Recebi hoje uma chamada de Bakel. Foi o Malik que se lembrou de mim. Já antes me chamaram, o Sow, o Mamouni, o Diarra, o Djaló, o Sy, o Heiba, o Cheikh…
Não creio que seja assim tão bom, para tantos de mim se lembrarem, também não serei tão mau, que ninguém se lembrasse…
Talvez tenha deixado uma parte do meu coração, naquela terra inóspita, torrada pelo sol, árida…
Talvez tenha acrescentado algo à vivência de gentes tão diferentes e no entanto tão iguais…
Se aprendi alguma coisa com a minha estadia por terras mauritanas, foi que independentemente do que nos divide, o que nos une é incomensuravelmente mais, as pessoas que por lá encontrei são na sua maioria crentes, querem o melhor para os seus filhos, aspiram a uma vida melhor…
Percebi também que muitos milhões de seres humanos não têm o dia de amanhã garantido. A vida é uma luta árdua e diária. Hoje como ontem…
Vi com os meus olhos a sorte que os meus filhos tiveram por ter nascido neste rectângulo…
Entendi que o tipo de desenvolvimento prosseguido pelo mundo ocidental não é passível de ser democratizado, ou seja nem todos os habitantes do planeta se poderão dar ao luxo de viver como nós. Consumimos demasiado. A nossa pegada ecológica é demasiado grande…
Se temos vivido como rapinas, teremos que reorientar a educação que damos aos nossos e explicar-lhes que as rapinas nunca poderão ser mais que uma pequena percentagem do total. A época do vale-tudo está a acabar…
Tanto se tem falado sobre qual o novo paradigma para Portugal. Pouco se tem parado para escutar. Todos falam, ninguém ouve. Ninguém quer perder nada. Todos perderão bastante…
Estes escritos representam acima de tudo estados de espirito. Dia a dia de um português em Portugal
domingo, 30 de maio de 2010
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