segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Carta do Governador

5ª Feira, 8 de Novembro. Atravessámos uma zona muito complicada, a erva seca tinha cerca de 2 metros de altura, o Mamouni vinha logo atrás e levantou os perfis à medida que nós marcávamos. Chegámos ao 10825. Comecei o levantamento do terreno para a alteração da variante a Selibaby.
6ª Feira, 9 de Novembro. Acabei o levantamento da variante. Depois com o Houari e o Zé Manuel fomos com o Niang e um representante do governo ver o desvio que teremos que fazer para passar de estaleiro para a obra. À tarde com o Houari e o Luís fomos ver um empréstimo, o Houari deixou o carro cair num buraco muito grande, mas conseguimos sair de lá.
Sábado, 10 de Novembro. Fiz uma proposta ao meu pessoal, quando tivéssemos 2 km marcados o dia estava ganho. Acabámos às 12h45m. Nunca tinha visto mauritanos a correr… À noite o Mamouni veio com uma carta, escrita em árabe. Disse-lhe que conseguia ler apenas a data. Ele respondeu que a carta era para mim e não para outro responsável da empresa. Pedi ao Houari para me ler o que estava escrito. A carta estava dirigida ao comissário da Polícia de Gouraye, para nos facilitar a passagem de, e para Bakel. Chegaram os AFA’s de Kaédi. Mais o Messias, porque amanhã é domingo.
Domingo, 11 de Novembro. Dia de S. Martinho. Saímos cedo para Bakel. O Messias ia à frente a fazer pó e eu atrás. Depois de Boutanda, ele seguiu por um caminho e eu por outro. Passado algum tempo ligou o Luís a perguntar por nós, mas estávamos muito à frente deles. Chegámos a Gouraye e eu muito contente, fui ter com o Chefe da polícia, dizendo-lhe que era portador de uma carta do governador para ele. Pediu-me a carta procurei por todo o lado e não achei. Logo de manhã a primeira coisa que fiz foi uma cópia da carta, para memórias futuras. Deixei a preciosa carta em cima da secretária. Felizmente já tinham telefonado para Gouraye a avisar da nossa chegada com a tal carta. Mas devo ter feito uma cara de parvo de todo o tamanho. Depois fui falar com o director da alfândega, agora já sabendo que não levava a carta. Mas foi cinco estrelas e chegámos a acordo. Temos via verde. O Luís e o Messias nunca mais chegavam, decidimos seguir. Quando eles chegaram ao Chez Jeanne, estavam pior que estragados connosco, mas não podíamos falar com eles porque nenhum tinha rede. Ficaram atascados na areia e o Luís teve que andar 6 km a pé para pedir ajuda. O Messias rogou-me uma praga. Na volta, enquanto fui ter com o Malik, para buscar as estacas, os gajos vieram embora. Ficaram a Karen e o Aires à minha espera. Em Gouraye um polícia pediu-me transporte para uma mulher, para Boutanda. Andámos uns 3 km e fiquei preso na areia. Toda a gente a tirar a areia debaixo do carro e lá saímos. Deixámos a senhora e pouco depois voltei a ficar preso na areia. Desta vez foi mais complicado e demorado, mas lá saímos. Não tinha água. A boca começava a latejar. Perdi a concentração e o norte, porque já fiz umas 10 viagens destas e nunca me tinha perdido. Fez-se noite. Uma simples viagem que demorou 1 hora para baixo, demorou muitas para cima. Nunca mais achei o caminho, chegámos muito tarde e cheios de pó. Ainda havia um restinho do cabrito do messias, vá lá. Mas o “sacana” quando ouviu a nossa história só dizia, Deus é grande. Tomei um duche. Fui comer e acabei por beber um pouco demais.

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