sábado, 1 de outubro de 2011

Um Soluço

A aposta foi ganha quando um dos residentes num dos três lares da Santa Casa da Misericórdia da Golegã se levantou e em voz trémula e decidida disse “Só Vos desejo que um dia. Quando forem da nossa idade, tenham alguém, a fazer por vocês o que estão a fazer por nós.”

Dia primeiro de Outubro, Dia Internacional da Música, um bando de miúdos, armado ao pingarelho, quais saltimbancos de outras eras, irrompe pelo lar adentro com uma energia, uma amizade e uma genuína vontade de proporcionar àqueles, que no ocaso da vida ainda soltaram uma lágrima marota, sensações julgadas perdidas.

“Ora estamos aqui no jardim infantil, não é?!” Resposta clara e audível, “Não!”, por momentos rostos voltaram a iluminar-se, voltaram a sentir-se importantes.

Quando uma dezena de miúdos decide que a melhor forma de passar uma tarde esplendorosa de sábado, é a mimar, com música, malabarismos, palhaçadas e palavras doces, uma plateia constituída por seniores, alguns já com autonomia bastante restrita, desconhecidos. E isto numa época em que tantos denominaram os jovens de geração “rasca”...

São os jovens quem desmente tal acusação. Provando que se as abelhas picam, também produzem mel. Talvez sejamos nós que não sabemos colher esse néctar...

No final, ainda ouvi os miúdos comentar “Assim vale a pena” ou “podem contar comigo”.

Por um dia não ouvi falar de mercados, ratings, dívidas, recessões.

A solidariedade ainda vai ter um papel importante, como já teve.

Este tempo é um soluço. Cabe-nos parar com os soluços.

Quando era miúdo dizia-se “ soluço vai, soluço vem, m**** p’ra quem o tem...

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...