terça-feira, 30 de outubro de 2007

Cerveja, Bakel, Peles, Polícia

Sábado, 27 de Outubro. Levantamento da poligonal, correu bem. Consegui ler a 10 km. Todo o dia a andar. Chegou o Messias, fez o jantar. O pessoal já não comia uns bifes assim há muito tempo. O irmão do comandante da policia, acabou por ficar a trabalhar comigo, porque não tem carta de pesados. À noite fiz uma visita guiada a Selibaby, para mostrar a cidade ao Messias.
Domingo, 28 de Outubro. Alvorada às 6 e meia. Saída de casa às 7. Viagem para Gouraye. Chegámos lá tão cedo que o pessoal da alfândega ainda não tinha chegado. Chegámos a acordo com a polícia. Puseram-me a única cadeira do posto à disposição. Tudo graças ao meu Hadj. Eu grande chefe. Em Bakel fomos direito à casa do Ahmed, irmão do Hassan, para trocar dinheiro. Depois Chez Jeanne. Almoçámos lá. Conhecemos o Remi, tunisino, compra peles para uma empresa turca. Acompanha o abate de animais em Selibaby, deu-me o nº de telefone para podermos contactá-lo e comprar carne boa. Dia bem-disposto. No regresso a alfândega mauritana chateou-me muito. Deu-me três hipóteses para o futuro: 1ª Solicitação da embaixada de Portugal, para a importação de bebida. Portugal não tem embaixada na Mauritânia. 2ª Autorização do governador para abastecimento, (não pode pôr bebida porque é interdito aqui) em Bakel. Uma para cada vez e cada pessoa que lá vá. Coitado do homem, começava a ter mais trabalho connosco, que o que tem com toda a província. 3ª Passarmos onde ele não nos veja, também não nos procurará. O polícia que me acompanhava, só dizia “ça c’est pas bon”. A ver vamos, começo a estar farto destes gajos. No entanto a viagem correu bem.2ª Feira, 29 de Outubro. Segunda poligonal feita. Dia em cheio. À noite grande confusão com o João. Estava tocado, muito chato, faz-me lembrar alguém quando está com os copos e não admite. O problema é que ele é motorista. Faz centenas de km por dia. Bebeu-me quase metade da minha cerveja e às 2 da manhã, arrancou para Kaédi. De manhã já lá estava.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

De volta a Selibaby

2ª Feira, 22 de Outubro. Fomos testar a teoria da poligonal e voilá funcionou. À tarde fomos marcar offset e tivemos muita dificuldade. A bateria deu o berro. Fomos ao marche procurar uma nova, como encontrámos igual à que levávamos e custava só 1500 Ouguias comprámos duas, isto são 9 €, em Portugal custaria cerca de 100.
3ª Feira, 23 de Outubro. O Carlos pediu-me se podíamos ir fazer uma completagem do levantamento a Lekseiba, fomos. O Rodrigo chegou com a antena do GPS. À tarde o Rui Gomes solicitou a remarcação de offset, do 9+300 ao 10+100, foi feito. À noite bebemos uma garrafa de Ballantines em casa do Rodrigo.
4ª Feira, 24 de Outubro. Fizemos então o levantamento das poligonais entre o P1 e o PP5, cerca de 20 km. Foi o dia todo a dar gás. À noite tivemos conhecimento que a Norvia finalmente enviara as localizações das sondagens. Fomos ver e eram do lote 1, que supostamente não tinha problemas. As do lote 2 nem vê-las. Continuámos em casa do Rodrigo, para a despedida.
5ª Feira, 25 de Outubro. Viagem para Selibaby. Correu bem, à hora de almoço já cá estávamos. O Carlos não pode vir, porque não há quarto para ele. O Jorge e o Touré, tiveram que ir dormir fora, porque também não havia quarto para eles.
6ª Feira, 26 de Outubro. O Mamouni veio ter comigo para fazer o levantamento de uma alternativa à variante de Selibaby. O eixo anterior arrasava muitas casas novas e o dono de obra não achou piada. Depois tentei criar um eixo que passasse pelos pontos levantados, não está a ser fácil. Ainda tenho que calcular a poligonal 2, para o Rodrigo e tenho que levantar a minha primeira, porque está a dar erros muito grandes.

