Após um dia de pesadas plúmbeas nuvens, impermeáveis ao sol,
que mesmo nessas condições conseguiu aquecer os ares, não tanto como
usualmente, mas o suficiente para as almas desejarem refrescar. A tranquilidade
oferecida pelas notas do “Cherry on my
cake” continuou a maré iniciada cedo pela manhã. Vi uma fantástica história
narrada por um anjo que quase teve vontade de ser humano por uma vez… e que
começou assim: “Um simples facto. Você vai morrer. Apesar de todos os esforços
ninguém vive para sempre. Lamento ser tão desmancha-prazeres. O meu conselho é:
Quando chegar o momento, não entre em pânico. Ao que parece, não ajuda nada.
Julgo que devia apresentar-me adequadamente. Mas por outro lado, acabará sempre
por me conhecer. Não antes da sua hora, claro. Tenho por hábito evitar os
vivos.”
Mais um período, mais um ciclo, mais uma viagem que se
aproxima prometendo resolver um défice de abraços. É nestes dias de quase
viagem que as saudades apertam, que o coração fica pequenino, que as lágrimas
assomam no canto do olho. É quando as memórias desabam qual cascata de águas
tumultuosas despenhando-se na direcção de mares vagamente pressentidos.
Tempo de balanço. De balança. Prós e contras. Deve e haver.
E as palavras do anjo a ecoar “Apesar de todos os esforços ninguém vive para
sempre.”
No meio da amálgama em que tudo se transforma uma certeza
emerge, “Vale a pena? Claro que sim. Quando estamos seguros do caminho que
trilhamos, por mais obstáculos que surjam, por mais dúvidas que nos atinjam,
continuamos a caminhar, sabendo que após uma das muitas curvas virá a
recompensa “uma vista para o vale de leite e mel”…
Pode-se viajar tanto e sentir-se sempre em casa? Cada vez
acho mais que sim. A minha casa é todo o mundo e todo o mundo é a minha casa. E
há o regresso. A maravilha que é regressar a casa, só sabe o sabor que tem, quem
tem o destino marcado por partidas e chegadas. Aos apertos no coração das
partidas seguem-se cascatas de emoções nos regressos…
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