domingo, 26 de maio de 2013

Sol e Sombra


Tal como temos dias luminosos a raiar o sagrado e outros nebulosos, como os dias vividos por tantos nestes dias. Tal como vemos a natureza numa explosão de vida, após umas boas chuvadas e um pouco ao lado vemos a destruição que as mesmas podem provocar, especialmente entre os mais despreparados ou desatentos. Tal como o fogo destrói e permite a regeneração após a sua passagem, de tal forma que é uma técnica utilizada há milhares de anos, para permitir a obtenção de pastos verdes em contra estação ou o cultivo agrícola. Tal como as estações se sucedem, neste nosso planeta azul, após cada subida vem uma descida e vice-versa. A vida é feita de ciclos. O nosso papel é cuidar de entender esses ciclos e tentar prolongar as subidas e amortecer as quedas.

Quem já teve oportunidade de apreender, nem que seja por um breve instante, a luz, o ar, a vastidão, a mobilidade, do deserto, compreende que mesmo em circunstâncias difíceis a vida está lá e aproveita todas as oportunidades para se desenvolver. Assim os tempos difíceis sejam aproveitados para jogar para estibordo as bugigangas que transportamos nas nossas vidas, convencidos que transportamos valores incalculáveis. É precisamente quando estamos numa encruzilhada que tomamos as decisões que moldarão presentes futuros.

Só há sombra quando há sol. É a distância que acrescenta saudade. É a doença que nos faz querer saúde. Rezamos quando deparamos com dificuldades inesperadas. Porque não aproveitar estes dias tão longos para debater, seriamente, que sociedade queremos deixar aos próximos? Em nove séculos já tivemos vários paradigmas, conquistar terra, glória, fama, riqueza. Aumentar o território, descobrir novos mundos. Evangelizar. Viver aventuras. Miscigenar o nosso sangue com todos os sangues do planeta. Manter a independência. Declarar de novo a independência. Manter territórios. Obter reconhecimento. Promover o desenvolvimento. Promover a integração europeia, num regresso a “casa”. Integrar o pelotão da frente do euro…

Durante séculos os “mais velhos” foram respeitados. Foram os garantes da tradição oral, da passagem de testemunho. Considerados sábios. Escutados e não apenas ouvidos. Criámos então uma sociedade sem espaço para os mais velhos. Conseguimos uma evolução tecnológica tão rápida, que os mais novos é que passam conhecimento aos mais velhos. E achamos normal. Embriagados pelas facilidades da tecnologia, desrespeitamos as leis da natureza. Se alguma coisa devíamos ter aprendido é qua a natureza tende sempre para um equilíbrio. Por mais que façamos, por mais que a tecnologia evolua, não podemos alterar as leis da natureza, apenas as dos homens. Como o caminho só se faz caminhando, porque não voltar a respeitar as leis da natureza e voltamos a escutar os mais velhos?

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