quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Por este rio acima


Os rios fazem parte integrante da minha vida.

Se na infância foi o Almonda a despertar a consciência, para as questões ambientais, com a “porcaria” que levava lezíria abaixo, logo depois veio o grande Tejo, mais a Praia dos Tesos. Já espigadote conheci o Zêzere com a imponente barragem do Castelo de Bode, o parque de campismo e agradáveis tardes nas solarengas praias. Seguiu-se o Vouga com a bela Ria e os maravilhosos mercados de peixe da Costa Nova. O mondego, velho bazófias que nos ia comprometendo a obra quando secou, ali prás bandas de Gouveia. Virei depois internacional e nadei no Senegal entre dois países, a Mauritânia e o Senegal, seguiu-se o grande Níger com uma história tão longa que não acaba. Regressei a casa e fui para o Douro, lindo de morrer, terra mãe de vinhos fantásticos e da famosa “Posta”.

Fiz as malas mais uma vez, desta feita para as margens de outro rio fantástico, o Kwanza.

Devo confessar que as paisagens por aqui são de cortar o fôlego e nesta altura do ano, pleno verão, com tudo verde, são incríveis.

O rio Kwanza é sui generis, pois não sendo o maior rio que passa por Angola é o maior rio “exclusivamente” angolano. São 980 km do nascente até à foz. É navegável do mar até ao Dondo, onde me encontro e onde está feita há 50 anos a barragem de Cambambe, que agora estamos a subir, de acordo com o plano inicial, vinte metros no coroamento, de molde a aumentar-mos um “pouquinho” a produção de energia. Até ao ano passado a capacidade desta barragem encontrava-se nos 90 Kva, com a primeira fase das obras já realizadas, passará no final de 2012 a disponibilizar 180 Kva. Em 2015 já fornecerá 960 Kva, nessa data será a maior produtora de energia de Angola.

Quando o plano de aproveitamento do Kwanza estiver implementado, sairão daqui aproximadamente 10.000 Kva, o que proporcionará energia suficiente para todo o país e ainda para exportar para os países vizinhos.

Se no Douro me encontrava numa terra mãe de vinhos, aqui vim dar comigo a habitar uma casa que dista cerca de duas centenas de metros de uma fábrica de cerveja, a fábrica da EKA.

A única coisa que posso dizer é que neste clima a EKA escorrega muito bem, sem espinhas.

Em Cambambe existem ruinas de um forte português construído na época em que o 1º Dezembro ainda não era feriado em Portugal, pois em 1604, reinavam aí os Felipes. Também existem ruinas de uma igreja, ainda do Séc.. XVII. A vila é tudo o que não esperaríamos encontrar. Casas fantásticas com mais de 50 anos e uma arquitetura ainda atual. Uma Pousada com vista para o Kwanza de criar lágrima.

As montanhas que vislumbramos no horizonte, já no Kwanza Sul, prometem passeios fantásticos.

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