Havia magia no ar. Sentia-se a
cada inspiração. O céu vermelho. A brisa constante que estacou subitamente. Os
chilreios inaudíveis. Sentia-se parte de um quadro, só não identificava qual…
Reconhecia cada detalhe. Mais um esforço de memória e nada. Sentia que estava a
ser testado. O silêncio que o acompanhava normalmente nas mais estranhas
situações não faltava, dando-lhe uma sensação de segurança. Inspirou fundo.
Fechou os olhos. Começou a reconstruir cada detalhe. Como chegara ali. Que
estranha sensação de bem-estar lhe chegava desde o chão, o calor subia
ruborizando as faces. Caminhara tanto para ali chegar. Ultrapassara tantos
obstáculos. Desligou os sentidos, numa tentativa para isolar-se da envolvência.
E foi então que compreendeu. Sorriu. Voltou a abrir os olhos. Pássaros de todas
as cores e tamanhos irromperam num esvoaçar ébrio, em todas as direções sem
nexo algum. Chilreios, grasnados, pios. Estava no ponto mais alto do céu.
Escolheu a presa. Inspirou fundo, fechou as asas e iniciou voo picado, rápido
atingiu os 300 km/h, não havia fuga possível. Quando o pobre pombo foi
atingido, nem se tinha apercebido ainda da presença do mais rápido voador
natural do planeta. O “Falco peregrinus”,
falcão peregrino tranquilamente voava em direcção ao ninho, onde era aguardado
efusivamente pelos filhotes…
Estes escritos representam acima de tudo estados de espirito. Dia a dia de um português em Portugal
domingo, 9 de junho de 2013
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