Tal como temos dias luminosos a
raiar o sagrado e outros nebulosos, como os dias vividos por tantos nestes dias.
Tal como vemos a natureza numa explosão de vida, após umas boas chuvadas e um
pouco ao lado vemos a destruição que as mesmas podem provocar, especialmente entre
os mais despreparados ou desatentos. Tal como o fogo destrói e permite a
regeneração após a sua passagem, de tal forma que é uma técnica utilizada há
milhares de anos, para permitir a obtenção de pastos verdes em contra estação
ou o cultivo agrícola. Tal como as estações se sucedem, neste nosso planeta
azul, após cada subida vem uma descida e vice-versa. A vida é feita de ciclos.
O nosso papel é cuidar de entender esses ciclos e tentar prolongar as subidas e
amortecer as quedas.
Quem já teve oportunidade de
apreender, nem que seja por um breve instante, a luz, o ar, a vastidão, a
mobilidade, do deserto, compreende que mesmo em circunstâncias difíceis a vida
está lá e aproveita todas as oportunidades para se desenvolver. Assim os tempos
difíceis sejam aproveitados para jogar para estibordo as bugigangas que
transportamos nas nossas vidas, convencidos que transportamos valores
incalculáveis. É precisamente quando estamos numa encruzilhada que tomamos as
decisões que moldarão presentes futuros.
Só há sombra quando há sol. É a
distância que acrescenta saudade. É a doença que nos faz querer saúde. Rezamos
quando deparamos com dificuldades inesperadas. Porque não aproveitar estes dias
tão longos para debater, seriamente, que sociedade queremos deixar aos
próximos? Em nove séculos já tivemos vários paradigmas, conquistar terra,
glória, fama, riqueza. Aumentar o território, descobrir novos mundos.
Evangelizar. Viver aventuras. Miscigenar o nosso sangue com todos os sangues do
planeta. Manter a independência. Declarar de novo a independência. Manter
territórios. Obter reconhecimento. Promover o desenvolvimento. Promover a
integração europeia, num regresso a “casa”. Integrar o pelotão da frente do
euro…
Durante séculos os “mais velhos”
foram respeitados. Foram os garantes da tradição oral, da passagem de
testemunho. Considerados sábios. Escutados e não apenas ouvidos. Criámos então
uma sociedade sem espaço para os mais velhos. Conseguimos uma evolução
tecnológica tão rápida, que os mais novos é que passam conhecimento aos mais
velhos. E achamos normal. Embriagados pelas facilidades da tecnologia, desrespeitamos
as leis da natureza. Se alguma coisa devíamos ter aprendido é qua a natureza
tende sempre para um equilíbrio. Por mais que façamos, por mais que a
tecnologia evolua, não podemos alterar as leis da natureza, apenas as dos
homens. Como o caminho só se faz caminhando, porque não voltar a respeitar as
leis da natureza e voltamos a escutar os mais velhos?
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