Estes escritos representam acima de tudo estados de espirito. Dia a dia de um português em Portugal
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Equinócio
21 de Setembro de 2009, 2ª Feira. O rei morreu. Viva o rei. O Verão acabou, viva o Outono. Isso por aí, que por aqui as estações são outras. Aqui estamos na “hivernage”, a estação das chuvas. Este ano os céus têm estado generosos por estas bandas. Aliás desde os anos noventa do século passado que tal se vem verificando. A quantidade média de chuva em Selibaby é a mais alta de toda a Mauritânia, e é de cerca de 480mm. Nos últimos anos tem-se situado nos 600mm. Pelas minhas contas este ano deverá ultrapassar os 800mm. Assim quando falarem de alterações climáticas, juntem-lhe este dado: As alterações climáticas não são OBRIGATORIAMENTE más. Dependentemente da zona do globo terrestre, podem ser inclusive positivas. Claro que o director da obra que nos mantém aqui, não tem forçosamente que ter a mesma opinião que eu… Ontem festejou-se aqui a festa d’elid elfitr, ou seja, o final do Ramadão, em português, quando o pessoal pode voltar a comer durante o dia. Eu, o Zé Manel e o Rafa fomos festejar. Passámos o dia com o Djaló. Visitámos algumas das suas tias, mai-las muitas primas, tias avós e restante família. Comemos que nem uns esfomeados. Bebemos chá que nem uns viciados. Sempre deu para um dia descontraído e diferente, leia-se, não pusemos os pés na nossa santa cantina, que de tão boa, podia só servir a administração, de certeza que por aqui ninguém contestaria. Hoje andámos na monda da nossa horta, que as ervas por aqui não descansam. Crescem tão rápido, que se por acaso alguém achar que está embriagado por ver ervas a crescer, lembre-se, aqui isso não é verdade. É possível ver ervas a crescer. Malvadas. Amanhã volta a ser dia de trabalho, significa isso que, quase de certeza esta folga da chuva termina hoje… Das coisas que lamento é não ser um estudioso de insectos. Caso fosse, tinha aqui bastante para estudar. Assim tal não se verifica. Também não vou arrancar cabelos por esse facto, principalmente porque os ditos fugiram em tempos idos.
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