domingo, 14 de dezembro de 2014

Balanço

Assim em jeito de balanço, que o 2014 já vai para desconto de tempo, vejo que o mundo ficou muito perigoso. Fundamentalismos avançam por toda a parte. Agendas escondidas governam grande parte dos países. Intolerâncias germinam. Polícias brancos matam negros nos EEUU diariamente. Desemprego. Desengano. Miséria. Milhares arriscam travessias suicidas em barcos apinhados, que afundam afogando sonhos. A Europa rica assobia para o ar, riscando do vocabulário palavras tão simples como: solidariedade, apoio, redistribuição, expectativas; numa sucessão de asneiras, que dariam vontade de rir não fora os efeitos devastadores em milhões de novos pobres. O mundo está a ficar perigoso. O novo passatempo dos meninos mimados europeus, é ir para a guerra no médio oriente, e postar filmes e fotos de decapitações e outras selvajarias inimagináveis no século XXI, vontade que subitamente pára quando o Iphone quebra e ficam sem conseguir estar nas redes sociais, nessa altura pedem ajuda aos papás para regressar aos países de acolhimento e voltar a usufruir do conforto burguês decadente…
África vai vendo o tempo passar e continua sem conseguir distribuir a riqueza que vai extraindo do subsolo pelas suas gentes, num ciclo de pobreza autofágico sem fim. As alterações climáticas começam a fazer-se sentir um pouco por todo o lado, num planeta sobrelotado em que algumas colheitas consecutivas falhadas podem ter efeitos devastadores. O planeta está vivo e começa a criar anticorpos para expurgar os parasitas que o violam incessantemente sem réstia alguma de respeito. Todos os sistemas caóticos tendem para o equilíbrio, pode demorar algum tempo, mas as leis da natureza também nos regem, por mais que tentemos olvidar.

Em termos pessoais o ano ficou marcado por um início absolutamente devastador, fruto de um acidente estúpido, que alterou as nossas vidas para sempre. Hoje somos outros, felizmente que nos momentos maus há alguém que diz presente, mesmo se tantos se vão. Há uma lágrima no canto do olho, permanente. Uma tristeza que tolda o olhar. Há sempre um som que nos faz recordar, uma loja que era os teus olhos, é certo que também há os novos amigos que nos fazem sentir bem, os teus amigos que nos abraçam, que nos dizem que devemos estar orgulhosos da filha que criámos. E os rios de lágrimas que descem em torrentes destes olhos que começam a ficar cansados… 

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