quinta-feira, 28 de maio de 2015

Carta a um filho desaparecido


O meu coração foi arrancado do meu peito rasgado
Atirado, como simples pedaço de carne, no pó da estrada
A minha vida colorida e cheia de esperanças
Jogada, num baú esquecido no ático


De modo selvático
Qual saraiva de lanças
Sobre uma trupe desarmada
Da minha vida foste tirado


Trinta vezes a Terra o Sol cortejou
Desde o último beijo que na tua face depositei
Lágrimas, em rios delas me deitei
Num mundo de sombras estou


Nesta missiva desesperada
Vai o único anseio que sobrou
Desejo que gostes da estrada
Que o destino me tirou

Não mal julgues o teu pai querido
Pois nunca te abandonou
Nunca um dia foste esquecido
Mesmo se junto de ti não estou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tem os que passam

Tem os que passam, de Alice Ruiz "Tem os que passam e tudo se passa com passos já passados tem os que partem da pedra ao vidro deixam t...