Vivemos num mundo curioso, sabemos que os
offshores servem para alguns (poucos) fugirem às tributações elevadas (segundos
os tais poucos) dos países de origem. Apenas os que têm muito dinheiro podem
usufruir destes alçapões cuidadosamente preparados em leis devidamente
estudadas. Deste modo os detentores das maiores fortunas quase não pagam
impostos e a classe média empregada tem a seu cargo o grosso da despesa do
estado social. Periodicamente uma amnistia fiscal permite a legalização da
situação mediante um imposto simbólico previamente acordado. Creio que no lugar
de lutar contra os moinhos de vento, qual D. Quixote, seria preferível baixar
os impostos para todos de tal sorte que não justificasse driblar as leis. De
qualquer modo quem está sujeito às maiores taxas não paga nada…
O islão foi uma religião tolerante durante
séculos, excepto alguns núcleos fanáticos isolados e sem expressão, a sede de
petróleo no século XX favoreceu a expansão, paga a peso de ouro, desses
fanáticos intolerantes de modo a estarmos no limiar de uma coisa qualquer
bastante feia e que terá custos incalculáveis para os ocidentais. Não será a
altura certa para apostarmos de vez nas energias alternativas, demonizadas por
supostos liberais que vendem as suas opiniões a quem mais paga?
O período dos descobrimentos, durante tanto
tempo enaltecido, ultimamente escarnecido, correspondeu a um tempo definido,
com personagens conhecidos, a história não é um comício político, é o estudo
dos eventos ocorridos e a sua compreensão. O seu conhecimento permite antecipar
muitos eventos futuros. Foi uma epopeia, para uns; um desígnio, para outros; uma
desgraça, para tantos; uma oportunidade, para uns quantos; uma jogada perdida,
dirão aqueles; uma violência, dirão aqueloutros. Racismo, violência, ganância,
religião, política, impostos, finanças, usura, aventura, oportunidade. As
opiniões divergem em função da origem e do objectivo dos opinadores, é por isso
mesmo que é importante o seu estudo. Um rio não é só nascente e foz, tem todo
um percurso que lhe permite ser o que é.
O rio Kuanza e as suas míticas minas de
prata, foram o engodo para a presença portuguesa em Angola. Quatro séculos
depois Cambambe mostrou que a riqueza estava lá, embora à época não fosse
compreendida desse jeito, mais meio século e Cambambe está quase a cumprir o
seu desígnio humano, o restante do médio Kuanza está a caminho de transformar a
prata em verdadeiro ouro, assim seja devidamente aproveitado.
Ao longo da história os líderes sucedem-se,
uns despóticos, outros loucos, uns sem ambição, outros com ambição desmedida,
uns com consulados breves, outros parece que sempre estiveram lá. Uns que parecem
honestos, outros crêem ser reencarnações de divindades. Só não há nenhum que
dure para sempre…
Longe estava de me encontrar à beira de uma
década a “fazer pela vida” nas lonjuras tropicais do velho continente. A
mostrar que a vida nos reserva surpresas a cada oportunidade. Talvez seja tempo
de “emalar a trouxa e zarpar” rumo a paisagens dantes quasi ignoradas e hoje tão amadas. As saudades podem ser um íman
poderoso…
Curiosamente o convívio com gentes tão
diversas, com culturas tão diferentes, climas tão diferenciados, faz-me sorrir
de pena de todos os que exibem certezas absolutas, verdades inquestionáveis,
caminhos únicos. Se alguma coisa aprendi é que amanhã é outro dia e eu quero
vivê-lo. Sem dogmas, sem garantias de sequer chegar vivo ao final.
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