Nas alturas difíceis forjam-se
solidariedades. (Re)aprende-se a colaborar. É nas dificuldades que se ganha o
espírito de sacrifício. Que se aprende a sofrer. Para se formar um salto há que
pôr os pés no chão e formar o impulso. Os verdadeiros amigos são aqueles que
comeram connosco o pão que o diabo amassou.
Tanto haveria mais a dizer acerca
de tempos passados em que os sobreviventes empreenderam a sua demanda por um
sentido de vida, que poupasse os seus descendentes às dificuldades que foram
obrigados a passar. Quando os tempos melhoram recordam-se com nostalgia e
muitas vezes com um sorriso nos lábios, os tempos difíceis passados. Contam-se
aos filhos ou netos histórias do tempo em que uma sardinha dava refeição para
dois, quando eles dizem não gostar de peixe. Sempre com a esperança que eles
não tenham que passar pelo mesmo.
Pois bem, esses tempos estão de
volta, infelizmente. Há que aproveitá-los para fazer uma “reforma” sobre as
nossas vidas. Temos que reaprender a exigir que aquilo que compramos, com tanto
sacrifício, valha o que nos pedem. Temos que exigir aos eleitos que cumpram um
mandato de acordo com as propostas que nos apresentaram. Que impedir que uma
vez eleitos, esqueçam a democracia por quatro anos, esqueçam que só lá estão
porque nos apresentaram um programa, o qual validámos. Temos que aprender a
cobrar.
Temos que exigir a revisão da
constituição (ou uma nova) onde fique bem claro, que quem governa tem um
mandato que começa e acaba nas suas propostas eleitorais, nem mais nem menos.
Até podem baixar vencimentos, despedir e cortar nas reformas, desde que isso
esteja explícito no seu programa eleitoral. Temos que voltar a acreditar, antes
que seja tarde e isto impluda e para além das desgraças todas que se abateram
sobre nós, alguma espécie de totalitarismo volte a deixar a sua sombra negra
sobre estas terras sofridas.
Algo está a mudar. Hoje voltou a
discutir-se política. Queremos saber onde se corta e porquê. Onde se gasta e
porquê. O debate vai evoluindo. A exigência vai aumentando. Os “boys” vão
perceber que estão encurralados. Que o futuro não passará por eles. Têm que se
fazer à vidinha. E isso mais cedo que tarde.
A mãe Terra tende sempre para um equilíbrio,
por vezes violentamente. Afastámo-nos muito da natureza, e pensávamos que a
espécie humana tinha todos os direitos sobre tudo o resto, aos poucos começamos
a compreender que afinal não é bem assim. As alterações climáticas estão aí
para comprovar que vivemos integrados num sistema, sem o qual não
sobreviveremos. Somos parte do todo. A economia parecia uma criação do homem
com regras próprias, a comprovar a nossa ascendência celestial, nada como um
choque com a realidade para perceber que as leis que regem a economia são as
mesmas que regem a natureza. A reação será violenta.
Não tenho dúvidas que sairemos
mais fortes no final. O que não sei é quando. Nem quantos…
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