domingo, 6 de janeiro de 2013

Ilusão


Já se questionava se a realidade não seria mera ilusão, se a sua memória, agora que tanto dela necessitava, não estaria a desconsiderar-lhe.

Após tantos anos com o colono a impor as regras, após tantas vidas de guerra, após tantos vivas à revolução. Via passar de novo branco, como água. Até lhe sentia aquele comichão, aquele que só branco provocava. Para quê tanta desconsideração, tanta vida desavisada, para descobrir que “eles” estavam de volta.

Pior, os novos falavam uma língua estranha. Lhe custara tanto aprender língua de branco, agora que tal lhe podia dar vantagem, chegou novo branco falando língua estranha.

E estes desconheciam tratos antigos, daqueles que passam de pais para filho.

Os camaradas informavam que estes eram “amigo!”

Meu comichão não passava...

Experimentei uns “patrão” uns “sinhô”, mas nada, eram duro de ouvido...

Tomavam tudo, sem respeito pelos mais velho. Só desconsideravam, como explicar pois aos jovem, se mesmo nós só escuro via...

Resolvemos partir os espelhos, a ver se a ilusão ia junto, se aquela gente sem conhecimento dava lugar aos tempo antigo...


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