domingo, 21 de outubro de 2007

Fim de semana - Kaédi by night

Sábado, 29 de Outubro. Tentámos em vão colocar o GPS a funcionar. Fui com o Carlos Dias ao “Marché” comprar uma bateria nova. Achámos e comprei duas, por 9€. Experimentámos e o GPS funcionou. Fomos testar a teoria do João, a respeito das poligonais, funcionou. O caminho é esse. Fazer novas poligonais de apoio à obra, com troços maiores. Falei com o Carlos e esclarecemos todos os mal entendidos. Agora “só” falta explicar aos engenheiros, coisa que venho tentando à um mês, que não podemos marcar as sondagens sem projecto… Já desisti. O Carlos Dias tentou explicar ao Carlos Cunha, depois de ter tentado fazer o mesmo ao Luís Filipe, e ficou desanimado. Conseguimos leitura com a antena improvisada a 5,5 km. O Michel ficou todo inchado. À noite fui ver um concerto, é verdade, em Kaédi. De Ousmane Hamady Diop. Grande artista local. Pelo menos, o público esgotou a casa na Alliance Franco-Mauritaniene. Nunca tinha visto as pessoas levantarem-se e dirigirem-se ao cantor em plena actuação e entregarem-lhe dinheiro!
Domingo, 21 de Outubro. Dia em Kaédi, sem fazer nada. O João ainda não recuperou da tosga da véspera e está chato como o caraças. O pessoal dividiu-se, parte foi ao Senegal, a Matama, outros fizeram o seu petisco, fiquei com o grupo do bacalhau.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Antena do GPS

5ª Feira, 18 de Outubro. O Fernando fez a antena pelo modelo do Michel, fui experimentar e funcionou a 4 km. Faltava-me um suporte para a antena, fui falar com o Baltazar, mas ele estava de saída. O Agrela, dono do AFA, ouviu o meu pedido, percebeu, pegou no aparelho de soldar, depois na rebarbadora e fez-me um suporte para a antena. Espectáculo. Agora já posso trabalhar. O Jorge Ferreira entregou-me a carrinha do Jamaldine, para eu trabalhar. Amanhã vou começar.
6ª Feira, 19 de Outubro. Arrancámos às 7 horas. O Moctar foi ter comigo. Marcámos 850 metros de manhã e fizemos o levantamento conjunto. À tarde o GPS não funcionou, tentei mas quando cheguei ao electricista estava tudo bem. Quando voltei ao campo nada. Desisti. Chegou o Carlos Dias, topografo da Norvia, vem para verificar a poligonal. Amanhã é outro dia. À noite assaltámos a adega do João. Ele tem muito.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Chegou o GPS

2ª Feira, 15 de Outubro. Fui entregar a minha carinha para a revisão e a notícia não podia ser pior, não têm peças para ela. Tem que ficar parada, não sabem quando volto a ter carro. Aproveitei para descansar.
3ª Feira, 16 de Outubro. Chegou o Suleymane com o GPS. Falta o bastão e a antena. Fui ter com o Fernando à oficina, para ver se podíamos fazer uma. Ajudou-me. Fui experimentar e não funcionou. Chegaram os gerentes da AFA e da Tâmega. Separaram as obras. Lote 1 para a Tâmega e lote 2 para a AFA. Os AFA’s devem mudar para Selibaby em duas semanas. O Eng. Mestre quer um relatório sobre os problemas da topografia. Quando lho vou entregar à noite, O Carlos Cunha chamou-o, iam embora para Selibaby, o Lopes da Tâmega não queria ficar em Kaédi. O Agrela da AFA tinha ido para Selibaby, com o Baltazar. Vamos ver o que isto dá.
4ª Feira, 17 de Outubro. Continuo sem carro. Experimentei a colocar um bocado de lata de coca-cola na antena… e voilá, funcionou. Consegui sinal a 2 km. Ainda não é suficiente mas já é alguma coisa. O Michel percebe de antenas e ficou de me ajudar a fazer uma, vamos ver. O sentimento geral aqui no estaleiro é estranho, com esta divisão entre AFA e Tâmega. Ninguém sabe o que vai dar.

