento outras aditivas.

Umas trazem-nos entes queridos ausentes, outras embalam-nos nos braços de Morfeu, umas fazem-nos sorrir, outras desabar.

sábado, 8 de julho de 2017

Até Sempre!

A nossa existência é feita de ciclos, desta feita estarei prestes a encerrar mais um ciclo, o angolano. Tanta coisa mudou nestes 4 anos e meio…
Saí de um país em depressão para outro com o a maior taxa de crescimento mundial da última década, saí do inverno para o verão, dum país em fuga para um país enamorado de si, duma empresa em fim de ciclo para uma de regime. Fui dos primeiros tugas a chegar ao “el dorado”.
Se o meu país estava em crise, o que me acolheu está às portas dum desafio imensurável, o esteio do regime, o malfadado petróleo entrou numa espiral descendente sem fim à vista. Se saí no início do inverno boreal, irei regressar no inverno austral. O meu país que tantos tem expulsado ao longo de eras, qual espelho de invejas investido, deu lugar a um lugar de moda, no topo dos melhores rankings mundiais, o que me acolheu, de repente, acordou para as contradições de ter a maior taxa de mortalidade infantil e uma das maiores taxas de morbilidade materna, para as crescentes taxas de infectados pelas malárias da vida, acrescidas das esquecidas febres tifóides e cóleras, junto com a depreciação da moeda, o desemprego crescente, as estradas pagas a preço de ouro e de duração, apenas circunstancial, cujos holofotes parecem pirilampos, de tão efémeras… A empresa que tão bem me tratou viu-se envolvida no maior escândalo do país-continente de origem. Após os tempos iniciais de adaptação a uma equipa internacional, seguiu-se outro de recepção aos patrícios e de novo ajuste à ausência, após a partida dos compatriotas.
Se há algo que nos marca, são as ausências dos entes queridos. Quando estas passam a definitivas, as marcas ficam gravadas na nossa alma como ferros em brasa, como se nos quisessem dizer que não temos direito de viver o “após”. Se quisermos ser honestos resta-nos viver o presente, como se fora o último dos dias. O futuro não existe ainda, o passado já nos abandonou.
Há imagens inolvidáveis que nunca irei esquecer, as fantásticas despedidas solares, os horizontes longínquos, o cheiro da terra vermelha depois da chuva, a camaradagem proporcional à distância do lar…

Até sempre!
Escalada do Morro do Moco, Huambo, ponto mais alto de Angola, 11 Novembro 2013
Safari em Etosha, Namíbia, 1 Maio 2014
Fotografando a natureza exuberante no entorno das quedas de Calandula
Agradecendo a visita, nem sempre apreciada, apreciando a natureza
Sempre aprendendo, como montar um tabuleiro de uma ponte em três dias
Os momentos passados com os amigos

Em modo inauguração

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...