Descalço
de sapatos e de calças, só eu e este sol, num frente a frente. Num
desafio intervalado pelas brancas nuvens, que água vertem por estas
verdejantes planuras. Descalço sinto a pulsão da terra. Terra
vermelha, terra verde, terra negra, terra branca. Terra chão de
tantas ilusões. Descalço. Terra chão de tantas desilusões.
Sensações inebriantes. Paisagens de pertos distantes. Horizontes
descalços. Pedras negras. Águas quentes. Águas rápidas.
Cachoeiras. Margens. Quentes. Descalço. Olho o sol. Milhões de
cores. A mão, primeva razão da nossa evolução, tanto de bom feito
tem, tanto de mau sabe fazer. Descalço de juizos, olho minha mão.
Surpreendo-me. Ainda me surpreendo, com pequenos nadas. Gestos.
Brisas. Pássaros azuis. Flores vermelhas. Nuvens negras. Estórias
d'enternecer. Aquelas montanhas no horizonte. Quero ir lá. Ainda
tenho esperanças. Quero ouver, respirar, gritar, sentir aquele chão.
Os fantasmas passantes insinuam-se.
Estes escritos representam acima de tudo estados de espirito. Dia a dia de um português em Portugal
domingo, 13 de janeiro de 2013
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