quinta-feira, 16 de julho de 2015

Ficou a vida por dizer

Ficou a vida por dizer
Quando pela primeira vez sinesteta te afirmaste
E me contaste das tuas visões coloridas, tive que saber
Quais os sentidos que misturaste

Todos com cores, assim me respondeste
Cada nota musical correspondia à sua cor
Cada rosto também, disseste
Tudo? Questionei, e a dor?

Desconfortável fiquei ao escutar:
Claro, papi. A dor também tem cor!
Tal não considerei imaginar
Como se isso afastasse o destino do amor

Hoje sei que não adianta procrastinar
Nem os problemas tentar esconder
Por mais que tente imaginar
Ficou a vida por dizer e tanto por fazer

sábado, 11 de julho de 2015

Um homem no chão

Sobem e descem, sem prestar atenção,
Novos e velhos, sem expressão,
Uns e outros, ninguém olha para o chão
Andam e correm, como um avião

Os carros desviam-se, no último momento
Pneus chiando, como um lamento
Corre, que corre em busca do sustento
Caras descoloridas, em tons de cinzento

Sobem e descem, sem prestar atenção
Olho mortiço, sem visão
E tu continuas, lá no chão
Que sociedade, que desilusão.

De palas nos olhos como um jumento
Vida assim é um tormento!
Os carros desviam-se, no último momento
E tu continuas, sem movimento.

Sociedade assim, quero não!
Homem caído, homem no chão
Sobem e descem, sem prestar atenção
Bastava um deles, deitar-te a mão.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

MÃE!!!



Não empurrem, não empurrem
Que se passa? Está apertado, muito apertado.
O que é isto? Está frio!
Quem é esse maluco com uma tesoura?
Não! Não é possível, cortou-me o cordão.
Estou a ficar turvo…
Aiiiii! Aiiiii!
MÃE!!!!!!
O que estão a fazer?
Eu sou pequenino, porquê tantos e tão grandes?
Porquê a agressão? Dói-me o rabinho.
Uaaa, Uaaa
MÃE!!!
Que roupa é esta? Pareço um boneco.
Colinho. Agarra-me mãe.
Tenho que respirar, tenho que chorar, tenho que te abraçar.
Tanto que aprender, tenho medo, tenho fome!
MÃE!
Hum, leitinho, está a melhorar, com tanta coisa nova às tantas ainda me vão dar uma cerveja.
Querem lá ver que ainda vou gostar disto…

💚💔

Carta aos mortos Amigos, nada mudou em essência. Os salários mal dão para os gastos, as guerras não terminaram e há vírus novos e terríveis,...