Somos razão. Somos emoção. Somos altruístas. Somos egoístas.
À compreensão (que não aceitação) do que se passou,
seguem-se momentos de impotência, de desespero. Fraquejam as pernas. Fica um nó
na garganta. A lágrima assoma no canto do olho.
Foi só um momento. Vários momentos.
Dou por mim a pensar como poderia ter sido. Que raiva, não
poder voltar atrás…
Que faço agora?
Eu sei que tenho que seguir em frente. Isso é o óbvio.
Que faço agora?
Choro? Fecho-me ainda mais? Imploro? Solto uns ais?
Porquê?
Somos amigos. Somos inimigos. Somos bons. Somos maus.
Pensamos em nós como o centro do mundo. Mas o mundo não
sabe. Nem sequer desconfia. Irrelevantes. Grão de areia no deserto. Gota de
água no oceano.
Como conciliar sol e sombra? Água e sede? Frio e calor? Bem
e mal? Amor e ódio? Dia e noite? Vida e morte?
Tudo isto existe, tudo isto está à nossa volta. Como é tão
fácil perceber o conceito e tão difícil aceitar a realidade?
Como posso rir chorando? Como posso ir caminhando sabendo
que me estou a afastar? Como posso não ir caminhando? Que faço?
Tremo de frio nesta quentura, qual navio numa aventura, não
sei se tenho estrutura, nem sequer desenvoltura.
Temo que esteja a andar em círculos, para me não afastar.
Como posso me afastar? Não sei para onde vou, só sei que tenho que andar. Um dia
vou encontrar a direcção, um dia vou escutar meu coração, um dia vou ouvir a
razão, um dia…
Yin e yang, preto e branco, bem e mal, razão e coração?
Contradições, quem as não tem? Não estou tão mal assim. Só precisava desabafar.
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