quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Saint Louis

5ª Feira, 11 de Outubro. Às 6h o pessoal já está todo a pé. Ninguém encontra a chave da dispensa. Ficamos só com o café. Até 100 km de Rosso é sempre a andar. Estrada asfaltada, pouco trânsito. Depois entramos no troço da Zagope. E nos primeiros 50 km eles ainda não mexeram. Por isso a deslocação foi difícil, ainda há muitas zonas com água, que tiveram que ser contornadas. Chegámos ao estaleiro da Zagope pelas 12h. Só lá estavam 3 brasileiros. Também pararam como nós. Conversámos com eles um pouco, explicaram-nos o caminho até Rosso e partimos. O Jorge ia à frente e perdeu-se. O Michel levava o GPS ao contrário… Voltámos para trás. Fizemos 45 km em todas as direcções e nada. Até que demos com o caminho. Vimos uma família de javalis, pai, mãe e 8 bácoros. Chegámos a Rosso. Passar a fronteira foi uma confusão. 3 Horas depois e muitas chatices lá passámos para o Senegal. Lá chegados, a confusão era maior ainda. O trânsito para a Mauritânia era imenso. Demorou até termos os nossos passaportes de volta. Eu, o Messias e o João ficámos a tomar conta dos carros. O João foi procurar umas fresquinhas. Demorou bastante a voltar, mas chegou com 3 geladinhas. Souberam que nem ginjas. Partimos. Caminho fácil, plano. Paisagem agrícola de arroz e cana-de-açúcar. A determinada altura passou por nós uma carrinha e um dos ocupantes pôs a cabeça de fora e pôs-se a gritar. Era o Augusto, o irmão do Baltazar. À entrada em Saint Louis, a polícia mandou-nos parar. Fomos multados por falta de cinto de segurança. Mal sabíamos o que nos esperava… Um pouco à frente estava o Augusto à nossa espera, à porta do escritório da empresa onde trabalha. Parámos e fomos logo ao café ao lado beber umas cervejas e o patrão do Augusto pagou a rodada. Levaram-nos a um hotel conhecido deles, onde nos fariam um preço em conta. Tinha bom aspecto. Saímos para ir jantar ao Flamingo. Um restaurante com uma localização espectacular, na “Ile Nord”, uma ilha no meio do Rio Senegal. Depois fomos ao “Café Iguane”, onde existe um culto a Che Guevara. Há muitos europeus em Saint Louis, o pessoal das ONG’s, da ONU, das embaixadas, especialmente em Nouakchott, está cá todo. Bendito Ramadão. A noite é longa e dura.
6ª Feira, 12 de Outubro. Levantámo-nos cedo, seis de nós. Arrancámos à descoberta. Eu ia a indicar o caminho. O Messias, o Zé Manuel e o João iam na caixa aberta, a gozar a aragem. A polícia mandou-nos parar, pediu-nos para ver o triângulo e o extintor… Depois reparou no pessoal lá atrás, eram brancos, iam em “infraction”, mais uma multa. Seguimos, toda a gente a ralhar comigo, porque estávamos a andar muito. Só se calaram quando chegámos ao ZebraBAR. Local espectacular. Na foz do Rio Senegal, junto à sede do parque natural da “Langue de Barbarie”. Bebemos lá umas louras geladinhas. À hora de almoço, saímos para ver se encontrávamos o Jorge e o Michel. Conseguimos encontrá-los. Os rádios de obra servem para alguma coisa. Nomes de código: Land Cruiser “RAPOSA VELHA” Hilux “ZEBRABAR”. Almoçámos no Flamingo. À tarde levámos os dois a conhecer o ZebraBAR. Voltámos a ser multados, não tínhamos seguro do Senegal para as viaturas. Mas depois do pagamento, explicou-nos que no sábado estávamos tranquilos porque a polícia estava de folga, devido às festas do Ramadão. Chegámos ao ZebraBAR, estava muito bom. Tomei um banho no rio. Pusemos o Messias a fazer o jantar. Macarronada de camarão. A dona do espaço, uma senhora suíça, esteve a falar connosco. A época alta começa em Novembro e dura até Junho. Agora estavam lá poucas pessoas, só dois casais com crianças pequenas e um casal jovem sem filhos. Tem uns Bungalows com muito bom aspecto. Um bom local para passar férias. Tem uma plataforma metálica sobre as árvores, com uma vista espectacular. À noite fomos ao Flamingo e depois ao Iguane. O Messias está a ficar louco, quer pôr tudo a falar português. A Muriel, gerente do Flamingo, uma belga, acompanha a brincadeira e atira o Messias para dentro da piscina. Hoje é a festa do fim do Ramadão.
Sábado, 13 de Outubro. Saímos todos de manhã, direitos ao Hotel de la Poste, beber um café expresso. Soube como o melhor do mundo. Têm lá uma sala com troféus de caça, muito antigos, espectacular. Há lá animais que nunca tinha visto, são é todos enormes. Continuámos com um destino bem definido, ir fazer um dia de praia. Seguimos pela estrada até um sítio com bom aspecto. Entrámos, era um “campement”, tinha restaurante, e palhotas de cana para dormir. Tomámos conta. Foi um dia memorável. O Messias foi com o gerente comprar peixe, apareceu com carne de vaca… Era o dia após as festas do fim do Ramadão e os pescadores não trabalhavam. Fizemos um churrasco espectacular. Tudo acompanhado com muita Gazelle. A praia é espectacular, quilómetros de areia, água quentinha e umas ondas boas para surf. À noite passámos pelo Flamingo, o Messias apanhou dois cocos e abriu um para bebermos água de coco. Fomos jantar ao Casino. Comi uma pizza calzone, que saudades… Acompanhada de vinho tinto de Bordéus, antes bebemos Martini. O Messias e o João apareceram a dizer que tinham passado num depósito de bebidas… Fui lá com o Zé Manuel, comprámos toda a cerveja que tinham e uma garrafa de JB. Ficámos depois com um problema nas mãos, como passar a fronteira com aquilo tudo? A noite continuou no Iguane, via-se que o Ramadão acabara, estava a rebentar pelas costuras.
Domingo, 14 de Outubro. Pelas 7 horas tudo a pé. O João ia pagar os quartos, porque não sabia o código do cartão e recebia dinheiro de todos para pagar as suas despesas. O terminal não funcionava. O funcionário do hotel ligou para o banco e resolveram o problema. Não esquecer que estávamos num domingo às 7 horas da manhã. Saímos e fomos logo multados outra vez, a quarta em quatro dias. Chegámos a Rosso, demorou muito a despachar os documentos no Senegal. O Messias é brasileiro e precisava de visto para o Senegal, sorte dele que só deram por isso à saída. Passámos, na Mauritânia foi rápido, tínhamos contratado um auxiliar que veio à frente com os passaportes e já tinha tudo tratado. Não viram as viaturas. Respirámos de alívio. Estávamos safos. Comprámos água, há 4 dias que não tocava em tal líquido. O calor apertava. Seguimos, já conhecíamos o caminho, não houve enganos. Assim que tive rede recebi um telefonema da FED EX, o meu GPS chegou, temos que pagar 250000 Ouguias. Chegámos a Kaédi pelas 17 horas. Vinha tudo cansado, mas feliz, valeu a pena.

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