domingo, 9 de janeiro de 2011

Início ou Fim (?)

Ao som dos lendários Emerson, Lake & Palmer, acompanhados pelos muitos grasnidos dos bicos & penas que nos rodeiam. Num escritório ao ar livre, em meio a um jardim frondoso, a uma piscina convidativa, a um bar qual ilha no oceano. Observando patos-mudos comedores de rãs. Com lagartos corredores comedores de insectos, literalmente aos nossos pés. Numa manhã fresca. Impus-me um balanço. Destes (quase) 90 dias, em terras malianas.

Após visualizar todos os dias o imponente aparecimento do Sol, decidi hoje, domingo, registar em imagens a chegada da luz. Às 6h52m, iniciou imparável ascensão rumo ao zénite. Só que entre o Rei e a câmara estacionaram umas nuvens. Sessão semiperdida. Mesmo quando tudo está planeado, nem sempre o desenvolvimento é o desejado.

A claustrofobia começa a fazer-se sentir. Segurança “oblige”.

Hoje é dia de referendo no Sudão, maior país de áfrica. O sul vai votar a independência do norte. Pode estar a caminho a 54ª nação independente do continente. Em caso afirmativo mais fronteiras irão mudar. Todas as fronteiras são artificiais, mas algumas são mais artificiais que outras…

Aqui pude confirmar que o melhor de cada país é o seu povo. O pior infelizmente é quem o governa…

Os trabalhos na estrada começam a fazer-se notar, embora ainda longe do ritmo necessário.

Vi hoje a 200 metros da minha habitação um rasto de serpente com uma boa mão-travessa de largo, segundo o militar que me acompanhava, era ainda recente e duma variedade bastante perigosa…

Consigo identificar muitos dos que rodeiam pela etnia a que pertencem, não consigo falar as muitas (mais que na europa) línguas locais. Mas consigo dizer Maiden aos tuaregues, Am-sokhoma aos bambaras, Jamúaili aos pulares, Salam Alekum aos árabes, Ashtarevic aos hassanians, tantas outras há para aprender… Só não sei ainda se as irei aprender…

O Mali é habitado por um dos povos mais dóceis que alguma vez me foi dado a imaginar. A grande maioria é completamente submissa. Mas somos excelentemente recebidos. Há expressões faciais que não podem ser forjadas…

Assim em jeito de conclusão posso afirmar que a minha liberdade é-me cada vez mais querida. De movimentos, de pensamentos, de decisões.

Há momentos perdidos que nunca mais se recuperam, ontem foi o concerto de reis, do Phydellius, estive ausente fisicamente, estive presente em espírito. De certeza que foi uma grande noite. Há trilhos que só podem levar ao sucesso.

Um comentário:

  1. Hola Luis, feliz año!. Sigo tus peripecias, tus cambios de registro y no tengo muy claro porque has vuelto a Africa. No se si te ha atrapado, si son razones economicas o de libertad personal, tambien de escape, no lo se. De todas formas, que los dioses te sean propicios, en otro momento seguire escribiendo, pero cuidate en un momento social y economicamente dificil, procura no perder el norte y recordar siempre que los paises del "primer mundo" subsistimos gracias a la explotacion de los recursos del "tercer mundo".
    Cuidate mucho que los tiempos son dificiles, y a ratos, sigue buscando como hasta ahora un momento para comtemplar el cielo en los amaneceres de Africa.
    Cordialmente
    Concha

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Carta aos mortos Amigos, nada mudou em essência. Os salários mal dão para os gastos, as guerras não terminaram e há vírus novos e terríveis,...