domingo, 20 de janeiro de 2013

Mina


Detinha-se a ouvir os lamentos daquela leoa. Continuava a ter as quenturas, mas desde a guerra ficara só, nenhum leão ouvia aqueles rugidos há bastantes anos. Só, a Mina ficara, só, a Mina ficaria, até à terminação dos seus dias. Mas fazia-lhe um dó, de partir alma. Mina des-sabia que nenhum macho restara por aquelas terras anteriormente tão férteis de zebra ou palanca. Nas noites intermináveis que duravam as quenturas, nenhuma alma descansava na aldeia. Dava uma dor na espinha saber que uma leoa lutava só, pelo futuro que não chegava nunca. Dava uma falação sem fim. O Kimba, jovem a procurar a sua primeira esposa, ainda pediu ao mulôji para lhe transformar em leão por uns dias, que dava fim àquela lamentação toda, ajudava a Mina. A aldeia podia então descansar seus fantasmas. Mas o mulôji lhe atirou que o dunda de tal serviço não lhe estava no alcance. Este ano os roncos soavam mais alto. Também duravam mais semanas. Soavam a desespero. De quem percebeu que futuro não chega mais, nunca. Ninguém punha um pé fora da aldeia, com receio de lhe afrontar, no meio de tanta dor. Mina nunca atacara ninguém, mas agora um receio grosso baixara logo após as primeiras árvores.

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