Saint Louis

5ª Feira, 11 de Outubro. Às 6h o pessoal já está todo a pé. Ninguém encontra a chave da dispensa. Ficamos só com o café. Até 100 km de Rosso é sempre a andar. Estrada asfaltada, pouco trânsito. Depois entramos no troço da Zagope. E nos primeiros 50 km eles ainda não mexeram. Por isso a deslocação foi difícil, ainda há muitas zonas com água, que tiveram que ser contornadas. Chegámos ao estaleiro da Zagope pelas 12h. Só lá estavam 3 brasileiros. Também pararam como nós. Conversámos com eles um pouco, explicaram-nos o caminho até Rosso e partimos. O Jorge ia à frente e perdeu-se. O Michel levava o GPS ao contrário… Voltámos para trás. Fizemos 45 km em todas as direcções e nada. Até que demos com o caminho. Vimos uma família de javalis, pai, mãe e 8 bácoros. Chegámos a Rosso. Passar a fronteira foi uma confusão. 3 Horas depois e muitas chatices lá passámos para o Senegal. Lá chegados, a confusão era maior ainda. O trânsito para a Mauritânia era imenso. Demorou até termos os nossos passaportes de volta. Eu, o Messias e o João ficámos a tomar conta dos carros. O João foi procurar umas fresquinhas. Demorou bastante a voltar, mas chegou com 3 geladinhas. Souberam que nem ginjas. Partimos. Caminho fácil, plano. Paisagem agrícola de arroz e cana-de-açúcar. A determinada altura passou por nós uma carrinha e um dos ocupantes pôs a cabeça de fora e pôs-se a gritar. Era o Augusto, o irmão do Baltazar. À entrada em Saint Louis, a polícia mandou-nos parar. Fomos multados por falta de cinto de segurança. Mal sabíamos o que nos esperava… Um pouco à frente estava o Augusto à nossa espera, à porta do escritório da empresa onde trabalha. Parámos e fomos logo ao café ao lado beber umas cervejas e o patrão do Augusto pagou a rodada. Levaram-nos a um hotel conhecido deles, onde nos fariam um preço em conta. Tinha bom aspecto. Saímos para ir jantar ao Flamingo. Um restaurante com uma localização espectacular, na “Ile Nord”, uma ilha no meio do Rio Senegal. Depois fomos ao “Café Iguane”, onde existe um culto a Che Guevara. Há muitos europeus em Saint Louis, o pessoal das ONG’s, da ONU, das embaixadas, especialmente em Nouakchott, está cá todo. Bendito Ramadão. A noite é longa e dura.
6ª Feira, 12 de Outubro. Levantámo-nos cedo, seis de nós. Arrancámos à descoberta. Eu ia a indicar o caminho. O Messias, o Zé Manuel e o João iam na caixa aberta, a gozar a aragem. A polícia mandou-nos parar, pediu-nos para ver o triângulo e o extintor… Depois reparou no pessoal lá atrás, eram brancos, iam em “infraction”, mais uma multa. Seguimos, toda a gente a ralhar comigo, porque estávamos a andar muito. Só se calaram quando chegámos ao ZebraBAR. Local espectacular. Na foz do Rio Senegal, junto à sede do parque natural da “Langue de Barbarie”. Bebemos lá umas louras geladinhas. À hora de almoço, saímos para ver se encontrávamos o Jorge e o Michel. Conseguimos encontrá-los. Os rádios de obra servem para alguma coisa. Nomes de código: Land Cruiser “RAPOSA VELHA” Hilux “ZEBRABAR”. Almoçámos no Flamingo. À tarde levámos os dois a conhecer o ZebraBAR. Voltámos a ser multados, não tínhamos seguro do Senegal para as viaturas. Mas depois do pagamento, explicou-nos que no sábado estávamos tranquilos porque a polícia estava de folga, devido às festas do Ramadão. Chegámos ao ZebraBAR, estava muito bom. Tomei um banho no rio. Pusemos o Messias a fazer o jantar. Macarronada de camarão. A dona do espaço, uma senhora suíça, esteve a falar connosco. A época alta começa em Novembro e dura até Junho. Agora estavam lá poucas pessoas, só dois casais com crianças pequenas e um casal jovem sem filhos. Tem uns Bungalows com muito bom aspecto. Um bom local para passar férias. Tem uma plataforma metálica sobre as árvores, com uma vista espectacular. À noite fomos ao Flamingo e depois ao Iguane. O Messias está a ficar louco, quer pôr tudo a falar português. A Muriel, gerente do Flamingo, uma belga, acompanha a brincadeira e atira o Messias para dentro da piscina. Hoje é a festa do fim do Ramadão.
Sábado, 13 de Outubro. Saímos todos de manhã, direitos ao Hotel de la Poste, beber um café expresso. Soube como o melhor do mundo. Têm lá uma sala com troféus de caça, muito antigos, espectacular. Há lá animais que nunca tinha visto, são é todos enormes. Continuámos com um destino bem definido, ir fazer um dia de praia. Seguimos pela estrada até um sítio com bom aspecto. Entrámos, era um “campement”, tinha restaurante, e palhotas de cana para dormir. Tomámos conta. Foi um dia memorável. O Messias foi com o gerente comprar peixe, apareceu com carne de vaca… Era o dia após as festas do fim do Ramadão e os pescadores não trabalhavam. Fizemos um churrasco espectacular. Tudo acompanhado com muita Gazelle. A praia é espectacular, quilómetros de areia, água quentinha e umas ondas boas para surf. À noite passámos pelo Flamingo, o Messias apanhou dois cocos e abriu um para bebermos água de coco. Fomos jantar ao Casino. Comi uma pizza calzone, que saudades… Acompanhada de vinho tinto de Bordéus, antes bebemos Martini. O Messias e o João apareceram a dizer que tinham passado num depósito de bebidas… Fui lá com o Zé Manuel, comprámos toda a cerveja que tinham e uma garrafa de JB. Ficámos depois com um problema nas mãos, como passar a fronteira com aquilo tudo? A noite continuou no Iguane, via-se que o Ramadão acabara, estava a rebentar pelas costuras.
Domingo, 14 de Outubro. Pelas 7 horas tudo a pé. O João ia pagar os quartos, porque não sabia o código do cartão e recebia dinheiro de todos para pagar as suas despesas. O terminal não funcionava. O funcionário do hotel ligou para o banco e resolveram o problema. Não esquecer que estávamos num domingo às 7 horas da manhã. Saímos e fomos logo multados outra vez, a quarta em quatro dias. Chegámos a Rosso, demorou muito a despachar os documentos no Senegal. O Messias é brasileiro e precisava de visto para o Senegal, sorte dele que só deram por isso à saída. Passámos, na Mauritânia foi rápido, tínhamos contratado um auxiliar que veio à frente com os passaportes e já tinha tudo tratado. Não viram as viaturas. Respirámos de alívio. Estávamos safos. Comprámos água, há 4 dias que não tocava em tal líquido. O calor apertava. Seguimos, já conhecíamos o caminho, não houve enganos. Assim que tive rede recebi um telefonema da FED EX, o meu GPS chegou, temos que pagar 250000 Ouguias. Chegámos a Kaédi pelas 17 horas. Vinha tudo cansado, mas feliz, valeu a pena.

