Estes escritos representam acima de tudo estados de espirito. Dia a dia de um português em Portugal
sábado, 17 de maio de 2008
Semana estranha
Sábado, 17 de Maio. Estranha semana, esta. Estou na antecâmara de uma depressão. Ainda hoje atirei o telemóvel ao chão, partindo-o. Chatices por todo o lado, aqui na base. Não posso aturar mais o João. Quando bebe fica impossível. Na quinta chateei-me com o Mamouni, estes gajos da fiscalização, não existem, não tenho mais pachorra. Na sexta não fui a Bakel com o pessoal. Parti sozinho, à descoberta. Tinha visto no Google Earth um acidente geográfico, aqui no Guidimaka, o Massif de Mballou. Saí sem GPS e sem mapas, claro que não há estradas para lá chegar. Saí na direcção que me parecia a mais correcta, após alguns, poucos, quilómetros vi por cima das nuvens, como uma bruma, uma montanha, sobre as montanhas. Estava na direcção certa. Fiquei absorto com a beleza do local. Estou certo que as fotos não fazem justiça ao maciço. Comecei a subi-lo, após algum tempo, realizei que estava só, não tinha dito a ninguém onde ia, era a primeira vez que procurava tal local. Voltei a Selibaby, com a certeza que arranjo argumentos para explicar ao pessoal porque devemos subir o Massif. Não me enganei, fizemos um petisco em casa, e toda a gente ficou contagiada com a minha explicação, querem ver com os seus olhos, aquilo que conheceram pelas minhas palavras. Hoje acordei bem disposto, finalmente começou o betão. Quando ficou claro que ia mesmo começar, fiquei satisfeito, lembrei-me de El Houari, partiu à duas semanas não chegando a ver o fruto do seu trabalho. Quando sem explicação atirei o telemóvel ao chão, senti-me mal. Algo está mal dentro de mim. A ausência de casa e da família, por vezes, nota-se da pior maneira. Falta-nos o equilíbrio. Tenho que voltar ao estado tranquilo ocupado nos últimos tempos. Por vezes não me compreendo. É como um outro eu, que por vezes se revolta, como querendo destruir aquilo que tanto trabalho me deu a preparar. Estou com saudades de casa. Estou só. Mesmo quando como agora, tenho gente a rodear-me que me trata bem, com respeito, e com amizade. Melhores dias virão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
💚💔
Carta aos mortos Amigos, nada mudou em essência. Os salários mal dão para os gastos, as guerras não terminaram e há vírus novos e terríveis,...
-
R ajadas de vento inesperadas O ar sufocante a ameaçar trovoadas D ia de sol envergonhado nas estradas R ios alterosos de torrentes enlamea...
-
3 de Novembro de 2009, terça-feira. Dia triste por aqui hoje. Mais um dos nossos colaboradores passou para o outro lado. O Samba era um dos ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário