segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Viagem

O bom do caminho é haver voltaPara ida sem vinda basta o tempo.
Mia Couto

Viajar é como um caminho, se nos leva rumo ao desconhecido também nos traz de volta a casa. Esta etapa africana, em Cambambe, durou cinco anos, foi mais longa que inicialmente previsto. Mas mesmo as etapas longas têm um final.
É bastante saboroso o regresso às origens, à família, à casa, aos nossos cheiros…
As ausências têm um preço, se por um lado nos fazem mais ricos, por tudo o que absorvemos lá nas lonjuras, por outro cobram memórias não partilhadas…

2018 será sem sombra de dúvidas um ano novo por estas bandas, reaprender a partilhar espaços…

sábado, 30 de setembro de 2017

Dever Cumprido

Dever cumprido. Como é possível descrever em duas palavras dez por cento de uma vida? Qual o significado agora que mais uma etapa entra na recta final? Será que irá corresponder a um adeus definitivo a este chão vermelho? Uma terra à procura de um destino. Certa que intensos dias virão, que boa parte do futuro planetário dependerá das escolhas aqui efectuadas. Não é fácil encarar os tempos de incerteza, não por receios, ou dúvidas, talvez porque o baú das memórias começa a acumular estórias, cheiros, cores, momentos, gentes.
Desfrutar. Carpe diem. Como já ouvi dizer, “um dia será o último da nossa vida”, a vantagem é que todos os outros não o serão. Deste modo os sentidos despertos e ávidos, absorvem o máximo que aí está à nossa espera.
Rio. Todos iguais, todos diferentes. Tanta história. Tanta vida. Transporte. Água. Energia. Este foi Coanza, Cuanza, Kwanza. Grafismos. Regras. Cada vez será mais energia eléctrica, Laúca já tem a segunda unidade, já são 668 MW, em 2018 serão 2067 MW a somar aos 520 MW de Capanda e aos 976 MW de Cambambe, Caculo Cabaça será realidade a breve prazo e mesmo Zenzo começa a mexer.

Desafio. Li que em 2100 em África viverão 4300 de 11000 milhões de habitantes do planeta. Esse valor triplicará a população actual de 1300 milhões. Um crescimento populacional em média de 3%. Se a economia crescer a uma taxa de 3%, durante todo o século, o que será um grande desafio, tal não corresponderá a uma melhoria das condições da população. Significará que será um século desperdiçado? Ou um grande desafio que não pode ser adiado?

domingo, 9 de julho de 2017

Sons

Os sons da música embalam a alma numa sucessão crescente de estados, culminando no Olimpo dos deuses sonoro-coloridos, numa arritmia tresloucada de pele eriçada e unhas encaracoladas.
As palavras da música são universais aproximando gentes de todo o planeta, numa simbiose acústico-movimento com ou sem ritmo a bater o pé ou as mãos em aplausos mais ou menos espontâneos.
Algumas peças fazem-nos entrar em modo drone sobrevoando paisagens musicais fantásticas, outras em modo submarino submergindo corais multitribais.
Umas repetitivas até à exaustão, outras melodiosas, umas fáceis, outras nem à décima entram no ouvido, umas puxam ao sentimento outras aditivas.

Umas trazem-nos entes queridos ausentes, outras embalam-nos nos braços de Morfeu, umas fazem-nos sorrir, outras desabar.

sábado, 8 de julho de 2017

Até Sempre!

A nossa existência é feita de ciclos, desta feita estarei prestes a encerrar mais um ciclo, o angolano. Tanta coisa mudou nestes 4 anos e meio…
Saí de um país em depressão para outro com o a maior taxa de crescimento mundial da última década, saí do inverno para o verão, dum país em fuga para um país enamorado de si, duma empresa em fim de ciclo para uma de regime. Fui dos primeiros tugas a chegar ao “el dorado”.
Se o meu país estava em crise, o que me acolheu está às portas dum desafio imensurável, o esteio do regime, o malfadado petróleo entrou numa espiral descendente sem fim à vista. Se saí no início do inverno boreal, irei regressar no inverno austral. O meu país que tantos tem expulsado ao longo de eras, qual espelho de invejas investido, deu lugar a um lugar de moda, no topo dos melhores rankings mundiais, o que me acolheu, de repente, acordou para as contradições de ter a maior taxa de mortalidade infantil e uma das maiores taxas de morbilidade materna, para as crescentes taxas de infectados pelas malárias da vida, acrescidas das esquecidas febres tifóides e cóleras, junto com a depreciação da moeda, o desemprego crescente, as estradas pagas a preço de ouro e de duração, apenas circunstancial, cujos holofotes parecem pirilampos, de tão efémeras… A empresa que tão bem me tratou viu-se envolvida no maior escândalo do país-continente de origem. Após os tempos iniciais de adaptação a uma equipa internacional, seguiu-se outro de recepção aos patrícios e de novo ajuste à ausência, após a partida dos compatriotas.
Se há algo que nos marca, são as ausências dos entes queridos. Quando estas passam a definitivas, as marcas ficam gravadas na nossa alma como ferros em brasa, como se nos quisessem dizer que não temos direito de viver o “após”. Se quisermos ser honestos resta-nos viver o presente, como se fora o último dos dias. O futuro não existe ainda, o passado já nos abandonou.
Há imagens inolvidáveis que nunca irei esquecer, as fantásticas despedidas solares, os horizontes longínquos, o cheiro da terra vermelha depois da chuva, a camaradagem proporcional à distância do lar…

Até sempre!
Escalada do Morro do Moco, Huambo, ponto mais alto de Angola, 11 Novembro 2013
Safari em Etosha, Namíbia, 1 Maio 2014
Fotografando a natureza exuberante no entorno das quedas de Calandula
Agradecendo a visita, nem sempre apreciada, apreciando a natureza
Sempre aprendendo, como montar um tabuleiro de uma ponte em três dias
Os momentos passados com os amigos

Em modo inauguração

💚💔

Carta aos mortos Amigos, nada mudou em essência. Os salários mal dão para os gastos, as guerras não terminaram e há vírus novos e terríveis,...