Kaédi

Domingo, 7 de Outubro. Dia de não fazer nada, nem sequer ir a Bakel. Fui dar uma volta a Kaédi. Voltei a passear por Kaédi com o Jorge, o Michel e o Zé Manuel. Fomos ao “Marché”, comprámos um cadeado para por na porta de casa, que está aberta e o guarda já foi dispensado. À tarde fomos à casa azul, comer uma chouricinha e beber uma cervejinha gelada.
2ª Feira, 8 de Outubro. Continuamos a marcar offset. Dia normal.
3ª Feira, 9 de Outubro. Dia de grandes novidades. O fim do Ramadão é na 6ª e as festas decorrem a partir de 5ª. Logo temos um fim-de-semana de 4 dias para preencher. Vai um grupo a Saint Louis, é nesse que vou. Vamos ao Senegal.4ª Feira, 10 de Outubro. Mais um dia no campo, correu bem. As máquinas acompanham a nossa marcação, arrancando as árvores e fazendo logo a decapagem. Surge gente de todo o lado para cortar as árvores caídas. Fui com o Rodrigo ver auto rádios, custam 3500 Ouguias. Mas são de sintonia manual ainda… É melhor ver o que há em Saint Louis. O meu GPS, chegou, mas às Maurícias… os bastões que saíram de Portugal a 25 de Agosto e já foram duas vezes às Maurícias, acabam de chegar… a Portugal. Estes gajos são uns incompetentes. A FED EX é uma treta. O Jorge muda hoje de casa, vamos ver se fico só ou se vou também para o estaleiro. Amanhã saímos às 6 da manhã. Mudei também.

sábado, 6 de outubro de 2007

5 de Outubro


5ª Feira, 4 de Outubro. Hoje as coisas não correram muito bem. Não encontrei vários marcos, tenho que utilizar o GPS, para os localizar, sem isso não posso continuar. Hoje o Sr. Niang veio à casa. Fim do mês… Combinámos ir verificar a poligonal com o Mamouni.
6ª Feira, 5 de Outubro. Fui para o campo com o Mamouni. Então é assim. Ele tem, um motorista, um transportador para o nível, outro para a pasta, mais um para a mira e outro ainda para a base da mira! Querem tudo verificado a nível. Não acreditam que em Portugal, cada topógrafo só tem um porta-miras. Ligou-me o Jorge Ferreira. Tenho que ir para Kaédi hoje. Arrumar tudo. Saí à 1 e meia. Cheguei às 8h. Todo partido. O Rodrigo deu-me o ficheiro de marcação. Ainda preparei a estação para amanhã.
Sábado, 6 de Outubro. Comecei a marcar offset. O Haiba e o Sow, vieram comigo de Selibaby e não estão muito contente com o Sidi, o novo daqui, confesso que também não. Fiquei na casa onde estava o Rodrigo com o Jorge Ferreira. Vou ficar em Kaédi por três semanas. O Rodrigo vai de férias a Portugal. Lixaram-me a ida a Bakel no domingo. Casa hoje o Ricardo. Já lhe telefonei. Espero que tenham um dia bom. Aqui está um calor do caraças!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Pássaros, bichos e outros


3ª Feira, 2 de Outubro. Mais um dia no campo, esta zona é espectacular para quem gostar de aves. São fantásticas. Há de todas as cores e feitios, tamanhos e formas. Tenho que incluir na agenda uma câmara com teleobjectiva. E os sons são fantásticos. Estamos a começar a trabalhar às 7 da manhã, hora a que nasce o sol por aqui. Até às 8h ainda se aguenta, depois… Mais um dia a correr bem, tão bem que acabei as estacas e tivemos que voltar à base. Finalmente. Depois de chatear o Houari, todos os dias para ver se o governador me passava a autorização de importação de cerveja, fomos à Willaya. O governador ainda não veio de Nouakchot mas o vice recebeu-nos. E perante o nosso pedido, a sorrir com malícia disse “bebam água” vou ligar para Gouraye para informar que não têm licença de importação. Obrigado. Para isso era melhor estar quieto. Só com auxílio diplomático. Foi assim que a China resolveu a questão. Mas a China tem muitos interesses na Mauritânia e Portugal nem embaixada… Disse ao Luís, desilusão completa. Vamos ver o que arranja. 4ª Feira, 3 de Outubro. Já passei o km 11. Embora fosse uma zona difícil, o trabalho correu bem. Os putos receberam hoje o ordenado, ficaram todos contentes. O Sy está-se a der bem com a retroescavadora. A temperatura lá continua nos 39. A minha osga de estimação, continua a olhar para mim. A minha relação com a bicharada vai mudando, lentamente, que isto não é um dia para o outro que uma pessoa muda de convicções bichanais. Mas a respeito de bichos é assim: Dois sapinhos na casa de banho, penso que são um casal. Uma osga GRANDE e uma pequenina no escritório. Gafanhotos, agora são aos quilos. O dia de hoje é importante porque o meu GPS foi despachado de Lisboa e se não for parar às Maurícias, como os bastões que nunca mais chegam, breve posso começar a trabalhar com ganas. Decidi tentar aprender alguma das línguas que se falam aqui. Mas como são muitas e o ouvido já é um bocado duro, procurei na Net e encontrei um grupo de Soninke, língua falada aqui, no Senegal, mo Mali, na Gâmbia e na Guiné. A ver se não desisto já amanhã. Jam na wui. Eh, eh. Boa noite.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Fim de semana - De péssimo a excelente.


