domingo, 13 de janeiro de 2013

Descalço


Descalço de sapatos e de calças, só eu e este sol, num frente a frente. Num desafio intervalado pelas brancas nuvens, que água vertem por estas verdejantes planuras. Descalço sinto a pulsão da terra. Terra vermelha, terra verde, terra negra, terra branca. Terra chão de tantas ilusões. Descalço. Terra chão de tantas desilusões. Sensações inebriantes. Paisagens de pertos distantes. Horizontes descalços. Pedras negras. Águas quentes. Águas rápidas. Cachoeiras. Margens. Quentes. Descalço. Olho o sol. Milhões de cores. A mão, primeva razão da nossa evolução, tanto de bom feito tem, tanto de mau sabe fazer. Descalço de juizos, olho minha mão. Surpreendo-me. Ainda me surpreendo, com pequenos nadas. Gestos. Brisas. Pássaros azuis. Flores vermelhas. Nuvens negras. Estórias d'enternecer. Aquelas montanhas no horizonte. Quero ir lá. Ainda tenho esperanças. Quero ouver, respirar, gritar, sentir aquele chão. Os fantasmas passantes insinuam-se.

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