domingo, 6 de abril de 2014

Domingo

Após um dia de pesadas plúmbeas nuvens, impermeáveis ao sol, que mesmo nessas condições conseguiu aquecer os ares, não tanto como usualmente, mas o suficiente para as almas desejarem refrescar. A tranquilidade oferecida pelas notas do “Cherry on my cake” continuou a maré iniciada cedo pela manhã. Vi uma fantástica história narrada por um anjo que quase teve vontade de ser humano por uma vez… e que começou assim: “Um simples facto. Você vai morrer. Apesar de todos os esforços ninguém vive para sempre. Lamento ser tão desmancha-prazeres. O meu conselho é: Quando chegar o momento, não entre em pânico. Ao que parece, não ajuda nada. Julgo que devia apresentar-me adequadamente. Mas por outro lado, acabará sempre por me conhecer. Não antes da sua hora, claro. Tenho por hábito evitar os vivos.”
Mais um período, mais um ciclo, mais uma viagem que se aproxima prometendo resolver um défice de abraços. É nestes dias de quase viagem que as saudades apertam, que o coração fica pequenino, que as lágrimas assomam no canto do olho. É quando as memórias desabam qual cascata de águas tumultuosas despenhando-se na direcção de mares vagamente pressentidos.
Tempo de balanço. De balança. Prós e contras. Deve e haver. E as palavras do anjo a ecoar “Apesar de todos os esforços ninguém vive para sempre.”
No meio da amálgama em que tudo se transforma uma certeza emerge, “Vale a pena? Claro que sim. Quando estamos seguros do caminho que trilhamos, por mais obstáculos que surjam, por mais dúvidas que nos atinjam, continuamos a caminhar, sabendo que após uma das muitas curvas virá a recompensa “uma vista para o vale de leite e mel”…

Pode-se viajar tanto e sentir-se sempre em casa? Cada vez acho mais que sim. A minha casa é todo o mundo e todo o mundo é a minha casa. E há o regresso. A maravilha que é regressar a casa, só sabe o sabor que tem, quem tem o destino marcado por partidas e chegadas. Aos apertos no coração das partidas seguem-se cascatas de emoções nos regressos…

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