A nossa existência é feita de
ciclos, desta feita estarei prestes a encerrar mais um ciclo, o angolano. Tanta
coisa mudou nestes 4 anos e meio…
Saí de um país em depressão para
outro com o a maior taxa de crescimento mundial da última década, saí do
inverno para o verão, dum país em fuga para um país enamorado de si, duma
empresa em fim de ciclo para uma de regime. Fui dos primeiros tugas a chegar ao
“el dorado”.
Se o meu país estava em crise, o
que me acolheu está às portas dum desafio imensurável, o esteio do regime, o
malfadado petróleo entrou numa espiral descendente sem fim à vista. Se saí no
início do inverno boreal, irei regressar no inverno austral. O meu país que
tantos tem expulsado ao longo de eras, qual espelho de invejas investido, deu
lugar a um lugar de moda, no topo dos melhores rankings mundiais, o que me
acolheu, de repente, acordou para as contradições de ter a maior taxa de
mortalidade infantil e uma das maiores taxas de morbilidade materna, para as
crescentes taxas de infectados pelas malárias da vida, acrescidas das
esquecidas febres tifóides e cóleras, junto com a depreciação da moeda, o
desemprego crescente, as estradas pagas a preço de ouro e de duração, apenas
circunstancial, cujos holofotes parecem pirilampos, de tão efémeras… A empresa
que tão bem me tratou viu-se envolvida no maior escândalo do país-continente de
origem. Após os tempos iniciais de adaptação a uma equipa internacional,
seguiu-se outro de recepção aos patrícios e de novo ajuste à ausência, após a
partida dos compatriotas.
Se há algo que nos marca, são as
ausências dos entes queridos. Quando estas passam a definitivas, as marcas
ficam gravadas na nossa alma como ferros em brasa, como se nos quisessem dizer
que não temos direito de viver o “após”. Se quisermos ser honestos resta-nos
viver o presente, como se fora o último dos dias. O futuro não existe ainda, o
passado já nos abandonou.
Há imagens inolvidáveis que nunca
irei esquecer, as fantásticas despedidas solares, os horizontes longínquos, o
cheiro da terra vermelha depois da chuva, a camaradagem proporcional à
distância do lar…
Até sempre!
Escalada do Morro do Moco, Huambo, ponto mais alto de Angola, 11 Novembro 2013
Safari em Etosha, Namíbia, 1 Maio 2014
Fotografando a natureza exuberante no entorno das quedas de Calandula
Agradecendo a visita, nem sempre apreciada, apreciando a natureza
Sempre aprendendo, como montar um tabuleiro de uma ponte em três dias
Os momentos passados com os amigos
Em modo inauguração
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