Acordei sobressaltado. Inquieto. Olhei o relógio. Duas e meia. Intrigado com os pensamentos que mesmo depois de acordado pareciam lapas. Não era possível. Ninguém desce tão baixo. Pus-me a matutar no que me impedia o repouso.
“O Eng. Coiso esperava inquieto que o futuro Primeiro o recebesse. Andava para trás e para a frente a proferir palavras irreproduzíveis. Impaciente. Finalmente foi chamado. Não perdeu tempo com os preliminares. Direto. Preciso. Conciso. Isto não dá. Vocês meteram-nos nesta alhada. Temos que rever isto. Do que está a falar? Questionou o futuro Primeiro. As porcarias das Scut’s estão-nos a lixar a vida, vociferou. Calma. Calma. Respondeu em tom apaziguador. Explique lá tudo. Que as rendas não cobrem os encargos. Que os tugas são uns tesos e não andam de carro. Que agora até querem acabar com os camiões nas estradas e fazer linhas de comboio para levar as mercadorias para a Europa, onde é que já se viu. Tem alguma ideia concreta? Retorquiu o futuro. Temos que arranjar um modo de rever os contratos. Não podemos correr tantos riscos. Os bancos só emprestam dinheiro às empresas públicas. O que tem em mente? E se explicássemos que os Portugueses são todos iguais. Uns não podem utilizar as auto-estradas sem pagar e os que nada têm, nem sequer um carrito, é que as pagam com os seus impostos. O célebre princípio do utilizador - pagador. Eu sempre fui a favor desse princípio. Desde pequenino. É da mais elementar justiça. Os pobres é que saem sempre prejudicados. Este governo é que cria injustiças. O que é verdadeiramente justo é cada um pagar os serviços que utiliza. Calma, calma. Esta conversa nunca existiu. Até porque eu sou do partido do governo e parecia mal, saber-se lá fora. Claro. É evidente.”
Pensei, Chiça nem a dormir me largam. É claro que isto só pode ser um pesadelo.
“O Eng. Coiso passou um cheque para ajudar na campanha eleitoral, que se avizinhava. Os jornais do dia seguinte titulavam – PORTAGENS NAS SCUT – mais abaixo lia-se, menos estado na sociedade e ainda princípio utilizador – pagador continuava com equidade fiscal...”
Pensei para comigo, apenas e só – estas coisas só acontecem nos países corruptos de África, ainda bem que estamos na Europa!
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