terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Kalandula


Mais uma vez de volta a terras de Malanje, desta vez finalmente para desfrutar. Após Cacuso encontrámo-nos numa recta que se estendia para lá do horizonte, bem, recta mais ou menos, pois em determinado ponto existe uma chicane, mas o piso é óptimo e o traçado também. O dia estava fresco, nebuloso, a ameaçar chuva. Ao cruzar o rio Lucala deparámos com uma ponte testemunha dos tempos atribulados porque esta terra passou, metade em betão, antiga e metade metálica, da engenharia militar. Subimos ao planalto e entrámos em Kalandula, via dupla com duas faixas em cada sentido, separador ao centro, casas relativamente cuidadas, da época colonial, seguimos para os derradeiros 4 km. Finalmente as quedas. São tudo aquilo que ouvira dizer. Maravilha da natureza. As fotos da praxe, e fica um gosto estranho na boca, fizemos 250 km “apenas” para ver um bolo de chocolate atrás de uma montra? Pode ser belo, mas falta-lhe o aroma e o gosto. O Domingos e o Mateus convenceram-nos a baixar à base da cascata. O início da íngreme descida mostrou-nos logo o que iríamos encontrar, muito verde, um ar de selva luxuriante, flores únicas, chilrear de pássaros desconhecidos e uma vista de cortar a respiração. Já nas margens do Lucala reparámos que havia que passar zonas bastante enlameadas, outras seria mesmo a vau, noutras ainda o mato era tão denso que nem se via o caminho. Finalmente chegámos ao destino. Visão fantástica. Um sorriso inundou a todos. Foi para isto que viemos. O vento resolveu então pregar-nos uma partida, pegou na água em queda livre, elevou-a e direccionou-a para nós. Num dia calmo, quente, com o sol a aparecer, vimo-nos completamente ensopados. Não nos levou a boa disposição contudo. O regresso fez-se por caminho, agora já conhecido, até ao distante topo do planalto, mais de 100 metros. Se a descida é rápida e tranquila, apenas requer cuidado para não ter uma queda, a subida exige fôlego. De volta ao topo e ao calor do verão africano, todos mais ricos, cansados, sujos e molhados, mas também felizes e esfomeados. O almoço foi uma deliciosa surpresa. Um belo cacusso grelhado, num restaurante aprovado pelo painel.

2 comentários:

  1. Acho que é de coisas destas que se fala quando se invoca a beleza da África.
    Só pode ser, porque a pobreza das grandes cidades mais não é do que o pior que os africanos importaram do primeiro mundo.

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  2. Por isso é que eu tento encontrar estas maravilhas. As cidades pouco me dizem. Abraço.

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