quarta-feira, 29 de abril de 2009

Devaneios ao sol

29 de Abril de 2009, quarta-feira. O calor veio para ficar. Já passa dos 45º todos os dias. As mínimas vão subindo, se as noites eram suportáveis, agora nem tanto, as temperaturas quase não baixam dos 30ºC. O ar carregado de pó, trazido por um vento vindo das bandas do Sahara. É o Harmattan. Vento que queima as poucas folhas verdes ainda resistentes, nesta terra esquecida por Deus. Se hoje é um dia histórico, para a minha horta, comi hoje as primeiras bananas. Bananeiras plantadas por mim e cuidadas com carinho. As folhas das bananeiras nascem e ficam logo queimadas, como se alguém usasse um maçarico. Torna-se difícil fazer qualquer coisa com este tempo. Hoje fiquei no gabinete de volta do computador, a preparar elementos de projecto. O simples facto de sair à rua depois das nove da manhã é penoso. Com a minha ausência capilar, é loucura sair sem algo na cabeça. Dá insolação. No mínimo. Pegar num ferro queima as mãos. O carro tem ar condicionado, que depois das sete da manhã, parece que fica avariado. Quando saímos, desligamos a ignição, depois quando voltamos a entrar, para além de deixarmos a pele colada ao banco, transpiramos uma garrafa de água instantaneamente. Sair nesta altura sem levar água, é um risco muito elevado. Levamos água gelada, passada meia hora parece chá. Por um lado estou desejoso que chova, já amanhã se for possível. Por outro a obra precisava que este ano a chuva atrasasse um bocadinho. Quem nunca esteve nas zonas dos trópicos não imagina o que é ter o sol a pique, literalmente, ao meio dia não há sombra. A partir de agora a sombra ao meio dia passa a indicar o sul e não o norte. Que o sol na sua caminhada sem fim, vai aquecer o norte do planeta. O único problema é que para lá chegar passa mesmo aqui por cima. O Xapi está enorme. Agora é o único animal cá de casa, pois o Papis (RIP) deixou-nos à uma semana. A ponte do Oued Salem já tem todas as vigas colocadas e um tabuleiro foi cheio na segunda-feira. Hoje começaram a colocar vigas em Boudama. Se a chuva não vier muito cedo, ainda vamos fazer uma gracinha. Em Moudji, o Zé Manel tem o aterro quase feito. Pode ser que ainda dê para colocar as vigas antes da água. Estou revoltado! Aqui só há meia dúzia de feriados. Um deles é o 1º de Maio. Este ano calha à sexta-feira. Dirão vocês – qual é o problema? O problema é que aqui, para nós o fim de semana É A SEXTA-FEIRA.

domingo, 19 de abril de 2009

Afinal o Mundo talvez tenha uma hipótese

18 de Abril de 2009, sábado. Afinal o Mundo talvez tenha uma hipótese. Estou nesta terra esquecida por deus à perto de dois anos. Penso que os mauritanos não se aperceberão do que está a acontecer, para já. O novo Presidente, desde quinta-feira, Ba Mamadou dito M’Baré, é negro. Ele é Pular. Nascido no Gorgol. Eu sei que ele é um presidente a prazo, ele vai ser presidente para os assuntos correntes e por 45 dias. Porque a 6 de Junho irão realizar-se eleições presidenciais, e Mohamed Ould Abdelaziz, vai ser eleito. Em eleições democráticas. E a Europa e os Estados Unidos, irão reconhecer o presidente eleito. E não haverão mais embargos. E tudo voltará a ser o mesmo. Mas esta não é a minha questão. A minha questão é, Se a Mauritânia, onde existe mais segregação que em qualquer outro lado, deixa um negro chegar a presidente, mesmo nas condições que referi, então afinal o mundo talvez tenha uma hipótese. Eu sei que eles sabem que agora é só de faz de conta. Mas quando deixas alguém respirar não podes voltar a impedir que respire. É só uma questão de tempo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

De regresso a Sélibaby

Estou de volta a Sélibaby. Este simples facto não me transforma no homem mais feliz do mundo. Ao contrário do que possam pensar não estou exultante com o meu regresso ao "paraiso". No entanto estou de baterias carregadas para mais uma temporada. É porreiro estar uns dias ausente do pó, dos 40 graus e disto tudo. Se pelo meio ficaram uns dias impecáveis com a familia, uma deslocação à Galiza, que deixa saudades. Então isso só melhora o que está para vir. Há que aguentar até Julho. Já agora, fiquei de boca aberta com o tamanho do Xapi. Está o dobro de à duas semanas.

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...