domingo, 16 de junho de 2013

Tempos Difíceis


Nas alturas difíceis forjam-se solidariedades. (Re)aprende-se a colaborar. É nas dificuldades que se ganha o espírito de sacrifício. Que se aprende a sofrer. Para se formar um salto há que pôr os pés no chão e formar o impulso. Os verdadeiros amigos são aqueles que comeram connosco o pão que o diabo amassou.

Tanto haveria mais a dizer acerca de tempos passados em que os sobreviventes empreenderam a sua demanda por um sentido de vida, que poupasse os seus descendentes às dificuldades que foram obrigados a passar. Quando os tempos melhoram recordam-se com nostalgia e muitas vezes com um sorriso nos lábios, os tempos difíceis passados. Contam-se aos filhos ou netos histórias do tempo em que uma sardinha dava refeição para dois, quando eles dizem não gostar de peixe. Sempre com a esperança que eles não tenham que passar pelo mesmo.

Pois bem, esses tempos estão de volta, infelizmente. Há que aproveitá-los para fazer uma “reforma” sobre as nossas vidas. Temos que reaprender a exigir que aquilo que compramos, com tanto sacrifício, valha o que nos pedem. Temos que exigir aos eleitos que cumpram um mandato de acordo com as propostas que nos apresentaram. Que impedir que uma vez eleitos, esqueçam a democracia por quatro anos, esqueçam que só lá estão porque nos apresentaram um programa, o qual validámos. Temos que aprender a cobrar.

Temos que exigir a revisão da constituição (ou uma nova) onde fique bem claro, que quem governa tem um mandato que começa e acaba nas suas propostas eleitorais, nem mais nem menos. Até podem baixar vencimentos, despedir e cortar nas reformas, desde que isso esteja explícito no seu programa eleitoral. Temos que voltar a acreditar, antes que seja tarde e isto impluda e para além das desgraças todas que se abateram sobre nós, alguma espécie de totalitarismo volte a deixar a sua sombra negra sobre estas terras sofridas.

Algo está a mudar. Hoje voltou a discutir-se política. Queremos saber onde se corta e porquê. Onde se gasta e porquê. O debate vai evoluindo. A exigência vai aumentando. Os “boys” vão perceber que estão encurralados. Que o futuro não passará por eles. Têm que se fazer à vidinha. E isso mais cedo que tarde.

A mãe Terra tende sempre para um equilíbrio, por vezes violentamente. Afastámo-nos muito da natureza, e pensávamos que a espécie humana tinha todos os direitos sobre tudo o resto, aos poucos começamos a compreender que afinal não é bem assim. As alterações climáticas estão aí para comprovar que vivemos integrados num sistema, sem o qual não sobreviveremos. Somos parte do todo. A economia parecia uma criação do homem com regras próprias, a comprovar a nossa ascendência celestial, nada como um choque com a realidade para perceber que as leis que regem a economia são as mesmas que regem a natureza. A reação será violenta.

Não tenho dúvidas que sairemos mais fortes no final. O que não sei é quando. Nem quantos…

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