Trovejava de novo após cinco
longos meses de ausência, logo grossas bátegas de água desciam pelos céus
encharcando sequiosos solos, lastimosos solos sobreviventes às queimadas
crescentes dos últimos meses. A côr passou do verde ao dourado e finalmente ao
negro azeviche. Com as almejadas lágrimas celestiais o verde breve retomará o
seu lugar nos baixios das paisagens, ultimamente escurecidas.
E o cheiro… Cheiro de terra
molhada. Tão ausente nos meses recentes. Tão presente logo após as primeiras
gotas terminarem a aérea viajem. Gotas prenhes de vida, tão cheias de
promessas, que até parecem políticos. Ao invés destes sói dizer-se que a sua
chegada é sucedida de uma explosão de vida, é um ciclo que recomeça.
Trovejava de novo, sons com o
condão de todos transportar para o exterior, contemplar uma mescla de tons de
cinza no lugar do firmamento. Sons dignos de ombrear com dignas composições
operáticas e lado a lado elevarem olhos marejados para os raios que cruzavam
céus imensos antes de escolherem o local onde se iriam entranhar.
Logo, logo os rios voltarão a ser
alterosos, poderosos, fazedores de paisagens maravilhosas, proporcionando vida,
proporcionando esperanças.
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