Sábado, 29 de Setembro. Noite muito má. O nariz não deu descanso, pingava continuamente. Fui calibrar a estação. Doía-me o corpo todo. Definitivamente não ia conseguir trabalhar. Às 10 horas, dei o dia por terminado. Fui-me deitar. A Febre começou a atacar. Arrepios de frio. Dores por todo o lado. Levantei-me para almoçar. Estive um pouco no escritório. Definitivamente não era o meu dia. Deitei-me cedo, umas 8 horas. Acordei pelas 9 e meia, estava completamente encharcado, ouvi vozes parecia ser muita gente. Fui tomar um duche para arrefecer. Depois fui ter com o pessoal. Estavam no refeitório com os americanos. Devem ter pensado que era um extraterrestre que entrou. Estava a transpirar tanto com a febre, que mais parecia ter vindo directo do duche, vestido e tudo. Vimos o filme Borat. Nunca tinha visto tanta parvoíce junta. A noite foi muito difícil.
Domingo, 30 de Setembro. Levantei-me de manhã, 7 e meia, despachei-me e lá fomos nós para Bakel, buscar estacas. Levámos dois carros, porque muita gente quis ajudar. O Baltazar, o João, o Luís, mais o Hassan e o seu irmão Ahmed e a americana Karen. Quando chegámos a Gouraye, lá tive que voltar ao calvário, de falar com a alfândega e a polícia. Ainda não tenho autorização do governador para importação de bebidas alcoólicas. Ele tem estado sempre em Nouakchot. Depois de tudo muito bem falado e conversado, lá partimos. Em Bakel fomos direitos à casa do irmão do Hassan, o pessoal queria todo trocar dinheiro. Depois só queriam um bar para beber cerveja. Como nestas coisas, acontece sempre, achámos logo um, o “Chez Jeanne” claro entrámos e foi logo a matar cinco “Flag” de 65 cl. E eu não queria, mas… E olha, saímos de lá quando esgotámos as “Flag” e experimentámos as “Gazelle” mas o pessoal não gostou muito. Fomos almoçar ao “Hotel Islam”. Só tinham quatro doses. De peixe com arroz. Que venha. O João só dizia e cerveja? Mas nada. Não tinham. Saímos e fomos ter com o Malik, verdadeira razão da nossa ida a Bakel. Grande festa. Toda gente se meteu com ele. Paguei-lhe. Ficou a atar as estacas em molhos. Foi-nos levar novamente ao bar da semana passada. Havia “Flag”. Mais duas para o caminho. Cada um comprou uma grade da Holandesa. Porque queríamos lata e a Flag só em garrafa com depósito. A Karen mesmo assim comprou um monte de Flag. Alugámos um táxi. Parecia que estávamos no filme do Borat. Atravessámos de barco e direito a Selibaby. Nunca pensei que fazer 45 km vezes dois fosse tão duro. Duas horas para cada lado. A areia já está seca e solta. Os carros têm dificuldade de tracção. O pó fica no ar por longo tempo. Mas a doença passou. Na véspera um americano perguntou-me o que tinha e respondi “flu, i hope” e felizmente era. Passei uma noite muito melhor.
2ª Feira, 1 de Outubro. Fui buscar os putos. Fomos para o campo. As coisas hoje correram bem. Marquei 1.5 km. Deixei-os em casa ao meio dia. O calor estava insuportável. E embora eu leve sempre água para eles, não a bebem, por causa do Ramadão. Mas não podem com uma gata pelo rabo. Quis-lhes fazer ver que se trabalharem bem são recompensados. Estou cansado, mas recuperado. A cerveja acabou de curar a constipação. Ligou o João a contar detalhes da reunião com o Eng. Mestre e a Eng.ª Helena. O ambiente está complicado com a Norvia. O meu GPS vai ser colocado na alfândega na 4ª feira. A minha primeira reacção à Mauritânia foi negativa, passei um mau bocado. Estou mais à vontade agora que passei essa fase, para o dizer. Então hoje levantei-me e fui cortar a barba e o cabelo. A máquina quase não trabalhava, não sei se era da corrente ou se já deu o que tinha a dar… Como fui eu que cortei o cabelo e não vejo atrás, não faço prognósticos de como terá ficado o corte na face oculta. Mas o que interessa é que, sinto-me outro. E o que vejo diz-me isso. O Baltazar quer que lhe arranjemos trabalho para sexta-feira… lá terá que ser. É porreiro. Os AFA’s são quase todos.

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...