terça-feira, 3 de junho de 2014

Reflexões

De volta ao cacimbo. O céu volta aos tons de cinza. As manhãs refrescam. As temperaturas sufocantes partiram para paragens distantes. A vida suaviza. A roda da vida gira sem cessar. Tão depressa estamos no alto da mais alta montanha, como estamos no fundo do vale mais profundo. Com o sufoco dos dias a afastar-se voltam os momentos de reflexão, agora possível, depois do início de ano inesperado, desesperado, transtornado e revoltado desde que nos conhecemos como gente.
Todos reclamamos contra a injustiça da vida. Ninguém está satisfeito com o que tem. Enquanto o mundo gira e avança, sucedem-se episódios dramáticos para quem os vive, rapidamente esquecidos por quem os rodeia. É assim que somos. É assim que é possível viver. A cada um as suas dores. Não podemos, nem queremos, acumular sofrenças alheias, que com certeza iremos necessitar sofrimentos próprios, mais cedo que mais tarde, na altura devida.
A cada inverno sucede sempre a primavera. A vida exige o recomeço, o ciclo, a morte. Quando tudo parece desesperar, surge a luz ao fundo do túnel. Quando a vida parece um conto de fadas, levamos um murro no estômago que nos tira o fôlego e nos faz tombar. Talvez a vida não seja injusta, talvez seja apenas vida. À falta de expectativas sobre o além, talvez devamos aproveitar esta vida do melhor jeito possível, com verdade, com tranquilidade, absorvendo cada instante como único e irrepetível.

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