Os
rios fazem parte integrante da minha vida.
Se
na infância foi o Almonda a despertar a consciência, para as
questões ambientais, com a “porcaria” que levava lezíria
abaixo, logo depois veio o grande Tejo, mais a Praia dos Tesos. Já
espigadote conheci o Zêzere com a imponente barragem do Castelo de
Bode, o parque de campismo e agradáveis tardes nas solarengas
praias. Seguiu-se o Vouga com a bela Ria e os maravilhosos mercados
de peixe da Costa Nova. O mondego, velho bazófias que nos ia
comprometendo a obra quando secou, ali prás bandas de Gouveia. Virei
depois internacional e nadei no Senegal entre dois países, a
Mauritânia e o Senegal, seguiu-se o grande Níger com uma história
tão longa que não acaba. Regressei a casa e fui para o Douro, lindo
de morrer, terra mãe de vinhos fantásticos e da famosa “Posta”.
Fiz
as malas mais uma vez, desta feita para as margens de outro rio
fantástico, o Kwanza.
Devo
confessar que as paisagens por aqui são de cortar o fôlego e nesta
altura do ano, pleno verão, com tudo verde, são incríveis.
O
rio Kwanza é sui generis, pois não sendo o maior rio que passa por
Angola é o maior rio “exclusivamente” angolano. São 980 km do
nascente até à foz. É navegável do mar até ao Dondo, onde me
encontro e onde está feita há 50 anos a barragem de Cambambe, que
agora estamos a subir, de acordo com o plano inicial, vinte metros no
coroamento, de molde a aumentar-mos um “pouquinho” a produção
de energia. Até ao ano passado a capacidade desta barragem
encontrava-se nos 90 Kva, com a primeira fase das obras já
realizadas, passará no final de 2012 a disponibilizar 180 Kva. Em
2015 já fornecerá 960 Kva, nessa data será a maior produtora de
energia de Angola.
Quando
o plano de aproveitamento do Kwanza estiver implementado, sairão
daqui aproximadamente 10.000 Kva, o que proporcionará energia
suficiente para todo o país e ainda para exportar para os países
vizinhos.
Se
no Douro me encontrava numa terra mãe de vinhos, aqui vim dar comigo
a habitar uma casa que dista cerca de duas centenas de metros de uma
fábrica de cerveja, a fábrica da EKA.
A
única coisa que posso dizer é que neste clima a EKA escorrega muito
bem, sem espinhas.
Em
Cambambe existem ruinas de um forte português construído na época
em que o 1º Dezembro ainda não era feriado em Portugal, pois em
1604, reinavam aí os Felipes. Também existem ruinas de uma igreja,
ainda do Séc.. XVII. A vila é tudo o que não esperaríamos encontrar.
Casas fantásticas com mais de 50 anos e uma arquitetura ainda
atual. Uma Pousada com vista para o Kwanza de criar lágrima.
As
montanhas que vislumbramos no horizonte, já no Kwanza Sul, prometem
passeios fantásticos.
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